Desejo mortal

Por que, em vão, meu coração procura

Este desejo vil e prematuro ?

Porquê, em meu coração, não há ventura:

Não lampeja o Pantheon do futuro!

Deito-me, no féretro do monturo.

Embalsamado, a chama perdura,

É o calor passando no osso duro,

E os bichos roendo minha alvura.

Mesmo que, essa guerra, eu tente esquecer,

Há desejo pronto para crescer

Burlescamente, e cristalizado...

A cova, os sete palmos imundos,

As bactérias, o túmulo fundo:

Lugares q' o desejo é embalsamado!

Cardoso de Figueiredo
Enviado por Cardoso de Figueiredo em 24/05/2020
Reeditado em 25/05/2020
Código do texto: T6956872
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