16.3 - A construção da Frase

I - Uma advertência prévia:

Todos nós sabemos que existem diversas variantes do Português.

Todas elas têm razões históricas para existirem, e todas elas são legítimas.

Com a apresentação da Gramática que aqui vou fazendo, eu baseio-me no Português Europeu, a única forma que conheço e pratico.

Os Leitores que lerem estes artigos noutras paragens onde se fala a Língua Portuguesa adoptarão para si próprios os detalhes que lhes forem úteis!

Mas uma preocupação principal tenho em mente:

= Contribuir para que os nossos Estudantes melhorem a consciência que têm da sua Língua Materna,

= para que possam evoluir nas suas Aprendizagens seja em que matérias for,

= e assim possam melhorar o seu aproveitamento escolar.

Pois o conhecimento e bom domínio da Língua Materna é fundamental para qualquer aprendizagem, seja em Matemática, seja em História, seja em Ciências, ou seja em Línguas Estrangeiras! Sem um bom domínio da Língua Materna, as outras aprendizagens tornam-se difíceis.

Pois, de facto, ESTUDAR é ANALISAR:

Criando prática de analisar o uso da Língua, quer ao LER quer ao ESCREVER, cria-se prática de analisar as outras matérias.

Se por um lado, se costuma dizer que -

“Os Professores ‘não ensinam’ nada... Cada Aluno é que ‘aprende’ o que lhe interessa aprender!”

Por outro lado, é um facto inegável que:

“Os Professores é que contribuem para a boa aprendizagem dos Alunos”. Porquê?

Porque os Professores dão atenção ao MÉTODO, aos modos com que cada Aluno estrutura a sua Aprendizagem.

No capítulo anterior começámos a falar da Frase.

Falando da Frase, falámos da necessidade da Pontuação.

MAS a par da formulação da Frase, e para além da Pontuação, há um detalhe importantíssimo, importante para todos os utentes de todas as Línguas faladas no Mundo:

- A construção do Raciocínio -

Espero com esta minha iniciativa, ser útil a todos os meus Leitores-Estudantes, sejam quais forem as suas idades e níveis de escolaridade.

II-

Vejamos então o capítulo de hoje:

A construção da Frase:

No capítulo anterior, definimos o conceito de Frase.

Vimos, em resumo, que:

Uma Frase é um enunciado coerente, é uma informação.

Hoje vamos analisar a construção de uma frase:

3-

3.1- O Gabriel diz:

– Estudei

Só assim: “Estudei”

Muito bem! Ficamos a saber que ele “estudou”...

Mas não saberemos:

O QUÊ? o que foi que estudou

QUANDO estudou

Se estudou tudo ou só uma parte...

COMO estudou...

QUAIS as dificuldades que teve...

Com estas nossas “dúvidas”, voltamos mais uma vez às questões de QUINTILIANO, de que falámos no Capítulo 1:

Para avaliarmos se um TEXTO está completo, claro, e objectivo, ele deverá corresponder às seguintes questões:

= QUEM? = quem fez, quem praticou um dado acto, um dado facto?

= O QUE é que ACONTECEU?

= O QUÊ? O que é que foi feito?

= QUANDO? = em que momento é que o facto relatado aconteceu?

= ONDE? = Em que local foi que o facto teve lugar?

= COMO? = Como foi que aconteceram os factos?

= PORQUÊ? = O Emissor deverá fornecer as razões pelas quais os acontecimentos relatados tiveram lugar.

Ora bem:

Estas questões são tão fundamentais na análise de um TEXTO, como na análise de uma FRASE:

Sem temer exagerar, até poderei dizer que:

Uma FRASE é um TEXTO em miniatura.

3.2- Vamos agora aplicar as QUESTÕES de Quintiliano ao exemplo acima:

= QUEM? = quem fez, quem praticou o acto relatado?

