RIO DA VIDA

Nem todo dia são os mesmos beijos,

Nem os abraços são aqueles dados,

Quando os dois eram jovens namorados

E os corpos transbordavam de desejos.

Nem todo dia sobram os gracejos,

Nem os assuntos são tão animados

Quanto a prosa em sussurros abafados

Dita entre os gemidos e os arquejos...

Os dias já não passam lentamente,

Como fossem regatos de cristal,

Escorrendo de abraço e beijo ardentes

Mas no leito maduro do casal,

Se são os dias rios sob enchentes,

O amor dos dois, ainda, corre igual.