(Col.Agro) - CALAGEM E ADUBAÇÃO

CALAGEM E ADUBAÇÃO:

Os treze nutrientes que a planta retira do solo são classificados em Macronutrientes e Micronutrientes.

Os macronutrientes são assim chamados porque a planta precisa em grandes quantidades. Dividem-se em macronutrientes primários (N, P, K) e macronutrientes secundários (Ca, Mg, S).

Os micronutrientes são assim chamados porque a planta precisa em pequenas quantidades mas, são importantes e necessários ao crescimento dos vegetais e não podem faltar no solo. São eles: B, Cu, Fe, Mn, Mo, Zn e Cl. Outros assuntos sobre acidez do solo, calagem, fertilizantes, obtenção de nitrogenados e fosfatados, etc... podem ser encontrados no blog http://agronomiacomgismonti.blogspot.com

Como os solos do Brasil são, em geral, deficientes em nutrientes é preciso repô-los através de aplicações de fertilizantes.

Mas o primeiro passo para aplicar os nutrientes nas dosagens corretas é fazer a análise do solo.

ANÁLISE DO SOLO:

A falta de um nutriente no solo se manifesta pelo aparecimento de sintomas nas plantas que podem ser vistos a um simples exame “a olho”. A falta de nitrogênio, por exemplo, produz o amarelecimento da planta. A falta de fósforo provoca uma cor arroxeada nas folhas e a falta de potássio provoca um amarelecimento e morte das folhas a partir das bordas. Entretanto, este método de perceber deficiência apresenta uma série de dificuldades. Ou são confundidos com danos causados pelos insetos ou doenças, por produtos químicos e, muitas vezes, quando aparecem os sintomas a deficiência já é crítica e muito tarde para corrigí-la.

Entre os métodos usados para avaliar a fertilidade do solo o mais usado é a “Análise da Terra”.

Para um correto resultado da análise do solo, é preciso que as amostras de solo sejam representativas da área que vai ser analisada. Uma amostragem mal feita conduz a erros de 50% ou mais na avaliação da fertilidade do solo.

Se o produtor rural coleta uma amostra de solo para ser analisada isto significa que ele tem a intenção de colocar na terra os nutrientes que ela precisa. Este é o verdadeiro sentido da análise do solo: repor os nutrientes que estão limitando o desenvolvimento e produção das plantas.

Uma amostra de solo representativa de uma área deve levar em conta os seguintes fatores:

1. Quando retirar a amostra de solo?

A amostra de solo deve ser retirada com antecedência possibilitando que o calcário seja incorporado 90 dias antes da semeadura.

Nas áreas já calcariadas a amostragem, com finalidade de indicar os fertilizantes, poderá ser feita logo após a colheita anterior ao plantio da nova cultura;

2. Amostragem e número de amostras:

O número de amostras depende dos tipos de solos que constituem a área a ser cultivada.

Numa mesma região pode ocorrer solos de fertilidade e composição variáveis, o que se pode evidenciar pelo desenvolvimento desigual da cultura.

Quando a área a ser cultivada for constituída por um mesmo tipo de solo e não apresentar diferenças marcantes na produção das culturas, deverá ser enviada uma amostra média. Se houver diferentes tipos de solos (coloração diferente), deve ser enviada uma amostra média de cada tipo de solo.

Uma amostra média é aquela que é retirada de uma mistura de diversas amostras de um mesmo tipo de solo.

Por exemplo, se o produtor vai plantar uma área de trigo e esta área só tem um tipo de solo ele procederá da seguinte forma. Ele vai coletar 20 ou mais amostras desta área, misturá-las bem e tirar uma única amostra (amostra média) e enviá-la ao laboratório de análise de solos.

Se o terreno é ondulado, ele deverá coletar uma amostra média da baixada e uma amostra média da encosta.

3. Como retirar a amostra de solo:

Percorrer a lavoura em ziguezague, coletando as amostras.

• produtor deve abrir um buraco em forma de cunha, até 20 cm de profundidade. Para culturas anuais, utilizar a profundidade de 20 cm e para as culturas perenes (como frutíferas) usar de 0-20 e de 20-40 cm. Adubação superficial em culturas já estabelecidas usar a profundidade de 20 cm;

• retirar uma fatia de terra;

• dividir a fatia em três partes;

• aproveitar a parte do meio e colocá-la dentro de um balde;

• após percorrer toda a área, misturar bem a terra do balde e tirar uma amostra que será a chamada amostra média.

Nunca usar sacos vazios de cimento ou de adubo para enviar as amostras.

Outro ponto importante é o preenchimento do questionário. Este deve ser bem preenchido para dar todas as informações sobre o que já foi feito em termos de adubação no solo que será cultivado.

A cultura que vai ser plantada deve ser indicada pelo produtor. No caso de pastagens informar que tipo de pastagem (inverno ou verão), se é gramínea ou leguminosa ou consorciação das duas.

De posse dos resultados da análise do solo coletado, o produtor deve consultar um técnico que vai estabelecer um plano de recomendação para aquele solo buscando, através da calagem e adubação, elevar a produtividade da cultura.

CALAGEM:

As plantas desenvolvem melhor em solos com pH ao redor de 6,0. O pH é uma escala que vai de 1 a 14, sendo o 7 o ponto neutro e esta escala serve para medir a acidez ou a alcalinidade de um solo.

