Sacrifício
Ao toque leve do orvalho ao amanhecer,
A flor se abre em gesto de ternura,
Revela ao mundo a sua essência pura,
Num breve instante, pronta a florescer.
Mas eis que surge a mão da desventura,
De alguém que chora o peso do viver,
E vê na flor a cura ou o esquecer,
Num ato entre o desejo e a amargura.
A flor, que é vida, entrega-se ao destino,
Não há rancor em seu gesto divino,
Pois nasce para dar, e nunca cobrar.
Ainda que ceifada em tristeza e dor,
Ela perfuma o peito do sofredor,
E na tristeza, aprende a se doar.