Pé-Quebrado
Quem será que já ouviu falar sobre este estilo literário? Bom, vou tentar explicar em poucas palavras o que sei sobre o assunto:
O pé-quebrado é uma quadra, quase sempre de sete sílabas, ou seja redondilha maior, rimando o 2º com o 3º verso e o 4º com o 1º verso da quadra imediata. A denominação é ibérica. Na Espanha chamam-no "pie quebrado" e "retorneás". Em Portugal o mesmo que no Brasil. O 4º verso tem um número inferior de sílabas métricas, daí dizer-se que tem o "pé-quebrado".
É o gênero satírico por excelência. No pé-quebrado estão os "testamentos de Judas", os "pelo-sinais", a versalhada política de outrora. Raramente empregavam o pé-quebrado com intuitos puramente líricos. O escritor Luís da Câmara Cascudo, autor de vários livros literários ligados a cultura popular brasileira diz conhecer, nessa acepção, um "ave-maria" de José Francisco de Lima, em 1919. A documentação velha é toda irônica e desabusada. O modelo clássico do pé-quebrado é o poemeto de Jose de Anchieta, "Ao Santíssimo Sacramento":
Oh que pão, oh que comida,
Oh que divino manjar,
Se nos dá no santo altar
Cada dia!
Filho da Virgem Maria
Que Deus Padre cá mandou,
E por nós na cruz passou
Crua morte...
E para que nos conforte
etc. etc.
Há mais informações sobre o estilo, mas eu acho que isto é suficiente para todo mundo que gosta de poesia entender.
Fonte: Vaqueiros e Cantadores, de Luís da Câmara Cascudo. Global Editora