Recordando na vida os sonhos pulcros
Recordando na vida os sonhos pulcros,
Na cadência triste dos meus pesares...
Frias vão as noutes como sepulcros,
Recordando na vida os meus sonhares.
Ai, neste jardim d'aves a cantarem,
Vendo o tempo passar na soledade...
Vi-lhes lentas na minh'alma a murcharem,
Redolentes flores da mocidade.
Embalando a saudade e a desventura,
Em meu ermo solitário, na quietude,
Lembras-me, ó vida, o olhar da sepultura.
Lembras-me, pálida luz, dores e ais,
Lembranças sentidas na solitude
Ao clarão das auroras sentimentais.