O Realismo em A Cartomante

Um breve histórico:

Em 1857, Gustave Flaubert publica Madame Bovary, considerado o primeiro romance realista da literatura universal. Em 1867, Émile Zola publica Thérèse Raquin, inaugurando o romace naturalista. Isso nos dá amostras de como a França influenciou diretamente o realismo brasileiro.

No Brasil, considera-se 1881 como ano inicial do realismo, mas antes disso, na década de 70, surge a chamada Escola do Recife, tendo como principal representante Tobias Barreto, no qual, aproximou as idéias européias ligadas ao positivismo e ao evolucionismo. De 1870 até 1890 serão esses os temas trazidos para o quadro nacional, cada vez mais fundido com o pensamento europeu.

A Cartomante

Este conto de Machado de Assis, maior nome do realismo brasileiro, mostra-nos características muitos diferentes do Romantismo: a começar pelo ambiente - totalmente urbano - a descrição é detalhada, não só na descrição do espaço físico, o detalhamento é uma característica do realismo, que volta o seu olhar para dentro, para a psique, para a razão. A linguagem desse conto é psicológica, cabe ao narrador nos mostrar a intenção de cada personagem, sendo ele, também, intruso.

Rita, a mulher, não é mais aquela idealizada de outrora, mas sim o pivô, o motivo, a serpente:

"Rita, como uma serpente, foi-se acercando dele, envolveu-o todo, fez-lhe estalar os ossos num espamo, e pingou-lhe o veneno na boca." (p.67)

Os valores da sociedade são questionados no realismo, em A Cartomante, valores como o casamento, a confiança, a amizade são postas em dúvidas, e não se sabe até onde chega o real. O final é trágico e mostra ao leitor que coisas irreais, como uma cartomante, não vencem a razão.

REFERÊNCIAS

ASSIS, Machado de. Onze contos de Machado de Asis: textos integrais. Oraganização e apresentação Célia A. N. Passoni. 3ª ed. São Paulo: Núcleo, 1994.

BOSI, Alfredo. História Concisa da Literatura Brasileira. 43ª ed. São Paulo: Cultrix, 2006.

NICOLA, José de. Literatura Brasileira das origens aos nossos dias. São Paulo: Scipione, 1989.