Embora amar me fira, amar me cura;

Embora amar me fira, amar me cura;

embora grande a dor, a dor é boa;

embora a lancinar, não é à toa,

pois embora tão vã, também é pura.

Nada há de mais inútil que a loucura,

mas quando dela enxerga-se a coroa

cuja forma é dourada, de varoa,

do inútil nada tem a mesma altura.

Amar é ser inútil, docemente,

amar é ser um deus que sangra e chora,

amar é ser feliz, triste mormente.

Amar é quando um homem vê na aurora

a certeza senil mas que não mente

de que um monstro não fere e um deus não ora!

31/12/2018

2/1/2019

22/5/2019

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Edição de 27/12/2019: vírgula substituída por "e" no último verso.

Malveira Cruz
Enviado por Malveira Cruz em 25/05/2019
Reeditado em 27/12/2019
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