Parte I — Os Romani: Tradição, Exílio e Herança Semítica — Um olhar sobre as Leis Ciganas e as Leis Mosaicas
Os Romani: Tradição, Exílio e Herança Semítica — Um olhar sobre as Leis Ciganas e as Leis Mosaicas
Autora: Isabella Hadassah Yehudah Yahya Xavier
A origem do povo Romani — conhecido popularmente como ciganos — é tema de debate e pesquisa há séculos. Embora pesquisas genéticas e linguísticas apontem para o noroeste da Índia como ponto dos pontos de partida dos ciganos, principalmente a região do Punjab, após a ocupação Islâmica na Índia. No entanto, há uma série de evidências linguísticas, culturais e tradicionais que indicam um componente semítico marcante na constituição desse povo.
Os Romani compartilham traços com antigas tradições do Oriente Médio, do Egito e da Samaria. A oralidade cigana preserva mitos de cativeiro e êxodo semelhantes ao relato mosaico do povo hebreu. Lendas sobre a origem do povo cigano, transmitidas oralmente de geração em geração, há uma narrativa que conta que eles teriam sido cativos no Egito, pegos como escravos, e sendo inicialmente de um povo chamado "Hattiganes", posteriormente foram libertados por um homem iluminado por D'us chamado Poishe, juntamente com seu povo, os Yisralim. Após a libertação, os ciganos teriam adotado a fé desse povo e reconhecido como líder Guerzon, filho de Poishe. Apesar disso, mantiveram seus hábitos nômades, com apenas uma parte permanecendo entre os Yisralim.
Em outro momento, teriam retornado para a terra dos Yisralim sob a liderança de Regabe, mas foram novamente levados cativos — dessa vez para uma região chamada Brahat, correspondente à atual Maharashtra, onde sofreram nova espoliação por parte de um sultão. Nesse período de cativeiro, outros povos também foram submetidos ao mesmo destino, o que contribuiu para a diversidade cultural e étnica dos ciganos, adotando o nome Romani, com origem etimológica mista onde "Rom" vem do Hindi/Urbu, mas também de línguas semiticas, podem significar Homens/Pessoas ou Povo Levantado "Rm" de origem cananita do + ani" de origem latina.
O povo Calon, em especial, apresenta indícios históricos de presença no Afeganistão e no Tajiquistão. Identificado também como o povo Kalô, de pele escura e fé monoteísta, teria seguido rumo a Samaria, Líbano, Turquia, Egito e Marrocos, até alcançar a Andaluzia, na Península Ibérica. Há também registros de sua presença em Jerusalém desde tempos antigos, sendo mencionados no Concílio de Elvira (século IV) por Hosius de Córdoba como “estrangeiros escuros, negociantes de ouro”.
Autores como Ian Hancock (1987), notório linguista cigano e diretor do Programa de Estudos Ciganos na Universidade do Texas, defendem que o povo Romani não pode ser explicado unicamente por uma origem indiana. Para Hancock, há uma confluência de elementos que apontam para influências judaicas, persas e bizantinas. Ele argumenta que o romani, língua dos ciganos, apresenta traços estruturais influenciados pelo hebraico e pelo aramaico, especialmente em vocabulário ritual, além de práticas culturais de pureza e alimentação que os distinguem dos demais grupos indo-arianos.
Viorel Achim (2004) e David M. Crowe (2007) analisam os registros históricos de escravidão cigana nos principados romenos — Valaquia e Moldávia — entre os séculos XIV e XIX. A institucionalização da escravidão dos ciganos em terras cristãs ortodoxas contrasta com momentos de relativa tolerância entre os judeus sefarditas e os ciganos em territórios islâmicos e judaicos medievais. Ambos os grupos foram, muitas vezes, comunidades paralelas: excluídas, mas economicamente indispensáveis. Na Espanha, essa coexistência aparece em fontes como Baer (1992), Neuman (1942) e Gerber (1992), que documentam a convivência, trocas culturais e até intercasamentos entre judeus e ciganos antes da expulsão dos sefarditas em 1492.
O grupo Calon (Kalô), presente no Marrocos, na Península Ibérica e no sul da França, representa um ramo do povo cigano fortemente associado a práticas monoteístas e feições mediterrâneas. Sua rota migratória passou pela Pérsia, Ásia Menor, Samaria, Líbano, Egito e Magrebe antes de se estabelecer em Andaluzia. Autores como Angus Fraser (1995) destacam a constante presença desses grupos nas fronteiras do mundo islâmico e judeu — absorvendo elementos de ambas as culturas. Fraser também observa que certos clãs Kalô praticavam rituais de pureza, jejum, segregação feminina e até circuncisão — práticas presentes no judaísmo.
O contexto da Romênia moderna oferece outro campo fértil para essas hipóteses. Documentos compilados por Nicolae Iorga, Dimitrie Cantemir e publicações como a Revista Arhiva (1899) retratam os Lautari — músicos ciganos altamente organizados, poliglotas e dotados de tradição escrita própria — como descendentes de escravos libertos e judeus da Moldávia, muitas vezes com nomes hebraicos ou árabes e praticantes do judaísmo. Já Sam Beck (1989) e Nicolae Gheorghe (1983) destacam que a marginalização dos Romani nos Bálcãs frequentemente se deu de forma semelhante àquela imposta aos judeus, sendo ambos excluídos dos sistemas feudais dominantes, mas tolerados como artesãos, comerciantes ou músicos.
A representação literária dos ciganos na Europa também reflete essa alteridade carregada de simbolismo. George Eliot, influenciada pelo misticismo hebraico e pela tradição sefardita, usou o arquétipo cigano em suas obras Daniel Deronda e The Spanish Gypsy para simbolizar a perda, o exílio e a nostalgia da redenção. Segundo Shaffer (1975) e Kissane (1962), Eliot via nos ciganos não apenas um “outro” romântico, mas uma possível “tribo perdida” — uma alma sem lar, semelhante ao judeu errante, buscando reconexão espiritual e nacional.
