MEUS VÃOS
Sou a fruta caída que pariu semente,
pra que a terra lhe salve de não ter futuro,
descobri que meu corpo é coração e mente
que dispensam a farsa do porto seguro...
Recomponho as vontades; revivo com juros,
cada vez que remorro a broto logo à frente,
sei compor nova saga, me livrar dos muros
engasgados no esôfago do meu presente...
Vou de novo e repenso verdades passadas,
regurgito saudades e dispenso arcadas
ou ossadas de fatos que o tempo roeu...
Sempre volto pra mim; revoada sem trégua;
cada légua cumprida compõe outra légua
sob os pés que me caçam nos vãos do meu...