Folhetins

Os folhetins nasceram na França, em meados do século XIX. Eram publicados em capítulos, em jornais. Chegaram ao Brasil, traduzidos do francês. Muitas vezes, mal traduzidos, o que levou Joaquim Manuel de Macedo a escrever em folhetim seu romance A Moreninha, exemplo de folhetim mais popular do Brasil.

Aliás, muitos de nossos escritores começaram publicando suas obras em folhetins: Joaquim Manoel de Macedo, José de Alencar, Manuel Antônio de Almeida, Machado de Assis, só para citar alguns.

É preciso ressaltar que os jornais tinham interesse neste tipo de entretenimento, porque aumentava suas vendas.

Com o advento do rádio, os folhetins dos jornais desapareceram. Mas o rádio importou a ideia e criaram-se as radionovelas. Algumas eu acompanhei. Lembro-me nitidamente de uma O direito de nascer, um dramalhão cubano (Felix Caignet), levado ao ar no horário nobre do rádio, 20h, pela Rádio Nacional, que durou seguramente mais de dois anos, cujos personagens, Albertinho Limonta, Isabel Cristina e Mamãe Dolores levavam o público feminino (sim, porque “novela era coisa de mulher”) às lágrimas quase todas as noites. Ela foi adaptada para a televisão e teve o mesmo sucesso que no rádio. Nós, crianças, quando nos permitiam ouvi-la, não podíamos dar um pio, silêncio absoluto.

Lembro-me bem do rádio em lugar de honra na sala das casas. Ao redor dele, as mulheres bordando ou fazendo crochê ou tricô. O pior era quando estava no “bom da novela” e começavam os chiados, os ouvidos colavam-se ao rádio e eram comuns exclamações, como “logo agora!”, “assim não dá”, “vamos perder o melhor”.

Na década de 1950, recordo-me de uma revista chamada Grande Hotel, que publicava fotonovelas, mas que não teve a aceitação da radionovela. Nesta década também entrava nos lares do Brasil, tomando o lugar do rádio, a televisão, e com ela a telenovela, que desbancou a radionovela, tornando-se o tipo de entretenimento preferido dos brasileiros, a ponto de o Brasil (leia-se Globo) ser o melhor produtor de novelas para a televisão do mundo.

                       


Imagem: Googel

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