Essas aproximações culminam em interpretações contemporâneas como a do estudioso israelense Shmuel Avukia, que propõe que os ciganos descendem diretamente da tribo israelita de Simeão, uma das dez tribos perdidas de Israel. Segundo Avukia, referências bíblicas sutis indicam que Esaú deixou para trás um grupo que não era edomita, mas sim parte dos israelitas dissidentes. Essa interpretação foi o ponto de partida para a criação do Fórum Judaico-Cigano, fundado em Jerusalém em 2017 com o objetivo de explorar e celebrar laços históricos e espirituais entre os dois povos.
Avukia destaca que tanto os ciganos quanto os judeus foram os únicos povos a sofrerem uma tentativa sistemática de aniquilação sob o regime nazista — um elo que, para ele, transcende coincidências históricas. Sua hipótese, ainda especulativa, sendo fundamentada aos poucos com colaborações acadêmicas, está sendo estruturada em forma de livro e documentário, com o apoio de lideranças judaicas e ciganas, especialmente na França e em Israel. “Os ciganos sabem que são de origem judaica, mas não têm provas”, afirma Avukia. “Mas se for verdade, eventualmente sairá.”
Essa possível reconexão não anula, mas amplia o entendimento sobre o povo Romani: não apenas migrantes do subcontinente indiano, mas sobreviventes de múltiplos exílios, portadores de uma memória complexa — e talvez de uma linhagem esquecida de Israel.
A bandeira do povo Romani, adotada oficialmente em 1971 durante o Primeiro Congresso Mundial Romani, carrega em si uma simbologia profunda que remete tanto à ancestralidade quanto à espiritualidade desse povo milenar. Com fundo azul e verde — representando o céu e a terra — a bandeira traz ao centro uma roda vermelha de 16 pontas, ou pétalas, evocando a roda das carroças com as quais os ciganos historicamente cruzaram continentes.
Mas essa roda é mais que um símbolo do nomadismo: ela carrega ecos de tradições antigas, associadas a conceitos espirituais e identitários profundamente enraizados em culturas do Oriente Médio e do sul da Ásia. Sua semelhança com o chakra indiano (como na bandeira da Índia) é frequentemente citada como evidência da origem, ou permanência, na região indiana pelos Romani. Contudo, a roda de 16 raios também aparece em símbolos associados à Samaria, Israel, Síria, Mesopotâmia e Persia, locais de culturas e origens semitas da Antiguidade, quando desenvolvida, ela levou em conta esses dois aspectos, passando despercebidos por muitos. Os ciganos sempre afirmaram sua origem semita, o que tem levado alguns estudiosos e líderes culturais a considerarem possíveis conexões mais amplas.
No contexto samaritano e israelita antigo, a flor ou estrela de 16 pontas pode ser encontrada em vestígios arqueológicos e relevos arquitetônicos, muitas vezes simbolizando o divino movimento cíclico, a proteção celestial ou o conceito de identidade tribal e solar. O número 16, associado a ciclos lunares completos ou a mandalas solares, sugere a busca por equilíbrio entre o tempo, o espaço e a jornada espiritual.
Para o povo Romani, esse símbolo torna-se uma ponte entre seu passado e seu presente político e cultural, como povo agrafado, na tradição por Ordem de D'us após terem se desviado, ele une a herança de povos nômades que atravessaram desde o deserto Egípcio, as planícies indianas até o Levante, incluindo Samaria, o Levante e o Magrebe, e reforça a ideia de uma origem comum, ou ao menos compartilhada, com outras etnias e tribos do antigo Israel.
Com isso conduzo meu estudo extensivo sobre as semelhanças das Leis Ciganas e das Leis Mosaicas, seguindo posteriormente meu estudo para origens em comum, rotas e heterogeneidade em origem do povo Romani, seus clãs, Lomari e Domari.
I — Síntese comparativa específica:
1. Nome das Leis:
Lei Mosaica (Torá/Pentateuco) — Judeus
Direito Romani (Mahrime) — Ciganos
2. Religião:
Judaísmo — Judeus
Monoteísmo Abraâmico — Ciganos
3. Regras de conduta:
Halachá — Judeus
Hatyivá — Ciganos
4. Crença religiosa:
"Não terás outros deuses diante de mim".
Monoteísmo estrito — Judeus
Monoteísmo estrito ou Monolatria — Ciganos
Politeísmo-panteísmo, com uma divindade principal e muitas inferiores é rejeitado pela Lei Cigana, no entanto ciganos possuem liberdade religiosa.
II – Síntese Comparativa Geral
1. Origem e Natureza das Leis:
• Ambas as leis (Halachá e a Hatyivá da Kris) derivam de revelações religiosas e têm um caráter normativo que rege não apenas o espiritual, mas todos os aspectos da vida cotidiana.
• Apesar de a Lei Romani não ter um "livro sagrado" próprio, ela se mostra paralela em estrutura e em muitos mandamentos à Lei de Moisés, com similaridades notáveis, o que sustenta a hipótese de uma forte influência semita.
2. Valores e Normas de Conduta:
• Pureza, santidade e respeito aos mais velhos são temas centrais em ambas as culturas.
• A nudez, o comportamento sexual, a estrutura do casamento, e as proibições contra o incesto e práticas sexuais desviantes são praticamente idênticos em termos de valor moral.
• A função judicial (Kris Roma/ Sinédrio) e o conceito de banimento por impureza (Herem / Mahimem) são outra forte evidência de origem ou influência comum.
3. Princípios de Justiça e Estrutura Social:
• Ambas as culturas rejeitam o sistema de castas, muito diferente da tradição indo-ariana da qual os ciganos se distanciam claramente.
• O julgamento deve ser imparcial, e somente juízes da própria comunidade (não externos) podem julgar seus membros.
4. Divindade e Monoteísmo:
• A representação de Deus como incorpóreo, invisível e sem imagem é uma característica fortemente judaica, refletida na tradição cigana.
• Embora os ciganos tenham sofrido sincretismos com o cristianismo e outras crenças por perseguições históricas, a base monoteísta pura permanece no âmago de sua tradição espiritual.
ANÁLISE OBJETIVA:
(Êxodo 20:3)
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"Não farás imagem alguma do que há nos céus ou na terra; não te prostrarás diante delas, nem as adorarás".
