Eu matuto, logo não existo.

Se me perguntas o que é delírio,

Responder-te-ia, co'a retumbante língua:

Sou eu; eu! Dor tísica que não míngua

Como a d'um arlequim que recrio.

Sem pudor, com alvor, livre de labor,

Eu canto o que as bocas calam,

Erínias beijem-me com furor:

este qu'em amor e dor marejam.

Poeta beberrão cozeu palavras,

com batatas e aipim, um cozido

De bombas, balas e poucas matracas.

Cousas que nos encrustam como cracas:

O corolário do flecheiro Heráclito -

Tudo deságua no rubro delírio.