O que é Teoria Literária

O que é Teoria Literária?

Teoria Literária é uma teoria relativamente nova, a própria noção de Literatura é uma definição moderna, lembremos que na antiguidade ainda não se tinha a definição de objeto literário, ambas surgem com os Formalistas Russos com a datação de aproximadamente 1910.

A Teoria Literária surge para dizer que o que realmente importa na Literatura é o texto, não o que o autor quis dizer e sim o que o leitor entende. Ela propõe uma negociação de leitura por meio de ferramentas e artifícios para entender o texto, o objeto desta teoria é o texto literário. Compagnon chega a dizer que o objeto da teoria é mais a crítica e a historiografia literária, ou seja, os modos pelos quais se estudam a literatura, e não a literatura em si, mas é um preciosismo conceitual dele. Por ter se manifestado primeiramente com os formalistas, que se opunham às ideias místicas, subjetivas dos simbolistas (essas ideias influenciavam a literatura da época), a teoria vem quase como uma fórmula científica atentando para a realidade material do texto literário. A maneira de analisar o texto seria como se analisa uma máquina, um texto é feito de palavras e não de sentimentos, considerá-lo como o espelho do pensamento do autor seria, nesse caso, um erro. Eagleton (1985) diz que o formalismo foi de certo modo a aplicação da Linguística no estudo da Literatura. A linguística preocupava-se com os aspectos estruturais da linguagem, com a forma, e deixava de lado o que a linguagem poderia dizer, isso acontece também com os formalistas que estudam a forma literária e as questões que giram em torno disso, para eles a forma não é a expressão do conteúdo, mas o conteúdo é motivação para a forma. [Estudando sobre isso, me remeteu muito ao parnasianismo, surgido na França no século XIX, em contexto de pós revolução industrial no qual os pensamentos científicos estavam a todo vapor (literalmente rs), e o que importava na escrita era a beleza e o rigor formal, valorização da razão e, no Brasil, opunha-se aos românticos.]

De acordo com Antoine Compagnon, a Teoria Literária institucionalizou-se, transformou-se em método e tornou-se uma pequena técnica pedagógica (2001, p 13), que buscou analisar procedimentos linguísticos. Entretanto, para Compagnon, a Teoria não pode ser reduzida a uma técnica ou a uma pedagogia, o mesmo autor sugere que ela é talvez essencialmente crítica, opositiva ou polêmica. A teoria é descritiva, não é especulativa nem abstrata, mas analítica, sistemática. Os seus objetos são os discursos sobre a literatura e a crítica. A Teoria Literária ocupa-se, de certa forma, do conhecimento das letras literárias. Se opõe ao senso comum, embora não tenha conseguido se desenlear da linguagem corrente e dos amadores. A Teoria Literária critica a ideologia em análises linguísticas, pois essa fortalece a ideia de que a literatura é evidente em si mesma, a ilusão linguística. É a crítica ao bom senso literário, com modalidades de produção de sentido ou de valor e com referências ao formalismo.

As principais escolas e suas concepções literárias são:

1- Formalismo Russo: (Rússia, anos 1910) primeiros teóricos da literatura, diziam que quanto mais distante do uso da língua corrente, mais valor tem o texto. Ênfase no texto;

2- New Cristcism (nova crítica): (Estados Unidos, anos 1930) inventam o “close reading”, leitura fechada, procedimento pelo qual o leitor não leva em conta nada além do texto, esquece fatores historiográficos, por exemplo. Pode acontecer em todo e qualquer texto;

A diferença entre essas duas escolas (Formalismo Russo e New Cristicism) é muito sútil. E as semelhanças são: criação de estratégias de leitura que desconsideram a intenção do autor.

3- Estruturalismo: (França, anos 1960/70) analisam por meio de observações do que se repete nos textos, há estruturas metódicas. Uma obra deste período é o livro “Morfologia dos Contos de Fadas” do teórico russo Vladimir Propp, a obra estabelece elementos narrativos comuns nos contos de fadas, como padrões que se repetiam;

4- Pós- Estruturalismo: (Europa, séc. XX) critica aos estruturalistas, diz que não é preciso padrões para a interpretação. Respeita uma pluralidade de sentidos nos textos, é de fato a desconstrução da análise literária estabelecida até então;

5- Teorias da Recepção: (Alemanha, anos 1960): enfoque no receptor do texto. Se importa com o autor e com o contexto, leva em consideração as subjetividades do pensamento do leitor, nesta teoria o leitor é tão importante quanto o autor.

Vitória Velasco
Enviado por Vitória Velasco em 01/06/2021
Código do texto: T7269213
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