Não há nenhuma imagem ou símbolo tradicional da Divindade, nem é concebível que Deus possa ser retratado de alguma forma. Deus não pode ser representado por imagens para os ciganos, o Criador não possui corpo físico. No entanto, muitos ciganos convertidos ao cristianismo católico por terem sido confundidos com muçulmanos e egípcios possuem imagens de Santos. — Ciganos
(Êxodo 20:4-5)
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"Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão, porque o Senhor não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão".
O Nome de Deus é conhecido mas não pronunciado — Judeus
O Nome de Deus não é mencionado — Ciganos
Existem muitos títulos entre os ciganos como Duvël, Undevel, Ylohima, Khan, Eyl e Déu
Não há reserva em usar o Nome hebraico de Deus, embora traduzido.
(Êxodo 20:7)
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"Lembre-se do dia de Shabat, para mantê-lo santo. Você trabalhará seis dias, e fará toda a sua obra, mas o sétimo dia é um Shabat para o Senhor seu Deus".
Alguns ciganos ainda mantêm o sétimo dia como sagrado. A sexta-feira é chamada de Parashat para os ciganos à noite costumam acender velas e pela tarde limpar a casa e fazer a comida. O fogo não é permitido e visto como desrespeito, a Parashat e Shavato (sábado) devem ser iluminados apenas pela presença Divina de Duvël.
Não existe tal costume entre os povos indo-arianos. Segunda-feira é o dia sagrado no norte da Índia. Mostrando a discrepância entre ciganos e os demais povos da região asiática.
(Êxodo 20:8-10)
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"Não blasfemarás contra Deus, nem amaldiçoarás o príncipe do teu povo".
A blasfêmia é um grande pecado entre os ciganos, assim como amaldiçoar os pais velhos. Sendo passível de penas.
(Êxodo 22:28)
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"E chegou um dia em que os filhos de Deus vieram apresentar-se perante o Senhor, que ha-Satanás veio também entre eles".
"E ha-Satanás levantou-se contra Israel".
"Os filhos de Beliya'al retiraram os habitantes da sua cidade, dizendo: «Vamos e sirvamos a outros deuses (...)"
Os ciganos acreditam em um ser inimigo e acusador, a qual é um ser rebelde a Deus. Seu nome "Beng" é uma palavra relacionada com sapo, que era uma figura do diabo no simbolismo judaico. Este maligno é chamado também de "bivuzhó" (impuro) e "bilashó", para os ciganos, um termo que é equivalente a Belial.
O diabo no judaísmo tradicional é o mesmo que o Beng descrito pela crença cigana.
Não há conceito de diabo entre os indo-arianos. Existem apenas deuses nocivos (os asura), mas eles não são completamente maus, assim como os devas não são completamente bons. Eles são equivalentes em poder e dignidade. Algo que vão de encontro a origem cigana, com influência semita maior.
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Os 10 mandamentos são praticamente idênticos as Regras de Deus para ciganos conhecida como Kris Duvë
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(Jó 1:6; 1Crônicas 21:1;
Deuteronômio 13:13)
Leis da Justiça
"Não te aparentarás com eles [outros povos]; não darás tua filha a seu filho, nem tomarás sua filha para teu filho".
Não há classes sociais. A única divisão nítida existe entre Roma e os Godjim, conhecidos nos dialetos informados como Gadjê (não-Roma).
Apesar de casamentos mistos existirem e povo Roma hoje ser mestiço, como qualquer outro, não é todo povo a qual aceitamos dar nossos filhos a casamento e devem obrigatoriamente terem princípios iguais ou semelhantes ao do povo cigano, famílias mais tradicionais inclusive exigem que vivam aos moldes ciganos.
Não há classes sociais entre os judeus. A única divisão nítida existe entre judeus e goyim (não judeus).
Os povos indo-arianos têm castas sociais que separam seu próprio povo. O sistema legal é fundado nessa divisão da sociedade.Somente em tempos democráticos as classes sociais foram teoricamente abolidas de um ponto de vista legal. O casamento interétnico é livre.
Reforçando a disparidade entre ciganos e povos indo-arianos puros ou originais.
(Deuteronômio 7:3)
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"Constituirás juízes em todas as tuas portas, segundo as tuas tribos; e eles julgarão os povos com justiça".
O Tribunal Cigano é a Assembleia ( Kris ), composta por Juízes de acordo com seus clãs (que são como Tribos).
O Tribunal de Justiça Judaico é o Sinédrio , composto por Juízes. As Tribos não são mais reconhecidas, assim não existindo mais atualmente.
(Deuteronômio 16:18)
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"Porás sobre ti um dentre teus irmãos como chefe; não porás sobre ti estrangeiro, que não seja teu irmão".
As controvérsias entre os ciganos não podem ser julgadas por um Gadje, mas apenas pelo Kris .
É contra a Lei Judaica ter um governante estrangeiro.
(Deuteronômio 17:15)
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"Não farás acepção de pessoas no teu julgamento; ouvirás tanto o pequeno como o grande; não temerás a face do homem, porque o julgamento é de Deus".
O Kris deve ser imparcial, sem consideração à família ou clã dos contendores. Todos os Roma são iguais perante o Kris .
O Sinédrio deve ser imparcial, sem levar em conta a condição familiar ou social dos contendores.
Os tribunais indo-arianos julgam de acordo com a casta à qual os contendores pertencem.As controvérsias são julgadas em tribunais civis, de acordo com as leis nacionais.
Um ponto de total desconexão entre ciganos, mostrando que nossas leis não pertencem a Índia.
(Deuteronômio 1:17)
Veja também: Êxodo 23:6-8; Levítico 19:15; Deuteronômio 1:16; 16:19; 25:1
Para os filhos de Israel, (...) estas cidades servirão de refúgio; para que todo aquele que matar qualquer pessoa involuntariamente possa fugir para lá. Então a congregação julgará entre o agressor e o vingador do sangue, de acordo com estas ordenanças. Mas se o homicida a qualquer momento ultrapassar os limites da sua cidade de refúgio, e o vingador do sangue o encontrar ... e o vingador do sangue matar o homicida; ele não será culpado de sangue, porque ele deveria ter permanecido na sua cidade de refúgio
Se houver uma ofensa séria cometida por uma pessoa ou família cigana, o Kris deve julgar se essa pessoa ou família deve deixar o território onde a parte ofendida vive ou trabalha. O "vingador de sangue" ainda existe na Lei Romani e pode tomar medidas legais contra o infrator se ele/ela entrar no território em que foi banido.
