Perguntas a Mário Quintana
Se todos os poemas são de amor,
caro Quintana, faço o que do azar?
Decerto minha sina não é amar,
nem é amar o que me dá valor.
Sou simples, não sei o que fazer da dor.
Mário Miranda, podes me ajudar?
Essa melancolia, se gastar,
acabará também com seu credor.
Nada basta, e tudo se afasta
com cada pouco que buscamos ter.
Qual o futuro, ó Deus, de nossa casta?
Qual diferença ter ou não saber?
Qual consolo se a vida é tão nefasta?
Poeta, logro apenas entrever!