Não cicatrizam - Soneto

Essas brechas não fecham. Não cicatrizam.

Ainda conheço a mortalha em geração

A submergir meus vastos pensamentos

Arrastando as dores das minhas saudades.

Ainda que assim viva refreada, e escondida.

Me faz lembrar e relembrar os ferimentos

Que agonizam, mas não se diluem no tempo

E nem se escondem nos destroços dos dias.

As malfadadas, aberturas continuam ainda.

Juntos aos brocardos, em sua peregrinação

Infestando e sangrando os novelos das eras.

Não se diluem no abandonado, destas horas.

Que morosas e sorrateiras sustentam sonhos

Abertos e ineficazes, com transtorno e solidão.