Deixai-me só, ó sombra d'amargura,

Deixai-me só, ó sombra d'amargura,

Tu que na estrada viste-me chorar;

Belas para o frio da sepultura,

Essas horas que amei quero levar.

Das madrugadas a lua, o palor,

Dos lírios e das rosas a fragrância...

Olores que trouxeram-me n'alvor,

Ternas as imagens de minha infância.

Desprendidas deste peito eis que vi,

Soltas p'lo meu caminho a vagarem,

Ó páginas que na vida escrevi.

De vós, eu me recordo alegremente,

Como a ária das aves pelos ares

Indo no ocaso dolorosamente.

ThiagoRodrigues
Enviado por ThiagoRodrigues em 25/08/2020
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