Teoricamente, a Lei Haláchica ainda admite o cumprimento real da regra mosaica; no entanto, a sociedade judaica moderna aplica medidas mais brandas e menos violentas.
Os tribunais indo-arianos julgam de acordo com a casta à qual os contendores pertencem. Não existe um conceito como vingador de sangue. O cristianismo aboliu o conceito de vingador de sangue. Não há banimento territorial.
(Números 35:15,24,26-28)
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Mas quanto a vós, somente guardai-vos da coisa amaldiçoada, para que, quando a tiverdes banido, não tomeis do anátema; assim fareis o acampamento de Israel amaldiçoado, e o perturbareis. Há uma coisa amaldiçoada no meio de ti, Israel; não podeis resistir diante dos vossos inimigos, até que tireis a coisa amaldiçoada do meio de vós.
Esta lei pode ser aplicada a coisas ou pessoas. Os ciganos não podem ter qualquer tipo de relacionamento com o banido, nem mesmo cumprimentos e devem evitar cruzar seus caminhos. As ofensas pelas quais uma pessoa pode ser banida são bastante semelhantes às estabelecidas pela Lei Judaica. O amaldiçoado é chamado de "mahimem" , uma palavra relacionada com o hebraico "herem" tanto pelo som quanto pelo significado.
Esta lei pode ser aplicada a coisas ou pessoas. Os judeus não podem ter qualquer tipo de relacionamento com a pessoa banida, nem mesmo cumprimentos e devem evitar cruzar seus caminhos. As ofensas pelas quais uma pessoa pode ser banida são bastante semelhantes às estabelecidas pela Lei Romani. O amaldiçoado é chamado de "herem".
(Jeosué 6:18; 7:13)
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"Se emprestares dinheiro a alguém do meu povo, não serás para com ele como credor, nem lhe cobrarás juros"; "Ao teu irmão não emprestarás com juros; ao estrangeiro emprestarás com juros, mas ao teu irmão não emprestarás com juros".
Os ciganos não podem pedir juros por empréstimos ao seu próprio povo, mas podem fazê-lo a Godjie, mas sem intenção em usurpar mais pobres.
Os judeus não devem pedir juros por empréstimos ao seu próprio povo, mas podem fazê-lo aos goyim, estratégia adotada na ibéria ppr exemplo pelos Reis, ppis cristãos tem lei semelhante.
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(Êxodo 22:25;
Deuteronômio 23:19,20)
Comportamento sexual
"Sem e Yefet pegaram uma vestimenta, e a puseram sobre os ombros de ambos, entraram de costas, e cobriram a nudez de seu pai. Seus rostos estavam virados para trás, e eles não viram a nudez de seu pai".
A nudez é tabu entre os ciganos, permitida apenas entre marido e mulher, e entre crianças. Até mesmo mostrar as pernas diante de um mais velho é uma falta de respeito.
Imagens de órgãos sexuais ou cenas eróticas são banidas dentro do lar cigano. A nudez é um tabu no judaísmo tradicional, reservado apenas à intimidade entre marido e mulher.
Piorando muitíssimo quando se trata de mais velhos e o respeito aos anciãos.
(Gênesis 9:23)
"Nem subirás ao meu altar por degraus, para que a tua nudez não seja exposta diante dele".
Entre os ciganos, qualquer associação de santidade com nudez e sexo é considerada blasfêmia.
Os Kohanim e Levitas devem ser extremamente cuidadosos para não deixar nenhuma parte íntima do corpo visível ao oferecer a adoração.
Os templos indianos estão cheios de representações de órgãos sexuais e divindades tendo relações sexuais.
Um dos motivos do cativeiro do povo cigano na Índia, além do monoteísmo, foi o repúdio aos deuses locais e a forma de adoração da população.
(Êxodo 20:26)
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"Não te deitarás com um homem, como se fosse mulher. Isso é abominável (...) pois qualquer um que fizer qualquer uma dessas abominações será eliminado do meio do seu povo".
"Se um homem se deitar com um macho, como se fosse mulher, ambos cometeram uma abominação".
"Não haverá sodomita entre os filhos de Israel".
Os ciganos consideram a homossexualidade uma abominação vergonhosa e é uma raridade.
Ela implica a exclusão definitiva do indivíduo da comunidade cigana (no passado havia pena de morte, depois substituída pela declaração de impureza e expulsão).
Hoje com reformas internas não é visto da mesma maneira, havendo aceitação desde que não traga escândalo e vexame a família.
O judaísmo tradicional considera a homossexualidade um pecado. No entanto, também passou por reformas, sendo visto hoje de outra maneira, privilegiando a pessoa e sua individualidade.
(Deuteronômio 22:5)
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"Quem tiver relações sexuais com um animal certamente será morto".
"Não te deitarás com nenhum animal, para te contaminares com ele; nem mulher alguma se dará a um animal, para se deitar com ele: é uma perversão".
"Se um homem se deitar com um animal, certamente será morto; e matarás o animal. Se uma mulher se aproximar de qualquer animal, e se deitar com ele, matarás a mulher e o animal: certamente serão mortos".
A zoofilia é uma prática tão revoltante e desprezível que nunca foi vista entre os ciganos, e até mesmo falar sobre tal coisa é ofensivo.
A zoofilia é fortemente condenada por todas as escolas do judaísmo, sem qualquer objeção.
(Êxodo 22:19;
Levítico 18:23; 20:15-16)
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" Não profanes a tua filha, fazendo dela uma prostituta; para que a terra não se torne prostitua e se encha de maldade".
A virgindade antes do casamento é essencial na cultura cigana, apesar do peso maior a mulher, também é exigida ao homem, prostituição é fortemente condenada. Os pais ciganos nunca consentiriam em profanar suas filhas.
A virgindade antes do casamento é exigida no judaísmo, de acordo com o princípio bíblico. Principalmente a esposa do sacerdote.
