Há um lado sombrio nos contos de fadas. Vale a pena observar, como por exemplo, João e Maria que escaparam de ser comidos por uma bruxa canibal, porém, muitas crianças não tiveram a mesma sorte. Aliás, o canibalismo[1] integra várias passagens da história e, assolou a Europa particularmente nos períodos de grandes fomes e crises.
 
Em verdade, os livros infantis estão repletos de violência, crimes, crueldade e, principalmente, pobreza. A história de João e Maria[2] se dá no seio de família paupérrima[3], que de tanta miséria resolve abandonar seus filhos nas flores, pois os pais não conseguem mais alimentá-los.
 
As pobres crianças vagaram por dias pela floresta escura e fria até finalmente encontraram a casa de uma bruxa antropófaga. Logo em seu prefácio, os autores, os Irmãos Grimm[4] apontam que não se tratava de ficção e, sim, uma história baseada em fatos reais e que eram corriqueiros que eram o abandono de crianças[5] em florestas e lugares inóspitos em pleno século XIX.
 
Aliás, a fome sempre esteve presente por muito tempo na história, e alguns momentos era tão extrema que não eram raros os registros de canibalismo para sobreviver. Tal fato é comprovado por antropólogos que encontraram vestígios de sangue humano em panelas pré-históricas e nas fezes fossilizadas de ancestrais.
 
Aliás, há uma história famosa, do rei inglês Ricardo Coração de Leão[6], líder da Terceira Cruzada, que ficou doente ao chegar à Terra Sagrada, e ficou implorando por carne de porco. Na falta de suínos, seus empregados acabaram assando um infiel – que o monarca achou uma delícia.  “O quê? Carne de sarraceno é boa assim?”, disse. A história humana é mais indigesta do que parece.
 
Já em Cinderela[7] observamos a mortalidade materna na hora do parto era recorde nos séculos passados. E, assim, existiam milhões de órfãos que eram criados por mulheres que não eram suas mães biológicas. Eram as madrastas que entraram no contexto para se tornarem as vilãs mais comezinhas.
 
As madrastas se notabilizaram por serem vilãs favoritas dos contos infantis. Atribui-se a culpa à nossa biologia anatômica. Pois, o ser humano é animal particularmente dotado de cabeça. E, os cérebros são responsáveis por 2,5% do nosso peso total, correspondendo a uma proporção muito maior do que as demais espécies tais como os cães, gatos ou mesmo elefantes.
 
E, como animal, o ser humano é cabeçudo e bípede. O equilíbrio ereto de nosso corpo foi adquirido ao longo da evolução, pois foi a modificação do quadril que se tornara mais estreito do que dos quadrúpedes. E, isso fez de nós, cabeçudos dotados de quadris estreitos, sendo especialmente apreciado nas mulheres por razões estéticas e para prover gestações futuras.
 
Aliás, na hora do parto verifica-se a dificuldade em espremer uma cabeça tão grade por um quadril pequeno, o que torna os nascimentos humanos muito perigosos do que do restante do reino animal.
 
Antes da cesárea[8] e dos procedimentos cirúrgicos facilitadores do parto, as taxas de mortalidade das mães eram expressivas. No século XVII, a cada mil partos, vinte e três por cento das mães morriam na hora do parto. O ato de parir era especialmente perigoso tanto que a expectativa de vida feminina em França do século XIX era de apenas vinte e cinco anos. E, no Reino Unido, nos séculos anteriores (séculos XVI e XVII) a taxa de mortalidade das esposas no primeiro quinquênio de casamento eram setenta por cento maior do que a dos maridos.
 
Devido a mortalidade materna ser muito alta, justifica-se a existência das madrastas[9] más nos contos de fadas. Quando a mulher morria durante o parto, era comum que deixasse para atrás filhos mais velhos que o viúvo teria que cuidar. Em França[10] do século XVII, quase oitenta por cento dos homens casavam pela segunda vez, o que favoreciam a existência de enteados a serem cuidados pelas segundas esposas.
 
A história de Branca de Neve demonstra que as feiticeiras estavam por toda parte e, na vida real poderiam ser senhoras, idosas, sozinhas e muitas vezes eram queimadas vivas pelos crimes que poderiam cometer. Havia um reino distante, existiu um rei que estava prometido para a princesa de um reinado vizinho. Estavam prometidos e se casariam em breve, mas a princesa viria de barco para encontrá-lo.
 
Porém, coincidentemente todas as vezes, que tentava embarcar ocorria uma enorme tempestade que se formava no mar, e impedia de se juntar com o príncipe prometido. Então, o rei começou a suspeitar de bruxaria. Havia magia negra para impedir o dito casório. E, então descobrira um grupo grande bruxas que se reuniam toda a noite para invocar as forças maléficas e destruir o matrimônio real. Ficou tão furioso que determinou matar setenta feiticeiras de uma só vez, e finalmente, conseguiu concretizar o casamento.
 
Tal fato é verídico e ocorreu exatamente em 1591 quando o rei Jaime VI[11], da Escócia e, sua amada Princesa Ana da Dinamarca[12]. O casal, finalmente, se casara somente em 1589 na Noruega, após o monarca ter assassinado dezenas de bruxas que supostamente tramavam para impedir o casamento.
 
As bruxas, de fato, existiram[13]. Eram pessoas dotadas de nome, família e endereço, e eram bizarramente acusadas através de processos jurídicos reais de voar sobre vassouras e de se encontrar com o diabo e, outros feitos mirabolantes.
 
Durante a Idade Média registrou-se que mais de quarenta e cinco mil pessoas foram torturadas[14] e mortas num período denominado de caça às bruxas, na Europa, particularmente entre os séculos XV a XVII.
 
