Catulo - Poema 5

No poema "Poema 5", de autoria de Catulo, o tema da efemeridade parece estar representado no seguinte trecho: "Vamos viver, minha Lésbia, e amar, e aos rumores dos velhos mais severos, a todos, voz nem vez vamos dar.". Tem-se a sensação de que o poeta clama à sua amada que faça uso do tempo que possui para dedicá-lo ao amor, sem dar atenção aos rumores de pessoas que têm opiniões não tão positivas em relação à vida e ao amor; devem ambos aproveitar os momentos felizes amorosos, instantes esses que são fugazes, passageiros.

Interessante o poeta sugerir à amada que se amem, pois em Roma o amor era considerado um delírio passageiro; mas, independentemente disso, ele quer que aproveitem os tempos bons vividos juntos, ciente, talvez, de que esse tempo tem um ‘tempo’...de que, como tudo passa, tudo tem seus dias computados, esse amor também será transitório. O tempo do amor de ambos pode ser fugaz, porque na próxima esquina os corações podem deixar de se completar um ao outro, mas, também, porque o fim de tudo é inevitável mesmo: “quando breve morrer a nossa luz, perpétua noite dormiremos, [...]”.

Catulo reconhece que vivemos em um mundo instável, cujas mudanças podem ocorrer rápida e vertiginosamente. Nada nos é possível prever ou controlar.... não temos esse poder. A nós, mortais, somente nos resta viver um dia de cada vez... aproveitar os sóis que nascem e morrem diariamente.

Além disso, o poema sugere aos amantes que se amalguem, possivelmente desnudos, e, desse modo, possam “confundir, p’ra que infeliz nenhum possa invejar” a felicidade causada pelos seus milhares de beijos. Aqui o poeta faz uso da figura de linguagem conhecida como Pleonasmo... “Dá mil beijos, depois outros cem, dá muitos mil ainda e enfim mais cem – então quando beijos beijarmos (aos milhares!)”... não teria ele utilizado de maneira intencional como recurso estilístico e semântico para reforçar o discurso de seu enunciado?

Há a fugacidade desse amor, dado que acontece no tempo que passa e não volta... é efêmero, vivido pelos dois amantes, mas que seja pleno, intenso e infinito. No decorrer do poema, o poeta parece que tenta reter nas mãos, no presente, o melhor presente que a vida lhe deu: o prazer do amor de sua amada.