EM TEMPOS DE PANDEMIA

Nada mais pungente que a percepção cruel

De uma realidade que imita a ficção:
As cenas são dantescas, morte em profusão,
Governantes não se entendem – nova Babel.
 
Em rija quarentena observo da sacada
Não se vê vivalma, solene quietude
Só quebrada pela sabiá que amiúde
Canta longe da esvoaçante passarada.
 
Olho para baixo, renasce em mim o alento.
No jardim, a roseira amanheceu florida,
Róseos botões se abrindo sugerem o advento
 
De nova aliança em celebração da vida.
- Homens solidários repartindo o alimento,
Como legado da epidemia vencida.
 

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Publicado em Reflexos de Universos, n° 99 , abr-mai 2020