Soneto monossilábico IV

É um pé de pau, é um pau em pé no chão,

é o sol que traz a luz, é um chão sem fim,

é o pó nos pés, é um ai que sai de mim

por ver o chão em pó, sem ter um grão...

E o grão não tem mais vez no chão em pó;

eu sou um ser sem fé, e nem a dor

de ver o chão em pó me traz mais cor

nas mãos, pois não há paz, pois eu sou só.

O pó que sai do chão só traz mais dor,

a luz que vem do sol traz mais e mais,

e a dor não tem mais fim. Já não tem vez

a paz que vem do céu ao sol se pôr.

A luz se faz um breu, e o breu me traz

mais dor, me põe ao chão... sem paz... sem vez...