Nos solos ácidos, as plantas não desenvolvem bem porque a disponibilidade dos nutrientes é muito pequena. Nos solos ácidos, um dos grandes problemas é o fósforo.

É na faixa de pH 6,0 a 7,0 que os nutrientes do solo apresentam a melhor disponibilidade para as plantas. Há casos, como a batatinha que prefere solos ácidos, visto que próximo ao pH 7,0 há problemas com o aparecimento da doença “murchadeira”. Por isto nesta cultura se aconselha o produtor a usar a metade da dosagem recomendada. Já a alfafa é muito exigente, pois prefere solos com pH próximo ao 7,0. Neste caso, as recomendações de calagem indicam uma aplicação 1,5 da dose normal.

O aproveitamento do nitrogênio começa a ser melhor a partir do pH 5,5, atinge o máximo entre pH 6,0 e 7,5 e depois desse valor a sua disponibilidade vai diminuindo.

O fósforo tem melhor aproveitamento pelas plantas quando o pH está situado entre 6,5 e 7,5.

O potássio é mais bem aproveitado a partir do pH 5,5.

E isto acontece com todos os outros nutrientes necessários às plantas.

Para corrigir a acidez se usa a prática da calagem, isto é, a aplicação de calcário para elevar o pH aos níveis de 6,0 – 6,5.

A calagem tem a finalidade de neutralizar o Al3+ trocável e/ou elevar os teores de Ca e Mg no solo.

MÉTODOS:

A quantidade de calcário a ser aplicada no solo pode ser feita pelos seguintes métodos:

. Neutralização do Al3+ e suprimento de Ca2+ e Mg2+

No Estado do Espírito Santo e Goiás se usa a fórmula abaixo com algumas variações:

N.C. (t/ha) = Al3+ x 2 +[2 - (Ca2+ + Mg2+)]

No Estado de Goiás o valor 2 da fórmula é substituído pelo valor 1,2 em solos com teor de argila menor que 200 g/dm3.

No Estado de Minas Gerais, a fórmula acima sofre uma variação:

N.C. (t/ha) = Al3+ x Y +[X - (Ca2+ + Mg2+)]

Onde:

Y = 1 para solos arenosos (menos de 150 g/dm3 de argila)

2 para solos de textura média ( 150 a 350 g/dm3 de argila)

3 para solos argilosos (mais de 350 g/dm3 de argila)

X = 2 para a maioria das culturas

1 para espécies florestais

2 para cafeeiro

No estado do Paraná utiliza-se o método saturação de bases. Somente no caso do arroz irrigado e do sequeiro é adotada a fórmula:

NC (t/ha) = Al3+ x 2

Em solos sob vegetação de cerrados utiliza-se as fórmulas abaixo de acordo com o teor de argila e suprimentos de Ca + Mg.

 Solos com teor de argila maior que 200 g/dm3 e teor de Ca + Mg menor que 2 cmolc/dm3:

NC (t/ha) = Al3+ x 2 +[2 - (Ca2+ + Mg2+)]

 Solos com teor de argila maior que 200 g/dm3 e teor de Ca + Mg maior que 2 cmolc/dm3 :

NC (t/ha) = Al3+ x 2

 Solos com teor de argila menor que 200 g/dm3

NC (t/ha) = Al3+ x 2 ou

NC (t/ha) = 2 – (Ca + Mg)

Utiliza-se a maior recomendação.

O PRNT do calcário deve ser igual a 100%.

• Saturação de bases do solo

Este método consiste na elevação da saturação de bases trocáveis (V%) para um valor que proporcione o máximo rendimento econômico do uso do calcário.

A fórmula a ser utilizada é a seguinte:

N.C. (t/ha) = (V2 –V1) x T x f /100

Onde:

V1 = valor atual da saturação de bases trocáveis do solo;

V2 = valor de saturação de bases trocáveis que se deseja;

T = capacidade de troca de cátions;

f = fator de correção do PRNT. f = 100/PRNT

Se a análise fornecer o teor de potássio K em mg/dm3 deve-se fazer a correção para cmolc/dm3

cmolc/dm3 de K = mg/dm3 x 0,002564

O valor de saturação de bases trocáveis (V2) vai depender da região. Em São Paulo e Mato Grosso do Sul é 60%. No Paraná é de 70% e nos solos sob vegetação de Cerrados é de 50%.

Exercício:

Qual a quantidade de calcário a ser recomendada por hectare usando-se o método saturação de bases, para elevar o valor (V) para 70% ?

Análise do Solo: Ca2+ = 4,4 cmolc/dm3; Mg2+ = 1,93 cmolc/dm3

K+ = 0,17 cmolc/dm3 ; (H+ + Al3+) = 9,0 cmolc/dm3

PRNT do calcário = 90%

S = Ca2+ + Mg2+ + K+ = 4,4 + 1,93 + 0,17 = 6,5 cmolc/dm3

NC (t/ha)= (V2-V1) x T x f /100

T = S + (H+ + Al3+) = 6,5 + 9,0 T = 15,5 cmolc/dm3

V1 = (100 x S) /T = 100 x 6,5 /15,5 = 41,9%

arredondando V1 = 42%

f = 100 / PRNT = 100 / 90 = 1,11

NC (t/ha) = (70 – 42) x 15,5 x 1,11 / 100 = 4,8 t/ha

30/03/2009