Com a liberdade indivual, esse tema tem sido flexibilizado para ambos, desde que consensual e não seja para prostitição.
Tais leis não são entradas em muitas regiões do S da Ásia e entre indo-arianos, com prostituição para cultos pagãos.
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(Levítico 19:29)
"Nenhum de vocês se aproximará de nenhum parente próximo, para descobrir a sua nudez".
E todas leis que tratam de incesto.
(Levítico 18:6)
Lista completa de relacionamentos incestuosos proibidos: Levítico 18:7-17; 20:11-21.
Entre os ciganos o incesto é proibido. As relações consideradas incestuosas são exatamente as mesmas listadas na Lei Mosaica, com as mesmas exceções, a saber: é incesto qualquer relação com antepassados ou descendentes e com seus cônjuges e irmãos, com os irmãos e meio-irmãos, e com os sogros; enquanto é legal casar-se com primos, apesar de ser mal visto entre os de primeiro.
O único caso onde pode ser aceito, é casos de Dan le Phral, conhecidos como Lephralipen, uma espécie de Levirato dos ciganos. Quando o irmão mais velho morreu sem filhos ou é infértil, é lícito que engravide a esposa dele. Esse filho será visto como do irmão mais velho, e por sua vez será considerado primo e não meio-irmão, o filho gerado dessa situação e os naturais do Matrimônio.
O judaísmo proíbe os relacionamentos listados na Lei Mosaica e permite o casamento entre primos, pois não está listado e é legal.
O casamento é uma obrigação importante entre os romani, após ele é um membro completo na sociedade cigana. Um homem sem esposa é incompleto, assim como uma mulher sem marido. Os membros do Kris devem ser casados. Mulheres casadas mais velhas também podem ser membros do Kris, e juiza.
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(Gênesis 29:20-21;
1 Samuel 18:25)
"Se um homem seduzir uma virgem que não esteja prometida em casamento e se deitar com ela, ele certamente pagará um dote para que ela seja sua esposa; ele pagará dinheiro de acordo com o dote das virgens".
De acordo com a Lei Romani, quando um homem desonra uma mulher, ele deve de qualquer forma pagar o dote à família dela. Independente da família o aceitar como marido, ou a moça. Caso tenha tido alguma tortura, pode ser aplicada a pena capital.
Casais fugitivos (Lelava) são considerados legitimamente casados.O judaísmo aplica o padrão bíblico se tal evento ainda ocorrer, visto as três formas de adquirir uma mulher, desde que seja consensual.
(Gênesis 24:3-4; 28:1-2
Números 36:8)
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"Então o pai da moça e sua mãe tomarão e levarão os sinais da virgindade da moça aos anciãos".
É uma regra que os símbolos da virgindade sejam mostrados à assembleia após o casamento.
É um antigo costume judaico apresentar provas de virgindade.
É praticado ainda hoje entre ciganos, mas com menor frequências e controvérsias.
(Deuteronômio 22:15):
*****
"Quando um homem toma uma esposa e se casa com ela, então ele escreve uma carta de divórcio para ela e a manda para fora de sua casa. Quando ela se for, ela pode ir e ser esposa de outro homem. Se o último marido escrever uma carta de divórcio para ela e a mandar para fora de sua casa, ou se o último marido morrer; seu antigo marido, que a mandou embora, não poderá tomá-la novamente para ser sua esposa, depois que ela for contaminada; pois isso é abominação".
O divórcio é admitido na sociedade cigana. Acontece quando o marido manda a esposa embora ou então ela vai embora, nem sempre necessita do aval do marido caso as familias já terem julgado o caso. Ambos podem se casar novamente. A esposa não pode voltar para o ex-marido novamente depois que ela foi casada com outro homem.
Caso o marido tenha sumido, e não deixado paradeiro a família dele ou Kris podem dar o divórcio após um ano do sumiço.
O judaísmo admite o divórcio, hoje sendo feito sem esses tramites, com exceção dos ortodoxos.
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(Deuteronômio 25:5-6):
Parto
"Se uma mulher conceber e der à luz um filho homem, então ela estará impura sete dias; como nos dias do seu período menstrual. Ela continuará no sangue da purificação trinta e três dias. Ela não tocará em nenhuma coisa sagrada, nem entrará no santuário, até que os dias da sua purificação sejam completados. Mas se ela der à luz uma criança mulher, [o período de purificação é duas vezes mais longo]".
O parto é impuro e deve ocorrer fora da moradia dos ciganos. Então, a mãe fica isolada com seu filho por sete dias, indepedente do sexo seguidos por trinta e três dias de isolamento menos rigoroso. Essas regras estão entre as de Nistah. Elas não pode se mostrar em público a menos que seja chamada, não pode comparecer a serviços religiosos nem entrar em contato com qualquer coisa limpa usada por outras pessoas. A única diferença com a Lei Mosaica é que o período de quarenta dias de purificação é o mesmo para crianças do sexo masculino ou feminino. Ela deverá receber cuidadia de sua sogra e mãe, a comumidade providenciará o seu retorno uma festa pela vida da criança.
A circuncisão é algo heterogêneo entre os ciganos, algumas comunidades realizam e outras não. O povo Calon realiza até a idade moderna 16 dias após o nascimento de um menino, os primeiros 8 dias não eram considerados pós-nascimento ainda por estar o bebê ligado ainda a sua mãe.
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(Levítico 12:2,4,5)
Regras da Morte
"Até que voltes à terra, pois dela foste formado. Pois és pó, e ao pó retornarás".
(Gênesis 3:19)
A Lei Romani estabelece que os mortos devem ser enterrados com toda a integridade do corpo. Consequentemente, os órgãos não podem ser removidos e a autópsia deve ser evitada. Mas não é proibida, assim como doação de órgãos
Queimar os mortos é um grande sacrilegio, no entanto muitos ciganos Calon fazem piras funerárias para seus membros devido uma regra antiga que se aplicava aqueles que eram encarregados pelas questões espirituais da comunidade.