Nos contos de fadas, as bruxas são mulheres superpoderosas que conseguiam enfeitiçar e perseguir os mocinhos.  Basta recordar que como a madrasta de Branca de Neve se transformou em uma idosa inofensiva para ofertar-lhe uma maçã envenenada à princesa.
 
Porém, na vida real, somente as pessoas mais frágeis e esquecidas pela sociedade humana eram condenadas por bruxaria[15] e, setenta e cinco por cento dessas eram mandadas para fogueiras[16], e a maior parte destas, tinha mais de cinquenta anos (que era uma idade considerada muito avançada naquela época.
 
Registra-se que no Reino Unido, quarenta por cento das bruxas eram viúvas. E, costumavam ser acusadas por feitiçaria, através de boatos geralmente começados por vizinhos e desafetos. Qualquer coincidência infeliz era suficiente para condenar alguém por magia negra.
 
E, se duas vizinhas discutissem durante a feira, por exemplo e, o filho de uma destas amanhecesse doente no dia seguinte, era o suficiente para a outra pessoa ser acusada de bruxaria[17]. E, o contexto procedimental era bárbaro pois as acusadas eram torturadas até confessassem seus crimes. E, tinham dedos esmagados, membros estraçalhados, olhos furados, orelhas arrancadas e, eram impedidas de dormir, e, ainda, jogavam ácidos sobre as ditas bruxas.
 
Por vezes, eram afogadas ou dependuradas pelos braços amarrados atrás das costas. Evidentemente, para fazer cessar a dor, as mulheres confessavam coisas inacreditáveis, tais como teria feito sexo com o diabo, que voavam em vassoura e que lançaram feitiço em alguém. Uma mulher que tivesse algum filho com alguma deficiência, particularmente, deficiência mental, também eram comumente acusadas de terem dormido com o diabo e serem bruxas.
 
A história de Rapunzel[18] em sua versão original, igualmente escrita pelos Irmãos Grimm, no século XIX, foi presa ainda infanta no alto de uma torre por uma bruxa terrível. Quando então se tornara adolescente, começou a receber visitas de um príncipe vizinho. E, foram tantas as visitas do príncipe, que misteriosamente as roupas de Rapunzel começaram a ficar apertada. A mocinha engravidara do príncipe encantado e veio a dar à luz de gêmeos pouco tempo mais tarde.
 
Já o caso de Branca de Neve[19] reporta a uma cena onde ela estava dormindo e um estranho começava a beijar-lhe a boca. E, depois fora obrigada a casar com beijador. O beijo não consensual que paradoxalmente selou um destino que ironicamente seria feliz. E, tal fato tanto aconteceu com Branca de Neve como a Bela Adormecida[20].  Atualmente, de acordo com o direito penal brasileiro tal beijo tipificaria crime de violência sexual[21].
 
O lado sombrio dos contos de fadas é que muitas vezes representavam histórias verdadeiras e, que não tinham sido escritos para as crianças, e evidenciavam violência, crueldade, pedofilia, incesto, mutilação e até canibalismo.
 
O surgimento e propagação dos contos de fadas se deu em pequenos vilarejos medievais situados principalmente na Alemanha, França, Polônia, Reino Unido, e tempos depois, foram adaptados pelos Irmãos Grimm e, depois pelo mundo mágico de Walt Disney[22].
 
A história de Chapeuzinho Vermelho que a priori nos apresenta como a doce e inocente menina que recebera tal nome por sempre se trajar com um capaz vermelho que fora feito por sua avó. Ao pegar a estrada, certo dia, até a casa de sua avó, para lhe levar deliciosa cesta de doces e pães.
 
Quando Chapeuzinho se depara com o Lobo Mau[23] que chegou primeiro na casa de sua avó e a devorá-la, e, planejou enganá-la e também devorá-la, mas ao final do conto ambas são salvas por um bondoso caçador.
 
Em sua versão original[24], o lobo não somente devorava a velha avó, mas guardara seu sangue em garrafas para poder saborear enquanto comia a carne... e aguardava a menina chegar. O lobo se vestiu com os trajes da avó e oferecera carne e vinha à menina que aceitou sem de nada desconfiar[25].
Chapeuzinho Vermelho tem sido visto como uma parábola da maturidade sexual. Nesta interpretação, o manto vermelho simboliza o sangue do ciclo menstrual, enfrentando a "floresta escura" da feminilidade, ou mesmo representando a puberdade (com a avó ao fim do caminho simbolizando a idade avançada da mulher).
 
Ou a capa poderia simbolizar o hímen (versões anteriores do conto geralmente não afirmam que o manto é vermelho). Neste caso, o lobo ameaça a virgindade da menina (já que em algumas versões ele pede que ela tire a capa para sentar-se consigo na cama).
 
O lobo antropomórfico simboliza um homem, que poderia ser um amante sedutor, ou predador sexual (o que fica evidente na moral escrita por Perrault). Isso difere da explicação ritual em que a entrada na idade adulta é biológica, não socialmente determinada. Esta conotação sexual é muito forte, porém é velada nos antigos contos medievais.
 
A lenda é uma narrativa transmitida oralmente pelas pessoas e visava explicar acontecimentos misteriosos ou sobrenaturais, misturando fatos reais com imaginários ou fantasioso e que vão se modificando através do imaginário popular.
 
Eis aí, a gênese dos contos de fadas, lenda vem do latim medieval que significa aquilo que deve ser lido. Inicialmente narravam as histórias de santos, mas estes conceitos, foram se transformando em histórias que compõem a cultura de um povo e suas tradições.
 
Em boa parte das vezes, as lendas procuraram fornecer as explicações para todos os acontecimentos e situações inclusive para as coisas que não apresentam explicação científica comprovada, como por exemplo, os supostos fenômenos sobrenaturais.
 
