Sonetos à Dor
I
A Dor é filha da Vida e do Amor irmã
Ela existe, sim, e quer a todos subjugar
E deixar a Mente, que já não é tão sã
Em pedaços difíceis de depois juntar.
A Dor, em sua inexorável existência,
Não deve ser assim tão desprezada
Também ela faz parte da essência
Da Criação por Deus planejada.
Porém, à Dor não se deve sucumbir
Sem que haja o bom e justo combate
Que à vitória possa, com mérito, conduzir.
Se, por acaso, a derrota advir da luta
Que seja vista como aprendizado e resgate
E se proceda à correção para nova disputa.
Cícero – 17-02-2019
II
Os olhos da matéria não podem ver,
Mas há em cada foco de Dor sentida
Um fio que conduz à origem do sofrer
Cuja existência é difícil ser entendida.
Porém, do fogo, imagine-se a dor que sente
Quando pela água é de imediato apagado
Ou a da água quando pelo fogo fica quente
E sofre a mudança do seu original estado.
Não julguemos, portanto, a dor alheia
Como maior ou menor que a nossa
Cada um que cuide do seu castelo de areia;
E por mais desagradável que parecer possa
A Dor é algo tão extremamente individual
Que só quem a sente sabe o seu potencial.
Cícero – 17-02 e 03-03-2019