Velho soneto meditabundo

Por vezes penso, deprimido

Que a minha instável existência

Seja menos que a mera purulência

De um organismo ressequido

Minha mãe, então uma adolescente

Repleta de dúvidas, dor, medo

e meu pai, que odiaria ser pai tão cedo

Tentaram me dar um fim indecente.

Sobrevivi, mas ainda hoje lamento

Ao universo, ao seu frio soturno

E perdido, exijo resposta a esse pesar

Uma resposta que finde esse tormento,

Mas só escuto, através do vento noturno:

“Não tens nem o sagrado direito de chorar”.

O Bêbado
Enviado por O Bêbado em 24/03/2020
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