O Leviatã, por exemplo, aparece no folclore judaico como um monstro que engolira o profeta Jonas. E, no Livro de Jó é descrito como um enorme dragão que simbolizava o mal. Sua origem está na divindade cananeia Yam, deus do caos e do mar indomado. E, seu inimigo era Baal, o rei do céu. Hoje a palavra tem um sentido mundano em hebraico significando apenas baleia.
 
As principais características dos contos de fadas[26], são, saber:
*Transmitem uma lição de moral;
*Muitos iniciam por “era uma vez...” ou “há muito tempo...”;
*Tem figuras alegóricas: bruxos, magos, monstros, animais falantes, etc.;
*Possuem elementos de magia e encantos;
*Os personagens principais geralmente são membros da nobreza: príncipes, princesas, etc.;
*Presença de castelos, aldeias, florestas, isto é, o espaço geográfico de um feudo;
*São definidos por uma luta entre o bem e o mal[27];
*Geralmente terminam com um final feliz.
 
Há pelo menos seis lições de moral advindas dos contos de fadas que precisam ser redimensionadas. O ideal de amor somente para os casais perfeitos. Muitas vezes, tal entendimento só reforça estereótipos que somente os casais bonitos e bem construídos são fortes e prosperam. E, a lição do viveram felizes para sempre. O que reforça a noção de felicidade eterna[28].
 
E, atualmente conforme já pontificou Bauman, a sociedade humana tramita em plena liquidez[29], e os relacionamentos e casamentos cada vez estão durando menos, são praticamente descartáveis.
 
A ideia de fadas madrinhas que mudam vida, desprezando a necessidade de empreender esforços tanto físicos como intelectuais para alcançar a meta de sucesso e prosperidade. E, a vontade de esperar o príncipe encantado, colocando a própria felicidade nas outras pessoas, e não em nossas próprias mãos.
 
Outra noção equivocada é a de que se deve mudar seu jeito para conquistar o que tanto procura. A identificação do ideal de beleza como o bom e, o feio como o mal e diabólico.
 
Referências:
BETTELHEIM, Bruno; CAETANO, Arlene. A psicanálise dos contos de fadas. Rio de Janeiro: Paz & Terra, 2009.
CORSO, Diana Lichtenstein; CORSO, Mário. Fadas no Divã. São Paulo: Artmed, 2005.
COVA, Anne. História da Maternidade: em que ponto estamos? Disponível em:3336-Texto%20do%20artigo-13591-1-10-20120509.pdf Acesso em 30.01.2020.
FALCKE, Denise; WAGNER, Adriana.  Mães e madrastas: mitos sociais e autoconceito. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/epsic/v5n2/a07v05n2.pdf   Acesso 30.01.2020.
HUECK, Karin. O lado Sombrio dos Contos de Fada. São Paulo: Editora Abril, 2016.
TORRES, Milton L. O estigma da maternidade no drama da Antiguidade Clássica e da Renascença Inglesa (2012). Disponível em:https://www.academia.edu/5900497/O_estigma_da_maternidade_no_drama_da_Antiguidade_Cl%C3%A1ssica_e_da_Renascen%C3%A7a_Inglesa_2012_ Acesso em 30.01.2020.
VILLAS-BÔAS, Renata Malta. Direito das Famílias: A figura da Madrasta e sua importância para a Criança ou adolescente. Disponível em: http://www.ibdfam.org.br/_img/artigos/A%20madrasta.pdf Acesso em: 30.01.2020.
VON FRANZ, Marie-Louise. A interpretação dos Contos de Fadas. São Paulo: Paulus, 1999.
_____________________-. A individuação nos Contos de Fada. São Paulo: Paulus, 1999.
 
 
[1] A prática do canibalismo nesse sentido equipara-se aos ritos de caça, entendendo esta como uma forma de guerra. Para Castro, a caça é uma forma de guerra na perspectiva estabelecida pela mitologia indígena, onde a visão que o homem tem dos animais é equivalente à que os animais de outros animais e do próprio homem. Observe-se que esse xamã sacrificador – vítima (é relativamente comum eliminarem-se xamãs acusados de feitiçaria) tem um papel fundamental nas “declarações” de guerra e existem guerras cuja causa declarada é a vingança ou combate à feitiçaria inimiga.
 
[2] Hänsel und Gretel (João e Maria no Brasil e Hansel e Gretel em Portugal) é um conto de fadas de tradição oral e que foi coletado pelos irmãos Grimm. A história tal como a conhecemos dos Irmãos Grimm é uma versão esterilizada para a classe média do século XIX, mas a original era uma demonstração da dureza da vida na Idade Média. Devido à fome e à constante escassez de comida, o homicídio infantil era uma prática comum na Idade Média.  Nesta história os irmãos são deixados no bosque para que morram ou desapareçam porque não podem ser alimentados.
Nas primeiras cópias da coleção dos Irmãos Grimm não havia madrasta; a mãe persuadiu o pai a abandonar os seus próprios filhos. Esta mudança, como na Branca de Neve, parece ser uma atenuação deliberada da violência contra as crianças, para as mães modernas que não suportariam ouvir sobre mães que ferissem os próprios filhos.
O fato de que a mãe ou madrasta tenha morrido quando as crianças matam a bruxa é porque a mãe ou madrasta e a bruxa são, de facto, a mesma mulher, ou, pelo menos, que a personalidade delas está fortemente ligada.
Além de colocarem as crianças em perigo, têm a mesma preocupação pela comida:  a mãe ou madrasta para evitar a fome e a bruxa com a casa feita de comida e o seu desejo de comer as crianças. Temos também outra versão que é a de que João e Maria que resolveram dar um passeio e não que a mãe os expulsou de casa, eles se perdem na floresta e aí que encontram a casa de doces.
 
[3] A Grande fome de 1315-1317 na Europa (ocasionalmente datada como 1315-1322) foi a primeira de uma série de crises em larga escala que atingiram a Europa no início do século XIV, causando milhões de mortes por um grande número de anos, marcando assim o fim de um período anterior de prosperidade durante o século XIII.
 
