O PROCESSO ANALÍTICO-CRÍTICO

Sim, eu havia visto o lapso gráfico quanto à palavra "endosso", que aparecia grafado como “endoço”, comenta o analista. E completa: estes descuidos vocabulares são muito comuns quando a emoção governa impunemente o que se digita ou quando a irritação antitética ao que eventualmente se leu, produz a ação analítico-crítica sobre a temática abordada, com alguma prejudicial tensão à escrita correta do vocábulo, porque prepondera no cadinho de criação a cursiva criação em cima do emocional. Faltou, portanto, a tal de "transpiração", vale dizer, o processo revisional de que tanto falo e (sempre) convido à sua experimentação como elemento estético capaz de melhorar o poema. Também porque me parece importante este exercício sobre a matéria criacional em ebulição que o “poema inspirado” representa. O segundo momento do processo do criar não se aplica somente ao poema, mas, fundamentalmente, às espécies do gênero Prosa, por ser esta o fruto natural da intelecção, diferentemente do momento embrionário do poema, em que o vetor majoritário é a emoção, assentada na vertente espontânea da INTUIÇÃO. Correto? Este contexto final é só para funcionar como instigação, como viril provocação. Porque te soube, meu estimado poeta-autor, imensamente cético e crítico quanto a esta concepção do processo criativo, em Poética. Bem, só resta respeitar aquilo que cada um concebe como seu quanto ao processo individual de concepção. Enfim, de que forma cada um com o seu cada qual se apresenta capaz de cuidar de maneira diversa de seu rebanho de palavras dispostas no mundo. E delas fazer o Novo para abrandar as vicissitudes em seu território de amargores e/ou falsas guloseimas. Em Poética tudo é momentâneo para a reconstrução do humano ser...

– Do livro A VERTENTE INSENSATA, 2017.

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