"Aquele que tocar no cadáver de qualquer homem será imundo sete dias: o mesmo se purificará com isso no terceiro dia , e no sétimo dia será limpo: mas se ele não se purificar no terceiro dia, então no sétimo dia não será limpo. Quem tocar em uma pessoa morta, o corpo de um homem que morreu, e não se purificar, contamina a tenda do Senhor: porque a água da impureza não foi aspergida sobre ele, ele será imundo; sua imundícia ainda está sobre ele".
A morte é impura, e todos os parentes próximos dos mortos são impuros por sete dias . Os mortos não podem ser tocados. Durante três dias é proibido que eles tomem banho, penteiem-se, cortem as unhas ou se arrumem (eles só podem usar água limpa para se lavar, sem sabão). No terceiro dia , eles devem se lavar completamente e arrumar seu aspecto, caso contrário, não podem fazê-lo até o sétimo dia.
Deve-se admitir que, além da diferença no número de dias, as regras do mritakam (período de luto cigano) são semelhantes às do shiva judaico.
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(Números 19:11-13)
"Esta é a lei quando um homem morre em uma tenda: todo aquele que entrar na tenda, e todo aquele que estiver na tenda, será imundo sete dias. Todo vaso aberto, que não tiver cobertura atada sobre ele, é imundo. Para o imundo, eles tomarão das cinzas da queima da oferta pelo pecado; e água corrente será colocada em um vaso: e uma pessoa limpa tomará hissopo, e o molhará na água, e o espargirá sobre a tenda, e sobre todos os vasos, e sobre as pessoas que estavam ali, e sobre aquele que tocou no osso, ou no morto, ou no morto, ou na sepultura: e a pessoa limpa espargirá sobre o imundo no terceiro dia , e no sétimo dia : e no sétimo dia ele o purificará; e ele lavará suas vestes, e se banhará em água, e será limpo à tarde".
Quando a morte acontecia na morada de Roma, toda a comida presente na casa (em referência a "todo recipiente aberto") era contaminada e deveria ser jogada fora. No terceiro dia , a casa era purificada pela queima de incenso (em referência às "cinzas da queima do pecado"), e uma virgem (pessoa limpa) borrifava água corrente. Esta cerimônia era repetida no sétimo dia . A comida era levada aos enlutados por parentes ou amigos de outra morada.
Como o sistema sacrificial está relacionado com o Templo, as regras conectadas a ele não são obrigatórias, consequentemente, a purificação no terceiro dia não é realizada. Parentes e amigos têm que levar refeições para a casa onde o shiva é mantido. Durante o período de luto de dez dias, amigos e parentes trazem refeições para a família enlutada. Enquanto queimam o corpo do morto, eles borrifam água nas cinzas. A casa é purificada no décimo primeiro dia com uma cerimônia religiosa.
(Números 19:14-19)
Costumes do período de luto: os enlutados ficam em casa, sentam-se em bancos baixos, cobrem os espelhos, não usam óleos, perfumes ou qualquer tipo de cosmético, não usam roupas novas, não ouvem música, não tiram fotos, não assistem televisão, não pintam, não podem cozinhar e não podem cumprimentar as pessoas.Costumes do período de luto: os enlutados ficam em casa, sentam-se em bancos baixos, cobrem os espelhos, não usam óleos, perfumes ou qualquer tipo de cosmético, não usam roupas novas, não ouvem música, não tiram fotos, não assistem televisão, não pintam, não podem cozinhar e não podem cumprimentar as pessoas.Costumes do período de luto: os enlutados ficam em casa, sentam-se no chão, evitam olhar no espelho, não usam itens de adorno pessoal nem vestem roupas chamativas, não assistem televisão, não podem dar ou receber presentes, nem participar de atividades públicas.O primeiro período de sete dias é encerrado com uma cerimônia de lembrança, então o luto é estendido até o trigésimo dia; eles podem tomar banho e pentear-se, mas não cortar o cabelo ou as unhas, nem ouvir música ou assistir televisão, e não devem usar roupas novas. No trigésimo dia, os enlutados devem celebrar uma lembrança para encerrar o período de luto rigoroso.Após o fim do shiva , os enlutados guardam sheloshim até o trigésimo dia; durante esse período, eles podem sair de casa, calçar sapatos e tomar banho, mas não podem cortar o cabelo ou as unhas, nem ouvir música ou assistir televisão, e não devem usar roupas novas. No trigésimo dia, os enlutados devem ir até o túmulo e colocar uma pedra em cima do marcador do túmulo.Um serviço memorial é realizado no trigésimo primeiro dia, ou no décimo primeiro dia após o corpo morto ter sido queimado.
É controverso aos ciganos reencarnação e ressurreição. Muitos Calon aceitam ambos.
Tais temas não são controversos aos judeus, porém cada ramificação tem sua perspectiva.
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(Qohelet 9:4-6;
2 Samuel 12:23)
Regras de Pureza e Impureza
"Vocês farão distinção entre o santo e o comum, e entre o impuro e o limpo".
E questões alimentares
Os padrões ciganos de pureza e impureza são chamados de Leis de "mahrimé" e estão próximos das regras mosaicas.
Ciganos não comem animais aos quais o servem ou serviram, não comemos porco e nem frutos do mar (apesar da influência do cristianismo ter feito ciganos negligenciarem as regras de pureza alimentar), não comem leite e carne no mesmo dia, o abate do animal deve ser sem sofrimento ou o sufocando, não comem sangue, não comem os ovos e a galinha a qual criam ao mesmo tempo, há separação de utensílios alimentares, entre outros.
Os padrões judaicos de pureza e impureza são conhecidos como "kashrut", regulados não apenas pelas regras mosaicas, mas também pelas instituições rabínicas. É uma infinidade de regras e condutas.
(Levítico 10:10)
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"Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes: Quando um homem tiver fluxo no seu corpo, por causa do seu fluxo, ele será imundo (...) toda cama em que ele se deitar será imunda; e tudo em que ele se sentar será imundo (...) qualquer sela em que ele montar será imunda (...) todo aquele que tocar em qualquer coisa que estiver debaixo dele será imundo (...) Se algum homem tiver emissão de sêmen, então ele se banhará (...) Se uma mulher tiver fluxo, e seu fluxo em sua carne for sangue, ela estará em sua impureza (...) tudo sobre o que ela se deitar em sua impureza será imundo; tudo sobre o que ela se sentar será imundo (...) todo aquele que tocar em sua cama ou em qualquer coisa em que ela se sentar será imundo..."
