A BALADA DO FALSO MESSIAS, conto de MOACYR SCLIAR

MINI BIOGRAFIA LITERÁRIA de MOACYR SCLIAR - Nascido em Porto Alegre, 1937, descendente de judeus russos, formado em medicina em 1962, estréia como escritor. --- Obra renegada de um mestre da narrativa, “Histórias de médico em formação” - Linha do realismo social. Primeiro livro em 1962, contos inspirados em suas experiências na faculdade de medicina, nunca mais relançado, raridade até mesmo em sebos; para o próprio autor, em releitura, ‘obra de principiante, com muitas falhas’. Em continuidade, linha do realismo mágico, o fantástico... Livro seguinte, “O carnaval dos animais”, 1968, boa recepção da crítica. Muitas obras! Muitas traduções! Muitos prêmios! Cadeira 31 da ABL...

Livro A BALADA DO FALSO MESSIAS - Coletânea de narrativas curtas, autônomas, cada um si, podendo a interpretação levar a comparações entre elas, descoberta de traços comuns, em especial a ironia. (Numa outra montagem, o mesmo título do livro, porém com outras estórias, três partes, anos 33 d. C., 1635 e 1997, não especificamente este conto.)

Conto A BALADA DO FALSO MESSIAS - Narrativa em 1976 de um fato de 70 anos passados, início de emigrações e instalação de colônias judaicas. - Linha do realismo mágico: implicações sociais + fábula fantástica.

BALADA - Composição poética que trata de feitos fantásticos e heróicos. Aqui, falso Messias (ou não?): contraste-oposição e ironia-ambiguidade.

TEMA (abstrato, não pessoal) - Judeus do mundo inteiro vindo para o Brasil, em especial para o Rio Grande do Sul - transplante da cultura judaica para solo brasílico, sob implicações e entrechoques.

ASSUNTO (concreto, pessoal) - Estória de um homem que......... Messias falso?

NARRATIVA - Judeus fugindo da Ásia Menor eram dois, de posses, ocupando o único camarote decente do navio, e da Rússia, nós ‘outros’: pogroms, isto é, ataque contra os judeus, desesperadora fuga em massa. Boatos de que um deles era o novo Messias. Como assim? Aspecto religioso, ares divinos seduzem créus e incréus; agnósticos também: “Ver para crer.” Quem vem de uma situação de perigo tem duas opções - manipular pessoas também fragilizadas (o esperto sempre vence...) e situações, isto é, aproveitar-se dos ditos ‘mais inferiores’... ou ser um eterno assustadiço, igualitário medrosão dentro do grupo?

RUPTURA TEMPORAL - 1--primeiro e último parágrafos, momento presente, o da narração - “Vai pôr vinho no copo, (...) e nunca chegarei a compreendê-lo.” / “Desde a morte de Sarita (...) tenho minhas dúvidas.” --- 2--do segundo ao penúltimo, episódio narrado em retrospectiva, flash-back - “Encontrei-o pela primeira vez (...) e nunca mais foi visto.”

NARRADOR - primeira pessoa verbal - personagem participa dos acontecimentos - relato termina em mistério e ambiguidade - “O vinho se transforma em água. /Messias às avessas: inverso do que o Evangelho fala do também judeu Jesus Cristo (perícope bíblica): “Bodas de Caná”, considerado o primeiro milagre cristão.../ O contraste, a oposição em tom irônico e ambíguo. Messianismo questionado: “O dono do bar acha que é apenas um truque. Suspense. Quanto a mim (o “eu”-dramático), tenho minhas dúvidas.”

F I M

Rubemar Alves
Enviado por Rubemar Alves em 29/07/2017
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