Cantiga dolorida

Essa dor que me mói é antiga;

É filha de uma tristeza comprida

Que se arrasta e o peito castiga.

Acho que com ela já nasci parecida.

Deito horas nessa dor enrustida

Como se não mais quisesse a vida,

Mas é só por ela que sobrevivo sentida

Nas páginas que rabisco ferida.

Nas pontas dos dedos me faço homicida

Dessa dor corajosamente sofrida,

Que entra e sai e nunca mitiga.

Rima pobre tem essa dor remexida

Que em mim passeia atrevida

Assoviando a mesma antiga cantiga.

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 03/10/2007
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