TROVAS AVULSAS AO JEITO DE BOCAGE
TROVAS SATÍRICAS AVULSAS
Está um dia sem graça
Vai caindo fria a chuva…
Mas na vida tudo passa,
Vê bem qu’ até passa a uva.
Na claridade caminho,
Porque assim sou feliz…
Vejo as pedras do caminho
E já não parto o nariz.
Nasceu com falta de ar
A bela e doce cereja…
Veio o melro p’ra levar
E no bico ela se areja.
Surgem-me diversas vezes
Pensamentos muito ricos…
Ouriço com doze meses,
Tem p’ra aí um ano… e picos.
A bem do nosso planeta
Já nem podemos fumar…
Logo este governo decreta:
“Será proibido peidar”!
A moça que ali passou
Mostrava corpo de artista…
Levantou-se o meu avô,
Que ainda está bom… da vista.
Solteira descobre os céus,
A noiva encontra o seu ninho…
Casada vive p’rós seus,
A viúva viu… o vinho.
Pernas juntas, sem deslizes,
Sempre longe do pecado…
Apenas foram felizes
Cada uma p’ra seu lado.
Ao ar joguei uma pedra,
Por me sentir sem pecado…
Acabei a gritar “merda”,
Pois caiu no meu telhado.
2009, AdolFo Dias