CUMULATRIX, por Pedro Cardoso

Cumulatrix

Sempre acreditei que o Poetrix carrega em suas poucas amarras, infinitas possibilidades de novos arranjos poéticos. Ele nos proporciona criar parcerias entre autores de diversas tendências e estilos, sem que os poemas percam suas individualidades originais.

Pensando na diversificação poética e na comunhão dos autores, proponho uma nova vertente para o Poetrix, o Cumulatrix. Mesmo sendo um poema limitado a três versos, algo muito pequeno, pode-se contar uma boa história e, em grupos, como as cirandas, o resultado pode ser ainda mais encantador.

O Cumulatrix pode se tornar uma opção para os que estão iniciando na arte do escrever Poetrix, graças a sua facilidade de construção e por ser um poema encadeado, como os contos cumulativos, que parecem ingênuos no formato e conteúdo.

Exemplos:

Cores

vi um pavão

pavão cheio de olhos

olhos de solidão

Mundo animal

o elefante cavou uma vala,

o maior mico do mundo,

imundo o tatu escondeu no buraco

Veja agora o exemplo de uma ciranda:

Bicho Preto

o urubu parecia uma galinha

galinha d'angola,

pescoço pelado igual ao do peru

Pimpão

o peru era o dono do terreiro

ciscava que nem uma galinha pintadinha

que tangia seus pintinhos amarelinhos

Cantando de galo

no terreiro do sítio

pintinhos danados

danados de se ver

Lá no sertão

galos cantadores,

galinhas poedeiras:

aves dos ovos de ouro

É importante observar que as cirandas podem ser compostas por vários autores em diferentes momentos e que, cada um pode apresentar quantos poemas desejar. São como as cantigas de roda. Estas composições são ideais para a inclusão das crianças no mundo da poesia, no mundo do Faz de Conta.

Devido a flexibilidade do Poetrix e a amplitude das cirandas, podemos criar histórias mais elaboradas, onde a última palavra do último verso seja a primeira do Poetrix seguinte.

Susto

o bicho era grande

grande como uma cobra

mais parecia um lagarto

Aparição

lagarto de fogo

boca grande

cuspindo marimbondo

Meia-noite

marimbondo

bichinho danado

de fazer medo em assombração

E viva a poesia!!!

Pedro Cardoso DF

Pedro Cardoso
Enviado por Poetrix em 14/06/2018
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