Resenhar não é resumir

RESENHAR NÃO É RESUMIR

Miguel Carqueija

Já muitas vezes notei — inclusive aqui no Recanto das Letras — que algumas pessoas que resenham livros ou filmes, limitam-se a contar tudo tintim por tintim. E isso é a pior coisa que se pode fazer numa resenha, tirando fora xingar a família dos autores.

Digamos que se trate da resenha de um filme. Contar tudo que acontece ao longo da película além de ser cansativo e sem originalidade, tira a graça para quem ainda vai assistir. São as revelações de enredo, os chamados “spoilers”.

A resenha literária ou cinematográfica deve ser uma crítica. Você não precisa ter gostado de uma obra para resenhá-la. Assim, não é obrigatório elogiar. Deve, sim, pinçar os pontos principais, atentar para interpretações, detalhes de produção, fotografia, música etc. Verificar idiossincrasias e mensagens. Mas não fique contando tudo do princípio ao fim; não é essa a finalidade de uma resenha.

Também não caia no extremo oposto que eu já vi acontecer e é mais raro: resenhar uma obra divagando o tempo todo sobre outras coisas.

Talvez alguém objete que eu conto os “spoilers” nas minhas resenhas de seriados. Na verdade um guia de episódios nos obriga a descer mais aos detalhes, por causa da sequência, mesmo assim eu procuro não resumir simplesmente, mas apontar as qualidades básicas, a psicologia dos personagens, também uso escandir as cenas antológicas ou marcantes, para que a sua mensagem seja bem entendida.

Nos livros, quando se trata de romances (portanto histórias) também já vi esse cacoete de contar tudo. Não faça isso. Desenvolva a técnica da resenha com destaques sobre aquilo que mais lhe chamou a atenção. Se é para resumir o livro é melhor lê-lo que ler a resenha.

Rio de Janeiro, 29 de dezembro de 2017.