[4] Jacob Grimm e Wilhelm Grimm eram os irmãos Grimm, estudaram Direito junto ao seu pai, porém, começaram a se dedicar integralmente à literatura e acabaram deixando a advocacia de lado. Em 1830, ambos ingressaram numa universidade alemão, como professores. Eram estudiosos incessantes do idioma alemão, aturam em campos como História e Filologia. A grande marca dos Grimm era a excelência em termos de narrativa. Em 1837 quando apresentaram ideias contestadoras em relação ao Rei da Alemanha, foram expulsos da Universidade de Göttingen juntamente com outros cinco professores.
Quatro anos mais tarde, a Universidade de Berlim convidou-os para assumirem cargos de professores novamente. E, viveram nesta cidade até a morte. Sendo que Wilhelm veio a falecer em 1859 e Jacob em 1863.
Os primeiros contos dos Grimm levavam o nome de "Histórias das Crianças e do Lar", totalizando 51 histórias.  Aos poucos, os contos desta obra foram se popularizando ao redor do mundo, sendo reinventados em várias versões e conquistando povos de culturas e idiomas diferentes. Porém, a maior importância dos irmãos Grimm para a literatura foi a coleta dos contos, que acabou impulsionando outros estudiosos a realizarem o mesmo processo em seus países.
Na maioria dos textos dos irmãos, sempre são encontrados personagens como dragões, lobos, monstros, bruxas, entre outras criações folclóricas da população.
Provavelmente, histórias trágicas que foram passadas pelo povo aos Grimm, acabaram sendo alteradas para ganharem finais felizes e se tornarem mais leves para a leitura de crianças e adolescentes. Outro aspecto encontrado em várias histórias é a presença das mulheres como agentes que modificam o enredo para o bem ou para o mal.
 
[5] A arte medieval foi um meio que o autor utiliza em sua obra “História Social da Criança e da Família” para mostrar como a criança era vista e tratada neste contexto. Até meados do século XII, observa-se que as crianças eram representadas como adultos em miniatura, sendo o tamanho que a distinguia do adulto.
Como menciona Ariès “numa miniatura francesa do fim do século XI, as três crianças que São Nicolau ressuscita estão representadas numa escala mais reduzida que os adultos, sem nenhuma diferença de expressão ou traço”. No século XV, um novo tipo de representação da criança, o retrato. Primeiramente, era utilizado no túmulo de pessoas da família “O retrato da criança morta, particularmente, prova que essa criança não era mais tão geralmente considerada como uma perda inevitável”. Entretanto, foi só no século XVII que a criança começou a ser representada viva e sozinha. Neste momento, cada família queria ter o retrato dos seus filhos, tornando-se um hábito guardar a lembrança da infância das crianças. Esta representação da criança foi um contribuinte e indicativo do que ocorreria um século mais tarde a respeito do conceito de infância.  (In: NASCIMENTO, Francielle Pereira; CHRISTIANO, Ana Priscilla. A Produção Histórica da violência sexual contra crianças. Disponível em: https://educere.bruc.com.br/arquivo/pdf2015/19591_9877.pdf Acesso em 30.1.2020.).
 
 [6] Ricardo I, apelidado de Ricardo Coração de Leão em função de sua coragem, foi rei da Inglaterra entre 1189 e 1199.  Era filho de Henrique II e Eleonora da Aquitânia. Ricardo nasceu na cidade de Oxford (Inglaterra) em 8 de setembro de 1157. Foi sucedido no trono da Inglaterra por seu irmão João Sem-Terra. Ricardo I nasceu em Oxford, Inglaterra, no dia 8 de setembro de 1157. Filho de Henrique II da Inglaterra e de Eleonor de Aquitânia, aos 15 anos recebeu de sua mãe o Ducado de Aquitânia, correspondente à atual região sul-ocidental da França, ao redor da cidade de Bordeaux. Em 1183, quando morreu seu irmão mais velho Henrique, Ricardo tornou-se o herdeiro ao trono Inglês e da Normandia, na atual França, que até então pertencia aos soberanos ingleses.
Em 1188, Henrique II, obrigou Ricardo a renunciar à Aquitânia em favor de seu irmão mais novo, João. A recusa de Ricardo em entregar Aquitânia e as desavenças com o pai deu início a um período de lutas nas quais conseguiu vencê-lo com a ajuda do rei Filipe II Augusto da França. Em 1189, com a morte do rei Henrique II, perto de Tours, na França, Ricardo I, o mais velho dos filhos sobreviventes do monarca, subiu ao trono Inglês e torna-se herdeiro do Ducado da Normandia e do condado de Anjou. Em busca de interesses comuns de libertar Jerusalém – ponto crucial das rotas comerciais para a Ásia e o símbolo da fé cristã - que estava em mãos de Saladino, o sultão do Egito e da Síria, Ricardo I e Filipe II concordam em participar juntos da Terceira Cruzada. Antes de partir para a guerra, Ricardo I confiou o governo ao Bispo de Ely, William Longchamp e do Bispo de Durhan, Hugh de Puiset, sob a supervisão de sua mãe. Após atravessar a França, Ricardo e Filipe permanecem da Sicília até 1191. Depois conquistam o Chipre, antes dominado pelos bizantinos. Em junho de 1191 os exércitos de Ricardo I e de Filipe II chegam à Acra, a cidade fortificada na costa da Palestina, que foi dominada em cinco semanas.
Porém, as rivalidades de Ricardo I com Filipe II e Leopoldo V, duque da Áustria se tornam tão graves que Filipe II retorna para a França e se alia ao príncipe João, irmão de Ricardo, para ambos partilharem o reino de Ricardo.
Depois de novas batalhas o rei Ricardo I chega até os muros de Jerusalém. Ao saber das notícias sobre os acordos entre Filipe e João, decide voltar à Europa, mas antes, recebe do sultão Saladino o reconhecimento da posse das cidades costeiras da Palestina e a garantia do livre acesso dos cristãos ao Santo Sepulcro.
Na viagem de volta à Inglaterra, em 1192, Ricardo I é preso por ordem de Leopoldo da Áustria e confinado no Castelo de Dürenstein às margens do Danúbio. Em 1193 Ricardo I é libertado em troca de valioso resgate pelo Sacro Império Romano-Germânico. Em 16 de março de 1194 Ricardo I entra em Londres, sob a aclamação popular.
 
