O poeta

Bem como trabalha o bom oleiro,

Assim é do poeta seu labor.

Faz das palavras, qual o escultor,

Dos sentidos, qual o sagaz veleiro.

É dos tristes feliz alvissareiro,

Dos cativos, prezado redentor;

É de um mundo todo criador,

De outro, só benquisto lisonjeiro.

Conhece bem aquilo que se passa

Nos corações em pedaços partidos,

Na vida de sentido tão escassa,

Nas almas de rumo e tino perdidos;

Pois poeta é por essa graça:

Ter o bem e o mal por igual queridos

Rodrigues Aires
Enviado por Rodrigues Aires em 30/03/2020
Código do texto: T6901193
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