Um espasmo de utopia

Dentro do travesseiro, a poesia
cavou um túnel sob a escuridão,
e assim abriu caminho ao coração,
pra que eu pudesse ver o que não via.

Eu era um cego, em plena luz do dia,
a tatear por baixo do lençol,
qual uma nau, em busca do farol,
que já não vê, no céu, a estrela guia.

Por sobre o travesseiro, um sonho vão
fazia-me um sósia de Platão
em busca do amor que não existe.

Ao acordar sozinho, o travesseiro
não guardava de ti sequer o cheiro,
só uma dor cansada, muda e triste.
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 08/09/2021
Reeditado em 08/09/2021
Código do texto: T7337871
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