[7] Há uma versão camponesa da história da Cinderela que ficou conhecida como A Pequena Anette. Nessa história, a jovem Anette, órfã, vivia juntamente com a madrasta e suas filhas. Anette alimentava-se com um pedaço de pão por dia dado por sua madrasta. A menina ficou magrinha pela má alimentação.
Já as filhas da madrasta se alimentavam por dia com carne de carneiro e muitos outros deliciosos alimentos, enquanto a garota órfã trabalhava no campo e ainda lavava as vasilhas sujas das refeições que não fazia. Num belo dia, a situação da menina órfã mudou, a pequena Anette recebeu da Virgem Maria uma varinha mágica que produzia um enorme banquete quando tocada em uma ovelha negra. Rapidamente, Anette foi ficando gorducha, de acordo com o seu desejo, pois a pequena jovem estava aderindo aos padrões de beleza da Idade Média (nesse período, o padrão de beleza feminino era a mulher com peso avantajado).
 
[8] Cesariana é intervenção cirúrgica para realizar parto de um ou mais bebês. É muitas vezes necessária nos casos em que o parto vaginal colocaria a parturiente e o filho em risco. Entre os casos, podemos citar o parto distócico, gravidez múltipla, a pressão arterial elevada da mãe, a apresentação de nádegas ou problemas com a placenta e o cordão umbilical. A Organização Mundial de Saúde recomenda que as cesarianas só sejam realizadas nos casos em que exista uma justificação médica.
No entanto, algumas cesarianas são realizadas sem uma justificação médica a pedido de alguém, geralmente da mãe É comum a divulgação da etimologia popular (pseudoetimologia) segundo a qual a palavra cesariana derivaria da forma como nasceu o imperador Júlio César.
Segundo João Malalas, a mãe de Júlio César morreu no nono mês de gravidez, e sua barriga foi cortada; daí que ele recebeu o nome de César que quer dizer cortar na língua dos romanos. Na verdade, a palavra tem origem no verbo caedo -is, cecidi, caesum, caedere, que significa cortar e está presente nas palavras ciseaux, do francês, e scissors, do inglês, que significam ambas “tesouras”.
O parto por cesariana, segundo algumas fontes historiográficas, remete ao nascimento do general líder da República Romana, Júlio César. César foi retirado do ventre de sua mãe, Aurélia, após a morte dela. Para salvar o bebê, os responsáveis pelos procedimentos médicos da época tiveram que optar pelo corte do ventre da mãe.
Essa história, a despeito de ser exatamente verdadeira ou não, revela muito sobre tal prática e sobre a história da própria medicina. O deus Esculápio (nome latino) ou Asclépio (nome grego), comum tanto à civilização grega quanto à romana, é considerado a divindade da medicina, do saber médico.
Até hoje, seu símbolo, um cajado envolto em uma cobra, é utilizado como emblema de faculdades de medicina. Pois bem, no mito, Esculápio teria também sido retirado do ventre de sua mãe, Corônis, por Apolo, antes de cremar-lhe o corpo. Essa referência mitológica já denota um apreço especial do saber médico por práticas que vão além da estrutural natural com vistas à preservação da vida.
Na Antiguidade e na Idade Média, a maior parte dos relatos de cesariana acentua que o procedimento era aplicado apenas em caso de morte da mãe.  
Os relatos do primeiro parto em cesariana com a mãe viva remontam ao ano de 1500. A cesariana foi realizada por um homem comum, que, ao que consta, nada sabia de detalhes técnicos da medicina da época. Seu nome era Jacob Nufer.
 
[9] A complexidade que envolve a figura da madrasta é retratada desde a literatura infantil indo até as pesquisas mais contemporâneas a respeito do papel da mulher e da mãe no cotidiano social.
Afinal, Cinderela e Branca de Neve nos ensinaram que há muito tempo, que as madrastas eram egoístas, frias e cruéis. É fácil observar que os modelos de identificação das madrastas são baseados em dois opostos, a saber: a figura idealizada de mãe perfeita e as madrastas malvadas descritas nos contos de fadas.
 
[10] A história da maternidade é um tema vasto, que diz respeito a vários domínios – à história das mulheres e do gênero, à história política, à história social, à história cultural –, mas também a diversas disciplinas – à sociologia e à ciência política, notadamente. O tema possui, então, forma imprecisa e não é possível, dentro de pouco tempo, abordá-lo a partir de todos os ângulos.
 
