Os dias na sua crónica sucessão, continuação de...
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Dia 10
ordem de trabalhos
Eu que gosto das coisas simples, às vezes complico-as tanto que nem acto nem desato ficando as actas das reuniões comigo... piores, muito piores, um castigo!
Ontem, por exemplo, não me consegui reunir comigo. Também queria acabar de ler os contos daquele autor que começava o primeiro conto a ler-se enquanto romancista do seu último livro, baralhou-me. Depois a tua carta, guardada com papel celofane (selo para que não se fane...) dentro do livro, tudo virou mistério para mim. Tive de ler o livro mas, enquanto lia, pus-me a escrever. Tanto antes como depois de encontrar a referência a uma ideia que talvez fosse a tua ideia, mas pareceu-me ainda terias outras ideias e, eu que já sou idiota, ia dando em doido!!
Nestas coisas e nas outras, o que me vale é a calma e a estupidez natural (!!!, uma festa). Preservo nelas até ficar obtuso, pior que uma galdéria bailarina pronta a fazer-se esparramada em esparre-gata... como se fosse feita de esparguete acabado de cozer. Imagem que passará ao lado de quem não souber que uma galdéria é puta, não sei onde... embora conheça, reconheça a palavra como portuguesa. Talvez vinda dos PALOP ou da Conchinchina, isso não sei. É como a Conchinchina, depois de Cochim na Índia?...
Quando me começo a sentir ignorante, saber que Deus não existe nunca me ajudou, peço ajuda à Virgem e é o Carmo e a Trindade em dia do 25 de Abril, uma agitação que só vista (nesta altura já gastei as exclamações todas, tenho de me ficar pelas reticências...).
O personagem dos contos perde uma pequena mensagem da Maria Amélia (agora é a vez de gastar o último parênteses, para dizer que tomo o assunto como pessoal, a partir do momento em que pôs a minha avó a assinar o bilhete, copiado para espalhar e deixar caído ao calhas em cópia manuscrita.
Recuso-me a fechar o parênteses, assim ainda posso usar mais um, qualquer leitor mais atento ficará à espera dele. Deixa-me concluir a ideia, eu disse a minha avó, mas podia ter sido a minha bisavó ou a minha mãe. Mais para trás a minha ignorância impera, já faz parte do tempo da monarquia, talvez tenha havido mais alguma Maria Amélia na via materna das famílias que se juntaram para eu poder ser filho.
Enquanto o bilhete da Maria Amélia era credível, quando eu perder esta carta ninguém pensará que a perdi ao calhas. Bem cá posso meter Amor, Sexo e deixar os leitores entregues ao Acaso da sua descoberta na via pública. Quando a acabarem de ler hão-de pensar em denunciar-me à Polícia como desanónimo emporcalhador da coisa pública, obviamente não o farei.
Alternativa, em vez de fazer uma gravação de voz, vou publicar esta carta como se ficasse perdida dentro da narrativa onde me perco. Deste modo poderei ficar à espera de ver se alguém interpreta a proposta original (responder a uma mensagem caída na rua, como se fossem o destinatário final, substituindo-o), tendo-a alterado.
Qual é agora a proposta:  Vejam como sou generoso, amigo; guardo até ao fim esta pérola, esta jóia; esta flor, saber onde ela desabrocha e se torna fruto? Quem sabe a Miranda me escreve??

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Lá terei eu de ir à procura de mais uma referência, das muitas que são memória e SE/se perdem são uma perca viva. As percas são peixes vorazes, carnívoros. Li no jornal que, na barragem do Caniçal, comeram os outros peixes todos e estão agora a canibalizar-se. São como as minhas ideias, quando não as consigo soltar.
Quanto a esta carta, nem te sei dizer ao certo o que me falta dizer. Às vezes têm mesmo de ser os outros a lerem-nos para podermos saber o que dissemos, o que diz bem o que penso. Não penso, compenso a falta de pensamento com a actividade diligente. A carta acabou, eu continuo-a. Cumpro a “ordem de trabalho” da reunião até ao fim, pouco me importa se tenho quorum.

