MEUS VÃOS

Sou a fruta caída que pariu semente,

pra que a terra lhe salve de não ter futuro,

descobri que meu corpo é coração e mente

que dispensam a farsa do porto seguro...

Recomponho as vontades; revivo com juros,

cada vez que remorro a broto logo à frente,

sei compor nova saga, me livrar dos muros

engasgados no esôfago do meu presente...

Vou de novo e repenso verdades passadas,

regurgito saudades e dispenso arcadas

ou ossadas de fatos que o tempo roeu...

Sempre volto pra mim; revoada sem trégua;

cada légua cumprida compõe outra légua

sob os pés que me caçam nos vãos do meu...

Demétrio Sena
Enviado por Demétrio Sena em 22/03/2019
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