A festa que se perde

A alma de quem morre está liberta

Do claustro cruel que a prendia,

O corpo que jaz e agora esfria

Tem destino oposto à alma aberta.

A exuberância da alma descoberta

Contrasta com a pobre anatomia,

Desfigurada pela tal necropsia,

Que Pitangui nenhum acerta.

Choramos pela carne que apodrece!

A alma, essência, a gente esquece,

Caindo em desespero sem motivo.

O homem se perde na contradição;

Tem medo da morte enquanto vivo,

E perde a festa da extrema-unção.

marcelo ferraz
Enviado por marcelo ferraz em 03/10/2007
Código do texto: T678738
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