(Levítico 15:2-23)
As regras ciganas sobre a impureza humana são baseadas na Lei Mosaica. De fato, as emissões de substâncias da parte inferior do corpo são impuras, e tudo o que entra em contato com elas. Consequentemente, uma vez que tais emissões são propensas a acontecer durante o sono, o ato de dormir é considerado impuro, e também as camas, bem como os assentos e as vestimentas que cobrem a parte inferior do corpo. Quando os ciganos acordam, a primeira coisa a fazer é se lavar (os ciganos não cumprimentam ninguém até que não tenham se lavado depois de dormir, pois ainda estar impuro é uma falta de respeito). As emissões da boca e da parte superior do corpo são puras. Com a modernidade, produtos de higiene, saneamento básico e eletrodomésticos que auxiliam na limpeza, ficou mais flexível.
O judaísmo moderno enfatiza o caráter de impureza do sêmen e da menstruação, que requerem purificação, que é realizada por meio do mikveh (banho ritual). Outras ramificações entendem como um processo natural do corpo podendo ser feito em água corrente.
"Fareis, pois, distinção entre o animal limpo e o imundo, e entre a ave imunda e a limpa; e não vos fareis abomináveis por meio de animais, ou de aves, ou de qualquer coisa com que a terra esteja cheia, que separei de vós como imundo para vós". "Contudo, podereis matar e comer carne dentro de todas as vossas portas, segundo todo o desejo da vossa alma, segundo a bênção do Senhor vosso Deus, que vos deu; o imundo e o limpo comerão dela; somente o sangue não comereis; sobre a terra o derramareis como água".
Os ciganos consideram que os animais são puros ou impuros, embora sua classificação seja diferente da judaica em alguns termos.
No entanto, eles tentaram manter essa observância por padrões lógicos: por exemplo, cães e gatos são mahrimé porque se lambem; cavalos, burros e qualquer animal usado para montaria é impuro porque as pessoas sentam neles; animais que comem carne são impuros, e assim por diante. Animais impuros não podem ser comidos.
(Levítico 20:25;
Deuteronômio 12:15-16)
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"Vocês também terão um lugar fora do acampamento, para onde poderão sair".
(Deuteronômio 23:12)
Entre os ciganos, o acampamento é puro, pelo qual as necessidades fisiológicas devem ocorrer fora do local de moradia. Nas casas modernas, o banheiro tem um status separado e é construído do lado de fora, quando possível.
No judaísmo, o banheiro é o único da casa que tem um status separado, e nenhuma mezuzá é colocada em sua entrada.
"Eu darei a este povo favor aos olhos dos egípcios, e cada mulher pedirá à sua vizinha joias de prata, joias de ouro e roupas; e vocês as porão em seus filhos e em suas filhas. Vocês despojarão os egípcios. Os filhos de Israel fizeram conforme a palavra de Moshe; e pediram aos egípcios joias de prata, joias de ouro e roupas. O Senhor deu ao povo favor aos olhos dos egípcios, de modo que eles deixaram que eles tivessem o que pedissem. Eles despojaram os egípcios".
A tradição cigana explica que o costume de "mangar" (pedir itens dos Godjim que colocaram em algum momento ciganos em cativeiro ou exílio) vem de um antigo mandamento de Deus. Não há nenhuma outra fonte da qual tal preceito em particular possa ser encontrado, exceto os versículos da Bíblia relatados aqui. Tal costume não é praticado no judaísmo ou por judeus.
Não há nenhuma referência entre os povos indo-arianos de tal tradição.
(Êxodo 3:21,22; 12:35-36)
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"Eles tomarão um pouco do sangue e o porão em ambas as ombreiras e na verga da porta, nas casas... Porque o Senhor passará para ferir os egípcios; e, quando vir o sangue na verga da porta e nas duas ombreiras, o Senhor passará aquela porta, e não permitirá que o destruidor entre em suas casas para feri-los".
Os ciganos costumavam pintar os umbrais das portas de seus abrigos (ou os postes principais das tendas) com sangue de cabrito ou cordeiro em algumas ocasiões especiais, ou quando saíam para uma viagem, como um sinal de proteção para proibir a entrada do "anjo da morte".
Por ser um evento considerado único na história, com um propósito determinado, tal costume não é praticado no judaísmo.
Não há nenhuma referência entre os povos indo-arianos de qualquer evento ou tradição semelhante. Não existe tal tradição entre os cristãos.
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Êxodo 12:7,23)
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"Aconteceu que, na hora da oferta da tarde, o profeta Eliyahu se aproximou e disse: Senhor, Deus de Avraham, de Yitzchak e de Yisra'el,... Então o fogo do Senhor caiu e consumiu o holocausto, e a lenha, e as pedras, e o pó, e lambeu a água que estava na vala".
"Aconteceu que, enquanto eles ainda caminhavam e conversavam, eis que apareceu um carro de fogo, e cavalos de fogo, que os separaram a ambos; e Eliyahu subiu num redemoinho ao céu".
Os ciganos são particularmente sensíveis a raios e trovões, existe a crença de que Deus e os anjos se comunicam por meio desses fenômenos entre os ciganos.
Alguns ciganos fazem ofertas simbólicas de pedaços de pão, sal e fogo a Deus durante a preparação de alimentos na Parashat.
(1 Reis 18:36,38;
2 Reis 2:11)
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(Êxodo 22:29)
"Não cortareis os cabelos dos lados da vossa cabeça, nem aparareis a ponta da vossa barba".
A maioria dos ciganos ainda é reconhecida pelos seus bigodes, cabelos maiores e laterais preservadas, mantêm como uma tradição originada por um mandamento.
Os judeus ortodoxos deixam suas mechas laterais de cabelo crescerem ( "pe'ot" ) em observância a este mandamento.Não existe tal tradição entre os indo-arianos.Não existe tal tradição entre os cristãos.
(Levítico 19:27)
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"O coração do sábio está à sua direita, mas o coração do tolo está à sua esquerda".