[11] Jaime VI e I (1566-1625) foi Rei da Escócia como Jaime VI e da Inglaterra e Irlanda pela União das Coroas como Jaime I. Reinou na Escócia desde 1567 e na Inglaterra a partir de 1603 até a sua morte. Os dois reinos eram estados soberanos individuais, cada um com seu próprio parlamento, sistema judiciário e leis, governados por Jaime em união pessoal. Durante sua juventude, Jaime foi elogiado por sua castidade já que mostrava pouco interesse em mulheres.
Após a perda de Lennox, ele continuou a preferir a companhia masculina. Entretanto, era necessário um casamento adequado para reforçar sua monarquia, assim a escolha de esposa caiu sobre Ana da Dinamarca, então com quatorze anos, filha do rei protestante Frederico II da Dinamarca. Pouco depois do casamento por procuração em Copenhague em agosto de 1589, Ana partiu para a Escócia, porém foi forçada a parar na Noruega por causa de tempestades. Jaime, ao saber que a travessia havia sido interrompida, velejou para Leith com uma comitiva de trezentas pessoas para buscar Ana pessoalmente, naquilo que o historiador David Harris Willson chama de "o único episódio romântico de sua vida".
Os dois se casaram formalmente no Palácio do Bispo em Oslo no dia 23 de novembro e retornaram para a Escócia em 1 de maio de 1590, após paradas em Helsingør e Copenhague e um encontro com Tycho Brahe. 
De acordo com todos os relatos, Jaime inicialmente estava encantado por Ana e nos primeiros anos de seu casamento sempre demonstrava paciência e afeição. O casal teve sete filhos que sobreviveram ao nascimento, três dos quais chegaram à idade adulta.
 
[12] Ana da Dinamarca (1574-1619) esposa do rei Jaime VI e I e rainha consorte do Reino da Escócia de 1589 até sua morte e, também do Reino da Inglaterra e Irlanda a partir de 1603. A segunda filha do rei Frederico II da Dinamarca e Sofia de Mecklemburgo-Güstrow, Ana se casou com Jaime aos catorzes anos. Eles tiveram três filhos que sobreviveram à infância, incluindo o futuro rei Carlos I.
Ela demonstrou ser uma rainha independente e ter uma vontade de usar as políticas escocesas de facções em seus conflitos com Jaime sobre a custódia do príncipe Henrique Frederico e do tratamento de sua amiga Beatriz Ruthven. Ana aparentemente amava o rei no início do casamento, porém o casal gradualmente se distanciou e eventualmente passaram a viver separados, apesar de manterem um grau de respeito mútuo e afeição.
 
[13] Algumas mulheres consideradas bruxas, se destacaram na humanidade. Assim como estas, muitas outras mulheres tiveram suas vidas encerradas,  por serem vistas como as filhas do demônio: Alice Kyteler: foi a primeira mulher condenada por bruxaria na Irlanda; La Voisin: viveu na França, em meados de 1600, praticava adivinhações e criava poções de veneno; Isobel Gowdie: Executada por bruxaria em 1662, confessou participar de um grupo de bruxos.
 
[14] A tortura, em sua evolução histórica, foi empregada, de início, como meio de prova, já que, através da confissão e declarações, se  chegava à descoberta da verdade; ainda que fosse um meio cruel, na Idade Meia e na Inquisição, seu papel é de prova no processo,  possibilitando com a confissão a descoberta da verdade.
 
[15] Era preciso culpar alguém pelas calamidades que arrasaram a Europa no século XIV, em 1315, catástrofes climáticas destruíram colheitas em toda a Europa, exterminando 20% da população e originando surtos de canibalismo. Décadas depois veio a peste negra, uma gigantesca epidemia que matou um terço dos habitantes da Europa, cerca de 20 milhões de pessoas.
Numa época cheia de superstições, sobrou para as curandeiras. “Durante as crises, os pobres do campo passaram a descontar sua frustração pelas colheitas ruins ou pela alta taxa de mortalidade infantil sobre aquelas que  tinham menos capacidade de reagir. As solteironas e as viúvas que foram rotuladas como bruxas.
 
[16] As bruxas passam a ser o alvo preferencial da Inquisição a partir do século 14, após o surto de Peste Negra, que dizimou um terço da população europeia e foi lido por líderes religiosos como uma forma de punição pela leniência a heresias e comportamentos não cristãos. Obra indireta e direta de bruxas e magia negra.
 
[17] A caça às bruxas foi um movimento de perseguição religiosa e social iniciado no século XV, atingindo seu apogeu nos séculos XVI a XVIII,  principalmente na Alemanha, Escandinávia, Inglaterra, Escócia, Suíça e, em menor escala na Polônia, Rússia, Finlândia, Islândia, Irlanda,  França, Portugal, Itália, Áustria e Império Espanhol.
O livro mais expressivo sobre - o qual não foi reconhecido pela Santa Igreja e teve seus autores excomungados - é chamado de "Martelo das Feiticeiras" (do latim: Malleus Maleficarum) de 1487.Atualmente, o termo “caça-às-bruxas” se refere a qualquer investigação geralmente conduzida com muita publicidade, supostamente com o objetivo de revelar atividade subversiva, como por exemplo a corrupção, mas que busca enfraquecer a oposição política.
No passado os historiadores consideraram a caça às bruxas europeia como uma perseguição social, contra aqueles que supostamente atentavam contra a ordem e geravam calamidades. Seguindo essa lógica, era "natural" supor que a perseguição teria sido pior quando o poder da igreja era maior, ou seja: antes de a Reforma Protestante dividir a cristandade ocidental em segmentos conflitantes. 
Nessa visão, embora houvesse ocorrido também julgamentos no começo do período moderno, eles teriam sido poucos se comparados aos supostos horrores medievais. As pesquisas recentes derrubaram essa teoria de forma bastante clara e, ironicamente, descobriu-se que o apogeu da histeria contra as bruxas ocorreu entre 1560 e 1660, pouco depois do surgimento da Reforma Protestante e em parte já no início da celebrada "Idade da Razão" (séculos XVII e XVIII).
 
[18] Rapunzel também conhecida como Rapôncio é famosa biografia popular, adaptada pelos Irmãos Grimm e publicado pela primeira vez em 1815 e compilado no livro de Contos para Infância e para o Lar. É uma adaptação do diário Persinette escrito por Charlotte-Rose de Caumont de La Force e foi publicado originalmente em 1698.
A história vida de Rapunzel, uma jovem de longos cabelos da cor do ouro, aprisionada no alto de uma torre por uma bruxa vingativa. O ápice da história acontece quando um príncipe encontra a torre de Rapunzel e passa a encontrá-la secretamente.
 
