PRIVAÇÃO (soneto)

O silêncio tantos, aqui frente a frente,

uma privação... O contido medonho!

E, de peito arrebatado, vorazmente,

quedei a ideia, num olhar tristonho.

Saudade! ... Tão mais que de repente,

nas tuas lembranças as minhas ponho,

ressurge nostálgico sentimento ardente,

no cerrado, sob o entardecer sem sonho.

Amargo, na angústia, êxtase supremo;

solitariamente, a dor na emoção invade

nos redivivos sensos, assim blasfemo;

e torturantes, volvendo a infelicidade,

aureolado pelo agastamento postremo

do desagrado da insensível saudade.

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado

2018, agosto - Cerrado goiano

Luciano Spagnol poeta do cerrado
Enviado por Luciano Spagnol poeta do cerrado em 18/08/2018
Reeditado em 16/03/2020
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