NOVO RETIRANTE

Caço no mato a ágil avoante,

Teiú, calango e a rara jacutinga.

São "de comer" eleitos quando vinga

O miserê na vida retirante.

Eu prezo o mato e a vida radiante

Que na caatinga surja ou na restinga,

Mas quando a fome é chuva que respinga

O bicho mata a fome delirante.

Já tive casa e um bom fogão a gás,

Carro e trabalho, mas fui incapaz

De separar o honesto do mofino.

Voltei à roça e se ao bornal não largo

O que bulir no chão olho amargo

A panela onde cozo o meu destino.