Defendendo a teoria conceptualista

Desde que o pensamento crítico nasceu na Grécia entre o final do século VII a.C e o início do século VI a.C., muito se diverge sobre ideias e questões existenciais como “o que é VIDA?”. De acordo com Margulis e Sagan (2002), a vida apresenta propriedades que transcendem os limites do indivíduo.

A resposta sobre o que é vida facilmente transita entre as mais variadas concepções de acordo com a visão de quem está apresentando, os religiosos vão embasar seus argumentos nas questões espirituais afirmando que a vida nasce quando o espermatozoide encontra o óvulo, dando origem a um novo indivíduo.

Já a ciência, tem uma ideia de vida baseada em funções vitais importantes como atividade cerebral, pulsação cardíaca, capacidade pulmonar etc. O anatomista e fisiologista francês Xavier Bichat (1771 – 1802) usou a dialética vida/não-vida para inserir a resposta. Segundo ele, a vida seria “o conjunto de funções que resistem a morte”.

A biologia entende a vida como um todo, milhões de pequenas partes formam algo maior e complexo. Mas em que momento você deixa de ser um aglomerado de células e se torna um ser? Assim como nosso cérebro, onde cada parte é responsável por uma característica ou função, as partes de todo um sistema são importantes para o resultado final, o indivíduo.

Conforme afirma Descartes (1596 – 1650) o desmembrar da estrutura em diversas partes menores que, associadas entre si, fazem parte de um sistema responsável por um todo, onde cada parte (mesmo que a menor delas) se mostra importante em determinada função daquele todo.

A Teoria concepcionista garante ao nascituro a personalidade desde sua concepção, sendo independente de nascimento com vida. Essa ideia fez com que se criasse o Projeto de Lei 478/07 (Estatuto do Nascituro), teleologicamente criado para viabilizar a aplicabilidade dos seus direitos.

Eu, entusiasta de questões filosóficas sobre o universo ao meu redor, tendo a formular meus pensamentos acerca do tema a partir das visões científicas e dos entendimentos que a medicina declara sobre o surgimento da vida.

Tendo em vista que “vida” é algo muito complexo, e, levando em consideração que os humanos entendem por vida, a forma de vida carbônica como nós conhecemos, particularmente acredito que um feto se torna de fato um ser humano a partir do momento que as funções cerebrais começam a se desenvolver, visto que a nossa consciência existencial está diretamente ligada na capacidade cerebral.

O estopim do processo evolutivo para que o primata Australopitecos viesse a se tornar o homem conforme nos identificamos hoje, começa com a capacidade de raciocinar quando ele aprende a usar ferramentas, o que fez com que saíssemos da condição de primata selvagem como qualquer outro para nos tornamos o Homo Habilis, dando início ao um longo processo de aprendizado e desenvolvimento que resultou (até o presente momento) no homem dotado de sapiência, o Homo Sapiens Sapiens.

Logo, pela observação dos aspectos analisados, acredito que o momento crucial no surgimento da vida, o que faz com que um aglomerado de células e tecidos se torne um indivíduo, se dê quando começam as primeiras atividades cerebrais, tendo em vista que foi graças ao desenvolvimento cognitivo que podemos hoje gozar de uma sociedade complexa e organizada.