FAÇA UM HAICAI
 
      A forma poética, de origem japonesa, foi codificada por Matsuô Bashô (1644-1694), que estabeleceu as regras do haikai tradicional; destacou-se como “haijin” (ou haicaísta) e dedicou-se a fazer do estilo uma prática espiritual.  O haikai tradicional deve conter sempre uma kigo, palavra ou frase utilizada na poesia japonesa, que têm associação com uma das estações do ano. Os poemas têm três linhas, contendo na primeira e na última cinco caracteres japoneses (totalizando sempre cinco sílabas), e sete caracteres na segunda linha (sete sílabas).
      Em português escreve-se Haicai no Brasil, Haiku em Portugal.
      Os que consideram a forma (teikei) mais importante do que a kigo não referem-se, obrigatoriamente, a estações do ano, porém seguem a regra das 17 sílabas poéticas (5-7-5).      
      Guilherme de Almeida não só aderiu a essa corrente como criou uma forma peculiar de compor os seus poemas, chamados de haikais “guilherminos”. Abaixo, a explicação da forma conforme o gráfico que o próprio Guilherme elaborou:


          _______________ A
          ___ B ______________ B
          _______________ A

      Além de rimar o primeiro verso com o terceiro e a segunda sílaba com a sétima do segundo verso, Guilherme dava título aos seus haikais. Exemplo:
          Histórias de Algumas Vidas
               Noite. Um silvo no ar,
               Ninguém na estação. E o trem
               passa sem parar.
    Poucos poetas dedicam-se aos "guilherminos", devido à rigidez da rima. Veja estes dois:


          Olha,
          Entre um pingo e outro
          A chuva não molha.
                              
Millôr Fernandes
 

          Brilho, estrela cai
          feito colírio no olhar
          - vira haikai
                              
Rogério Viana

Resumindo: Trata-se de um p
oema composto por três versos que seguem a regra das 17 sílabas poéticas (5-7-5).
                ____________  5 sílabas
                _______________  7 sílabas
                _____________  5 sílabas

Observação: Lembre-se de que as sílabas poéticas só são contadas até a última tônica. Exemplo:
          Na velha pedreira
          o vibrar de britadeiras –
          zunir de cigarras.
                        Teruko Oda


            
LuciaArmenioLeal
Enviado por LuciaArmenioLeal em 15/04/2014
Reeditado em 03/05/2014
Código do texto: T4770327
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