O CORVO

Se nunca mais o corvo em tão sombria

Visão sobre a mansarda do assombro

Agourasse, o peso sobre o ombro

De quem é morador acabaria.

Mas na morada escura e vazia

Que de um lar nem resta o escombro

A ave não se furta do ensombro,

Grasnando a dor e a melancolia.

Se nunca mais, nunca mais houvesse

O corvo sobre a casa que fenece

Aos maus presságios da negra pandora,

O peso sobre o ombro que é o mundo

Se acabaria, mas ninguém, no fundo,

Quer espantar o corvo lá de fora.