[19] Branca de Neve, em alemão Schneewittchen é conto de fadas originário da tradição oral alemã e também compilado pelos Irmãos Grimm e publicado entre os anos de 1817 e 1822, num livro contendo várias outras fábulas, intitulado Kinder-un-Hausmärchen.
A origem do conto é controversa; é possível ter iniciado na Idade Média e se mantido pela tradição oral.  Os Irmãos Grimm, em sua compilação dos vários contos através da Alemanha, publicaram a versão mais conhecida na época, e essa se tornou, com o tempo, a mais divulgada, mas há muitas outras. Em muitas dessas versões alemãs, os anões são substituídos por ladrões, enquanto o diálogo com o espelho é feito com o sol ou a lua.
Em uma versão albanesa, coletada por Johann George von Hahn e publicada em "Griechische und albanesische Märchen. Gesammelt, übersetzt and erläutert" (1864), a personagem principal vive com 40 dragões, e seu sono é causado por um anel. Uma personagem chamada Branca de Neve também aparece no conto Branca de Neve e Rosa Vermelha, recolhido pelos irmãos Grimm.  
Neste conto, porém, ela possui uma irmã chamada Rosa Vermelha (Rubra Rosa em Portugal), e vive com ela várias desventuras com um duende malvado.
No final do conto, Branca de Neve se casa com um príncipe que fora transformado em urso, e se torna princesa. Há quem diga que esta seja uma história sem ligação nenhuma com a que conhecemos, apesar da coincidência do nome “Branca de Neve”, que poderia ter sido uma tradução errada de Rosa Branca.
 
[20] A Bela Adormecida é um clássico conto de fadas cuja personagem principal é uma princesa, que é enfeitiçada por uma maléfica feiticeira por um dedo picado pelo fuso de um tear. (por vezes descrita como uma bruxa, ou como uma fada maligna) para cair num sono profundo, até que um príncipe encantado a desperte com um beijo provindo de um amor verdadeiro. É um dos contos mais famosos da humanidade atualmente. A versão mais conhecida é a dos irmãos Grimm, publicada em 1812, na obra Contos de Grimm sob o título A Bela Adormecida (título original Dornröschen, "A Rosa dos Espinhos").
Esta é considerada que tem como base tanto na versão Sol, Lua e Talia de Giambattista Basile, extraído de Pentamerone, a primeira versão a ser publicada na data de 1634,  como na versão do escritor francês Charles Perrault publicada em 1697, no livro Contos da Mãe Ganso sob o título de  “A Bela Adormecida no Bosque”, que por sua vez também se inspirou no conto de Basile.
No conto de Basile, a princesa Talia cai num sono profundo quando fica com um pedaço de linho encravado debaixo da unha.  O rei, que já está casado, quando a descobre no castelo abandonado fica de tal maneira apaixonado que a violenta enquanto ela dorme. Apenas nove meses após esta visita que Talia acorda, altura em que dá à luz os dois infantes, o Sol e a Lua. 
Quando a rainha, esposa do rei, toma conhecimento da existência de Talia e dos seus dois bastardos, ordena imediatamente as suas condenações, porém esta acaba por morrer no próprio fogo que preparava para a princesa, deixando todos os restantes felizes para sempre. Resumindo, a princesa é estuprada por um rei e dá à luz a dois gêmeos. É acordada por um de seus filhos.  Desta forma, ela acaba se casando com o rei, por mais que ele tenha abusado da garota enquanto estava adormecida.
 
[21] O crime de violação sexual mediante fraude é também conhecido como estelionato sexual. Criado a partir da Lei 12.015 de 2009 foi fruto da junção de dois crimes do Código Penal, o de posse sexual mediante fraude (antes previsto no artigo 215, CP) e o crime de atentado ao pudor mediante fraude (antes previsto no antigo artigo 216, CP).
 
[22] Walter Elias Disney, conhecido por Walt Disney (Chicago, 5 de dezembro de 1901 — Los Angeles, 15 de dezembro de 1966), foi um produtor cinematográfico, cineasta, diretor, roteirista, dublador, animador, empreendedor, filantropo e cofundador da The Walt Disney Company. Tornou-se famoso por seu pioneirismo no ramo das animações com a Disney, tendo produzido o primeiro longa-metragem de animação, Branca de Neve e os Sete Anões (1937), e pelos seus personagens de desenho animado, como Mickey e Pato Donald. Ele também é o idealizador dos parques temáticos sediado nos Estados Unidos: Disneylândia e Walt Disney World Resort

Ao longo da sua vida foi um símbolo da indústria da animação e um ícone da cultura popular. Walt Disney é a pessoa que venceu o maior número de Óscars na história, sendo 22 prêmios da Academia e 59 indicações. Também venceu sete Emmy Awards. Sr. Disney morreu de câncer de pulmão em 15 de dezembro de 1966, em Burbank, Califórnia.  Ele deixou  um vasto legado: Uma universidade (California Institute of the Arts - CalArts), numerosos curtas, documentários e filmes produzidos durante a sua vida; e a Walt Disney Company é hoje um dos maiores conglomerados de entretenimento do mundo.
 
[23] O Lobo Mau é um personagem criado séculos atrás e ainda utilizado com frequência hoje em dia, já que se encontra em domínio público. Aparece em inúmeras fábulas folclóricas, incluindo as Fábulas de Esopo, e nas histórias dos Irmãos Grimm.
O lobo fictício e mal-intencionado famoso por seu apetite e seu talento em "soprar e bufar" apareceu em histórias clássicas como Os Três Porquinhos,  Chapeuzinho Vermelho e Pedro e o Lobo; nos programas de televisão infantis Sesame Street e Teatro dos Contos de Fadas; no filme de animação Deu a Louca  na Chapeuzinho; nos filmes da série Shrek; na série animada Sandra, detective de cuentos; etc...
O personagem também foi referenciado na série de ficção científica Doctor Who, e interpretado por Johnny Depp no longa metragem Caminhos da Floresta. As histórias do Lobo Mau nasceram na Europa, onde o lobo sempre foi um animal incompreendido e temido.
 
