O VELÓRIO

Neste interregno onde o tempo não existe,

Entre viagens ida e vinda à Capela,

Talvez ainda queime a chama de uma vela

Tremulando sob um vento frio e triste.

Na sala, um cheiro de flores adormecidas.

Nas cadeiras só as pessoas mais chegadas,

Por uns e outros estão sendo conformadas.

Um branco lenço enxuga as lágrimas sentidas.

Os abraços, palavras de conformação,

Frases feitas ditas com e sem emoção,

Lamentando a perda do ente querido.

São inúteis as homenagens que se presta.

Ali, daquele por quem choram nada resta,

Que por tal venha a se sentir agradecido.

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Aos que nada sabem a respeito de Capela, recomendo a leitura de Narrações do Infinito, de Camille Flammarion.

Jota Garcia
Enviado por Jota Garcia em 05/03/2018
Reeditado em 08/09/2018
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