BOLO DE AMOR

Gosto de tudo o quanto seja farto,

Talvez por vir de terra sem fartura,

O bolo de amor, sem ter frescura,

Eu como inteiro, embora abeire o infarto.

Se for de amor de mais até reparto,

Mas só divido o creme de ternura

Com quem levou o bolo à quentura

Certa ao forno de lenha de um quarto.

À mesa farta não me faço tolo,

Lambo os dedos, como inteiro o bolo,

Sem me importar com peso ou silhueta.

Sim, com bolo de amor bem recheado

De gotas com o açúcar do pecado

Me empanturro, esquecido da dieta.