(Cohelet 10:2)
Entre os ciganos, a mão esquerda está relacionada com o domínio público, o reino dos godjê, e por esta razão está ligada à impureza, embora ambas as mãos sejam transitórias e precisem de purificação toda vez que precisam satisfazer necessidades impuras.
No judaísmo, a mão esquerda está relacionada com o domínio público ( reshut ha-rabim ), o reino dos goyim , e simboliza impureza e alienação de Deus.
Entre os indo-arianos, a mão esquerda é considerada impura. No entanto, não está relacionada com o domínio público ou o reino dos outros.Entre os cristãos, a diferença entre direita e esquerda não está relacionada à pureza, mas sim ao bem e ao mal.
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"Não comereis coisa alguma que morra por si mesma; podereis dá-la ao estrangeiro que vive entre vós e está dentro das vossas portas, para que a coma; ou podereis vendê-la a um estrangeiro, porque sois povo santo".
(Deuteronômio 14:21)
Os ciganos não podem comer animais que não tenham sido mortos com esse propósito. Embora as regras de hospitalidade exijam que alimentos impuros (como um animal morto por si só) também não sejam oferecidos a Godje. A aplicação dessa regra é expressa pela separação de pratos e copos que são dispostos para oferecer comida e bebida a Gadje.
Nenhum judeu ofereceria um animal morto aos goyim , pois essa regra bíblica era destinada a povos que tinham esse costume; no entanto, alimentos não kosher podem ser oferecidos a não judeus, se forem aceitáveis para eles.
Por tradição, os indianos não comem nenhum tipo de carne porque não podem matar animais, no entanto, alguns deles aceitam comer aqueles animais que morreram de causas naturais.
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"Não andarás caluniando o teu povo".
(Levítico 19:16)
A calúnia é considerada uma falta muito séria entre os ciganos. O infrator pode ser levado a julgamento pelo Kris . Embora a calúnia seja geralmente condenada em todas as culturas, o conceito cigano é idêntico ao lashon ha-ra'a no judaísmo, sendo chamado de shiben mahimem
A calúnia é comumente conhecida como lashon ha-ra'a no judaísmo e é uma ofensa muito séria que dificilmente pode ser perdoada.A calúnia é considerada uma infração, principalmente contra valores religiosos.
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"Porque estas nações que hás de desapossar dão ouvidos aos que praticam a feitiçaria e aos adivinhadores; mas a ti o Senhor teu Deus não te permitiu fazer tal coisa".
(Deuteronômio 18:14)
"Yosef disse-lhes: «Que ação é essa que vocês fizeram? Vocês não sabem que um homem como eu pode realmente adivinhar?»".
(Gênesis 44:15)
Ao contrário da crença popular, os Roma não acreditam em adivinhação, mas eles usam essa prática para os Godje que os ouvem! Os Roma de fato não "ouvem adivinhos", mas consideram isso como um tipo de dom profético que eles têm para lidar com os Godje . O tipo de adivinhação que os Roma conhecem é baseado no Tarô e na Cabala, enquanto eles não têm ideia dos métodos indianos de adivinhação.
Leituras de mão entre ciganos é visto como linhas deixadas pelo Criador no corpo da pessoa sobre seu destino. É uma leitura mais de autoconhecimento e consulta de si mesmo, não sendo considerado entre os Roma tradicionais adivinhação.
Embora fosse proibida, a adivinhação era praticada no antigo Israel, principalmente nas tribos que foram deportadas para a Assíria, Média e Índia. As magias judaicas derivaram principalmente da Cabala. O tarô é muito provavelmente de origem judaica, provavelmente relacionado aos therafins e ao alephbet hebraico.
Os antigos indo-arianos eram bastante supersticiosos e, mesmo hoje, a maioria dos indianos está entre aqueles que ouvem adivinhos e adivinhadores. Os padrões são completamente diferentes dos ciganos.
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Conclusão Geral
Este estudo traçou um panorama abrangente das práticas e códigos de pureza entre os ciganos Calon à luz da Lei Mosaica, revelando profundas conexões, influências e ressignificações. Ao longo das quatro partes, observou-se que, embora os Calon não sejam formalmente judeus, muitos de seus costumes refletem — em estrutura, simbolismo e função — princípios presentes nas Escrituras hebraicas, especialmente na Torá. Alguns do clã Rom também possui de forma tão intensa costumes e tradições, assim como os Calon, provenientes do judaísmo.
As semelhanças rituais e éticas, visíveis em práticas como as leis de pureza (mahrimé), o luto (mritakam), o cuidado com o sangue, o parto, a alimentação e a separação do sagrado e do profano, não são meramente coincidências culturais. Elas ganham um novo peso à luz das pesquisas sobre a origem semita dos ciganos, além da origem do sudoeste asiático já conhecidos, apoiadas por estudos linguísticos, genéticos e históricos. Diversas tradições orais e lendas internas entre os Calon também apontam para uma ancestralidade israelita ou, ao menos, descendência de povos hebraicos dispersos.
Ainda que tais ligações não possam ser comprovadas de forma absoluta, a convergência entre práticas e narrativas sugere uma herança espiritual e cultural comum, preservada por séculos mesmo fora do contexto religioso oficial judaico. A persistência de tais elementos em meio à diáspora, perseguições e influências externas — especialmente cristãs — reforça o papel da tradição oral e da identidade coletiva como mecanismos de resistência e continuidade.
As diferenças também são reveladoras: as adaptações à modernidade, as variações entre clãs e a autonomia na interpretação das regras demonstram que os Calon não apenas preservaram tradições antigas, mas também desenvolveram um código próprio — a Lei Romani — que rege a vida comunitária com base na pureza, honra e espiritualidade cotidiana.
Assim, mais do que simples reflexos da Lei Mosaica, as práticas dos Calon emergem como uma expressão viva de uma possível herança semita transfigurada em identidade cigana. Essa ponte entre o passado hebraico e o presente Calon convida a uma reavaliação profunda das origens desse povo, não apenas como nômades místicos da Europa, mas como portadores de uma memória ancestral que ecoa, até hoje, nos ritos silenciosos do cotidiano.
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AVISO: Esse estudo terá prosseguimento!