Eu

= O QUE ACONTECEU? = o que é que aconteceu?

estudei

= O QUÊ?

a Independência do Brasil

= QUANDO? = em que momento é que o facto relatado aconteceu?

ontem à noite

= ONDE? = Em que local é que o facto teve lugar?

no meu quarto

= COMO? = Como foi que aconteceram os factos?

com calma e atenção

= PORQUÊ?

porque gosto muito desta matéria

Então, agora, podemos organizar toda esta INFORMAÇÃO:

Estudei a independência do Brasil ontem à noite no meu quarto

com calma e atenção porque gosto muito desta matéria.

3.2-

Agora, surge uma dúvida:

Esta frase está bastante mal ajeitada... Nós não falamos assim...

INTUITIVAMENTE, a nossa mente produz as frases de forma muito natural, correntemente! Nem precisamos de pensar, as frases saem naturalmente.

Esta frase poderia ser assim:

– Ontem à noite, no meu quarto, estudei a independência do Brasil

com calma e atenção, porque gosto muito desta matéria!

Conforme estamos a ver, nem precisamos da palavra “Eu”!

Por outro lado, acrescentámos as VÍRGULAS, conforme a nossa voz vai fazendo a ENTOAÇÃO apropriada à explicação.

3.3- Vamos agora tomar consciência de quais são os ELEMENTOS que CONSTITUEM a FRASE:

– Ontem à noite, no meu quarto = Estas duas expressões dão-nos as

CIRCUNSTÂNCIAS em que o EMISSOR estudou: são as

CIRCUNSTÂNCIAS de TEMPO (ontem à noite) e de LUGAR (no meu

quarto)

Então, dizemos que:

ontem à noite = é o Complemento CIRCUNSTANCIAL de TEMPO:

no meu quarto = é o Complemento CIRCUNSTANCIAL de LUGAR:

Estudei

O que foi que ACONTECEU? = o que foi que ele fez? Esta palavra

“estudei” exprime a ACÇÃO:

A ACÇÃO exprime-se através do VERBO:

E dizemos que o VERBO é o PREDICADO: O Predicado (ou Acção) é o

elemento FUNDAMENTAL da frase!

O PREDICADO é: estudei

As diferentes FORMAS do VERBO informam-nos sobre a ‘pessoa gramatical’ que praticou a Acção:

A PESSOA GRAMATICAL desta frase é: Eu

EU: não está lá escrito, porque não é preciso! Nós entendemos muito

bem o Emissor sem precisar que ele pronuncie a palavra EU.

Então, dizemos que QUEM praticou a ACÇÃO, é o SUJEITO da Acção.

No nosso exemplo: eu

=Temos a ACÇÃO... mas ela não ficou completamente expressa...

Precisamos de perguntar assim:

QUEM ESTUDOU... estudou ALGUMA COISA... Estudou: O QUÊ?

a independência do Brasil

Então, “a independência do Brasil” - é o COMPLEMENTO DIRECTO

E surge uma EXPLICAÇÂO:

COMO foi que ele estudou?

com calma e atenção, = é o COMPLEMENTO CINCUNSTANCIAL de MODO

E a EXPLICAÇÃO é COMPLEMENTADA com mais um pormenor:

Porque gosto muito desta matéria! = é o Complemento

CIRCUNSTANCIAL de CAUSA

4: CONCLUSÃO

Por hoje, podemos concluir assim:

O que foi que aprendemos?

Aprendemos que uma FRASE completa tem os seguintes elementos:

1º: Os elementos fundamentais:

SUJEITO e PREDICADO

2º: As CIRCUNSTÂNCIAS em que a ACÇÃO é praticada:

Complemento Circunstancial de TEMPO

Complemento Circunstancial de LUGAR

e

Complemento Circunstancial de MODO

Complemento Circunstancial de CAUSA

Myriam

Agosto 2021

Myriam Jubilot de Carvalho
Enviado por Myriam Jubilot de Carvalho em 08/08/2021
Reeditado em 22/05/2022
Código do texto: T7316610
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