[24] Os Irmãos Grimm criaram uma versão deste conto, mas o original é de Charles Perrault e foi publicado em 1697 com o título de Le Petit Chaperon Rouge.  O começo é parecido com a versão mais conhecida da história: a mãe de Chapeuzinho Vermelho pede-lhe que leve uma cesta de doces à avó. Ao cruzar a floresta, a menina encontra um lobo que pergunta aonde ela está indo. Então, o lobo convida a garotinha a vir para a cama, mas, antes, tirar todas as suas roupas – o que confere um contexto sexual à narrativa. 
Nesse momento acontece o diálogo: “Como a senhora é peluda, vovó”, “que olhos grandes”, “que dentes enormes”, e o lobo retrucando as desconfianças da garota da capa vermelha.
O conto acaba com a vovozinha e a netinha devoradas e o lobo satisfeito e impune. Não há caçador para salvar Chapeuzinho Vermelho e a vovó, ele seria introduzido mais tarde pelos irmãos Grimm. A moral da história francesa original: não desobedeça à sua mãe.
 
[25] Somente com Charles Perreault (1628-1703) e com os Irmãos Grimm (1785-1863) é que os primeiros contos de fadas se tornaram livros. Charles Perreault viajou por várias regiões do interior da França em busca das mais tradicionais e antigas histórias populares nascidas durante a Idade Média. Perreault visitou aldeias e vilarejos onde ouviu e transcreveu muitas das histórias que hoje conhecemos.
A mesma coisa fizeram os irmãos Jacob e Wilhelm Grimm, porém desta vez visitando vilarejos nos mais remotos recantos do interior da Alemanha. Esses autores foram os responsáveis por registrar em livro histórias como Chapeuzinho Vermelho, A Bela Adormecida, O Gato de Botas, Cinderela, João e Maria, O Príncipe Sapo, Branca de Neve e os Sete Anões e tantas outras histórias tão apreciadas até os dias de hoje.
 
[26] O principal segredo do sucesso dos contos de fadas é o seu poder de estimular nosso inconsciente. Tais narrativas são um patrimônio abstrato da humanidade, passado adiante através da tradição oral, livros, rádio, televisão e internet, e, para quem está na faixa etária dos trinta anos, vinis coloridos. Isso é absolutamente surpreendente num mundo cada vez mais mutante”, afirma o casal Diana Lichtenstein Corso e Mário Corso no livro “Fadas no Divã”, onde fazem uma análise psicológica das histórias infantis. “Como esses restos do passado vieram parar nas mãos das crianças de hoje?”, perguntam os psicanalistas.
 
[27] O maniqueísmo é filosofia religiosa sincrética e dualística fundada e propagada por Manes e Maniqueu, filósofo cristão do século III que divide o mundo simplesmente entre Bom, ou Deus, e Mau, ou o Diabo. A matéria é intrinsecamente má, ao passo que o espírito é intrinsecamente bom. Com a popularização do termo, maniqueísta passou a ser um adjetivo para toda doutrina fundada nos dois princípios opostos do Bem e do Mal.
 
[28] Nas narrativas orais, os Irmãos Grimm descobriram um variado acervo de histórias maravilhosas disseminadas de geração para geração. Formaram, assim,  a coletânea que reuniu contos como A Bela Adormecida; Branca de Neve e os Sete Anões; Chapeuzinho Vermelho; A Gata Borralheira; O Ganso de Ouro;  Os Sete Corvos; Os Músicos de Bremen; A Guardadora de Gansos; Joãozinho e Maria; O Pequeno Polegar; As Três Fiandeiras; O Príncipe Sapo e dezenas de outros contos.
Contudo, ao documentar as estórias, os Irmãos Grimm, influenciados pelo ideário cristão que já dominava o pensamento da época, fizeram diversas alterações no enredo de alguns contos, já que esses muitas vezes apresentavam aspectos polêmicos com episódios de violência ou maldade, envolvendo, inclusive, crianças. Exemplo disso é a narrativa de Chapeuzinho Vermelho. 
O acervo da Literatura Infantil Clássica seria completado pelas histórias do dinamarquês Hans Christian Andersen, que seguiu a estrutura defendida pelos Irmãos Grimm.
As estórias deveriam ser permeadas pelos mesmos ideais, defendendo valores morais e a fé cristã. Um aspecto importante difere as estórias de Andersen das narrativas anteriores, pois, baseado na fé cristã, criou elementos que falavam às crianças sobre a necessidade de compreender a vida como um caminho tortuoso a ser percorrido com retidão e resiliência para que enfim, na morte, o céu fosse alcançado. Os contos de Andersen são considerados os mais tristes, pois muitos deles não apresentam um final feliz.
 
[29]  É a noção do amor líquido que é aquele que escorre por entre os dedos e mãos feito como água, é instável, não tem forma e nem substância, não dura. E, encontrar alguém para fazer essa água se transformar em algo sólido e permanente é enorme desafio. Os relacionamentos em geral, estão sendo tratados como mercadorias.
Se existe algum defeito, podem ser trocadas por outras, mas não há garantia de que gostem do novo produto ou que possam receber seu dinheiro de volta. Hoje em dia os automóveis, computadores ou telefones celulares em bom estado e em bom funcionamento são trocados como um monte de lixo no momento em que aparecem versões mais atualizadas. E, assim acontece com os relacionamentos, não gostou, pode trocar, assim ninguém sofre.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 01/02/2020
Código do texto: T6855403
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