Os embrionários sonhos de adolescente, 
Que não nasceram quando tiveram vez,
Vivem hoje assombrando minha mente,
Tal fantasmas num velho castelo inglês.
 
São abortos dos filhos que eu não tive,
Porém, gerados por desejo viril e farto,
Sobrevivem como placentas que retive,
Para um dia, deles poder fazer o parto.
 
Mas como jamais lhes dei vida de fato,
Essas crias que eu deixei no abandono,
Fizeram do meu coração seu orfanato.
 
E para castigar-me desse meu pecado,
Vivem hoje atormentando o meu sono,
Como se eu mesmo os tivesse abortado.