EU SOU /

EU SOU

(Carlos Celso Uchôa Cavalcante=21/jan./2022)

Eu sou a sombra que vaga no escuro,

que ninguém vê, mas que ali existe;

eu sou, na euforia, o rosto triste,

sou, no silêncio, o grito prematuro!

Eu sou a lágrima que não molha o rosto,

que é retida, que pede pra sair;

eu sou o brado que não se pode ouvir,

sou o fantasma chamado desgosto!

Eu sou o tudo do nada que existe,

invulnerável, eu sou um ser oculto,

sou a mentira da alegria triste!

Eu sou, enfim, o estado de torpor;

mas me apraz ainda ser um vulto

residual aonde existe amor.