Análise Literária do livro "As aventuras de Huckleberry Finn" de Mark Twain parte I

Tema: supestições

Mark twain em "As aventuras de huckleberry Finn" demonstra que as crenças populares nos E.U.A como em todo mundo exercem forte influência sobre as pessoas, principalmente nas que moram em áreas rurais, onde a ciência não tem tanta penetração, pois esta sabedoria popular cai no esquecimento diante da tecnologia e da ciência, que busca comprovação científica para todos os tipos de fenômenos e como as crenças populares não têm embasamento científico, elas são porque são, a ciência às invalída. De acordo com o professor e pesquisador da universidade Mackenzie Vivaldo José Breternitz "Nessa linha, seria de se esperar que à medida que a ciência avançasse, a supestição iria se extinguindo. No entanto não é isso que vem ocorrendo em muitas regiões desenvolvidas: nos Estados Unidos muitos edifícios não têm o décimo terceiro andar, acredita-se que bater na madeira livra de malefícios( provavelmente porque parte dos índios americanos veneravam o carvalho, o qual teria suposto vínculo com os deuses); em alguns países da Europa, os gatos são cuidadosamente evitados( eram considerados na idade média uma reencarnação do diabo); o trevo de quatro folhas já era considerado como um amuleto pelos druídas das Ilhas Britânicas há mais de dois mil anos - acreditavam que com ele podiam ver demônios. Segundo a lenda, quando Eva foi expulsa do paraiso, levou um trevo de quatro folhas; por isso acredita-se desde então que essa planta traga sorte. De qualquer forma, essas antigas práticas sobrevivem a despeito do avanço tecnológico".

Essa sabedoria é passada de pai para filho e se alguém pergunta"quem prova isso?", a resposta é, não sei, mas é assim. Twain demonstra pela voz do escravo Jim que essas crendices são próprias das culturas mais "desinformadas" que procuram suas próprias explicações para entenderem o mundo em sua volta, como quando o escravo interpreta o sonho de forma detalhada partindo da premissa de que sonhos são sinais e que devemos estar atentos para percebê-los. Muitas crendices chegaram a América por intermédio dos escravos, o que reforça a opinião de que o "povo" pela observação de coincidências relaciona um fato com alguma situação. Se essa relação se repete cai no senso comum de que se você fizer isso vai acontecer aquilo, nasce a crença, que se propaga sem que tenhamos como comprovar sua veracidade, a crença popular a título de supestição pode até ser desprezada pela ciência mas as crenças baseadas nas observações dos fenômenos merecem um crédito científico, haja vista que o princípio comum adotado pela filosofia é a observação: o negro Jim anuncia a chuva quando percebe que os frangos começam a dar vôos curtos, como se fossem pulos. Seria uma coincidência os frangos agirem assim pouco antes de chuvas ou teriam uma forma de perceberem a chuva, e que essa mudança de clima é que afetaria os seus comportamentos. É notório que muitas crenças populares têm muita lógica, é talvez impossivel dizer como nasceram, porém devem ter nascidos a partir de observadores tenazes, o que lhes dá um número maior de acertos, criando assim uma credibilidade, o que a leva para o rol das "verdades absolutas" como disse o negro Jim: " em pele de cobra eu não encosto, traz má sorte". Nesse caso o descrédito na supestição foi quem à validou, pois Huck sabendo do temor do escravo matou uma cobra e enrolou-a no seu cobertor a título de pregar-lhe um susto e poderia ser só isso, não fosse a crença, essa jamais comprovada pelo comportamento das cobras, que mesmo mortas o companheiro a procura e se enrosca nela. Foi o que fez com que o escravo fosse picado e lhe desse a certeza de que realmente tocar em pele de cobra traz azar e a própria cobra serve como remédio, pois ele crê que amarrando o chocalho da cobra em volta da perna picada vai favorecer a cura. Essa atitude funciona como uma espécie de torniquete, que se baseia em não deixar o veneno circular pelo corpo. Então partido da crença, encontra a cura numa prática comum em situações de picada de cobra, mas sem esse entendimento o que o curou foi o chocalho, ou seja, a crença de que o chocalho bem amarrado em volta da perna picada iria curá-lo.

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