hieróglifo mágico
O que me dá gozo são estas descobertas, tão certas como termos fome, mais cedo ou mais tarde, se não comermos. Estas descobertas, já lá volto... Admito que possa nunca se ter fome e morrer de anorexia, sem pressa, sem medo, sem interesse por coisa alguma. Deve ser o que pode acontecer se, até por comer, se perde o interesse. Mantenho-me actualizado, andam a morrer raparigas anorexiacas. As bulímicas, por vezes, caiem também neste excesso contrário? Tudo é possível se a alma é pequena...
A descoberta, tudo que é singular, polarizado, é plural, dá para muita coisa, pode ser a pura energia que gera. Gerir esta energia, pode dar muita alegria ou nem por isso, como muita vezes fico a pensar. Neste caso, o caso prendesse com as gravações que ando, comecei à pouco, a fazer. Fiz a primeira e logo tive de decidir “Que nome dar à gravação?”
O nome da gravação é "visitando o mistério", do nome fazendo também parte a data, isto num registo pessoal e íntimo. O qual, por vezes, é o mais importante para a continuação. Tanto ou tão pouco que cá estou eu a fazer mais um retalho, com este talhe, pegar num detalhe e ir por aqui até descobrir que fim existe para cada coisa que se torna "una/uma"
Acabo de revelar o meu segundo poema mais importante, tão importante, esqueçam por favor a hierarquia, o mais fica Mais Ou Menos - e - é este retalho. Com este nome não é um peão, é uma verdadeira rainha no xadrez da Manta De Retalhos! Para tanto, bastaria ter acabado de mencionar esse poema, hieróglifo mágico, da minha criação poética. Importante, a sua escrita, a sua escrita (interessante como as mesmas palavras consigo pensar como distintas) foi, é em maiúsculas: UNA/UMA, uso o itálico ou socorro-me do sublinhado, UNA/UMA, para registar a presença do gesto: a escrita gestual, es/se mais qualquer coisa...
Mais qualquer coisa, decisão decidida como uma incisão: Hieróglifo Mágico, um cavalo neste xadrez acaba de se mover como estão a ver. É esta peça de movimentos inopinados ou pinados!, cheios de raça. Cada peça tem, ou ganha, uma personalidade para cada jogador. Se não sabiam, ficam a saber. Só prova e comprova a importância da magia hoje, amanhã e sempre. Quando acabar e já começou, estaremos mortos.
Nada de dramatizar, ainda vou a meio da história. Os retalhos, à mão, geralmente são menores. Embora aí varie de acordo com o espírito que encarno: a criança desprendida a alargar a letra, o merceeiro a registar em letra miúda as suas existências onde encontra uma história e vida própria que só ele saberá definir e talvez seja apenas e meramente indefinível. Deve haver mais espíritos, embora gaste a minha "espirituosidade" em tê-la: qual espiral nas ideias...
Como na anterior Ordem de Trabalhos não enchi a página inteira, também agora seguirei a mesma bitola (palavra bem cartola...). Estamos pois nos remates finais desta história, o étimo na origem desta palavra "história" é histriónico: perde o Passado, é só Futuro, é... isto.
Vai mais um parágrafo pela Vó Amélia, a minha Grande Mãe do coração a quem envio para o seu umas sardinhas, ostras e outros petiscos que ela gostava: fado e guitarradas para a minha avó! Está sentada à direita de Deus ou anda a brincar com crianças ou está a ter conversas adultas com os ateus que são cá dos meus e devem ter descobertos o Paraíso antes das primeiras almas cheias de juízo.
O último parágrafo fica em honra da vizinha desconhecida que até pode ser um vizinho, alma perfeita ou imperfeita que encarna na perfeição o "outro" que vive ao nosso lado e desconhecemos. Ora isto, este último parágrafo, não é ao acaso. Se a Miranda não aparecer, ontem não apareceu a Ísis? Aos deuses ofereço em oferenda a minha descrença e todas as crenças, Ámen.

Visitando O Mistério – 4:26min – 2.17 MBites
Qualquer Coisa – 3:50min  1.87 Mbites
71/72  4:40min  2,27 Mbites
História Curta  5:27min  2,64 Mbites

Vou inserir isto pela ordem inversa, ficando como última a primeira gravação. Oiçam e verão que vale a pena, a primeira ainda a gravei mais ou menos... a última já estava a tresler e rouco. Digamos que foi uma dramatização completa do acto de ler, curiosidei?... É só ouvir, para quem puder.

(do caderno A5, de 08-01-07:)
(mini-crónicas)
Sim, já sei, sou o primeiro a concordar e a discordar deste complicar onde parece que desatino com as coisas simples: é a impressão. Esta seria a impressão por mim desejada, deste modo falando do desejo e das letras.
Hoje o meu personagem é um escritor, um jornalista que acho nunca terá dito a ninguém andar a escrever um romance. Nunca publicou um poema, mas passa por ser “o escritor da cidade”. Tem uma coluna onde escreve mini-crónicas, as quais nomeou deste modo: O Escritor Da Cidade.
[Está bem... A última:
Maria, a jovem que se inscreveu este ano no 1º Ano dum dos cursos de Letras da nossa Universidade, aceitou dar a matéria para a crónica de hoje. Como aqui não faço entrevistas, sugeriu que dissesse que, depois de andar a brincar aos caloiros todo o 1º Período que é mais de metade dum semestre, está à brocha (dificuldade) com os estudos mas muito feliz por já ter vivido mais um Ano Novo e também contente porque agora não pensa em mais nada que não seja estudar e deixou o namoro entretanto já garantido e acontecido a ganhar gás para novos voos. Assim, mais ou menos, falou e foi feito o registo, exactamente, à frente dela. Porque as coisas ou dão ou não dão, felizmente, mais uma vez, O Escritor Da Cidade, d_eu! 10-01-2007 22:40:36]
[Está bem... Outra:
A Srª Maria, com banca posta no Mercado da nossa cidade, aceitou ajudar este escriba a fazer O Escritor da Cidade hoje. Como lhe expliquei que a minha função era contar breves anedotas caracterizando pessoa, coisas ou situações e que teria muito prazer em dela registar qualquer ideia, pensamento, sentimento ou o que quisesse, disse e pedi que me ditasse: «Hoje o dia está a correr normal aqui na Praça (o Mercado deve ter sido em tempos numa Praça, deixo a sugestão de tentarem saber se tiverem interesse, aqui é como se lê, não se pretende ensinar nada, ás vezes lá calha), já atendi uma data de estrangeiros que vieram todos ao mesmo tempo, a freguesia de cá não anda a comer muita fruta, o comércio não anda muito bom.]
É uma história já com bastantes anos, como ele tem “carisma”, crismaram-no de "escritor". Como não encontra fora de si nada adequado à elevada função da actividade que desempenha e se imagina a personificar, começou a representar e assim se deixa andar.
Encontramo-nos quando vamos beber caipirinhas. Já reparei num fenómeno particular e curioso, a caipirinha passou a ser bebida de festas mas não faz o hábito do quotidiano nestas latitudes.
Este Natal resolvi dar-lhe um presente, uma agenda/caderno mushkin. Resolvi comprar uma para mim, para poder fazer uma citação. Da que ofereci ao "escritor" não poderia fazer, segundo ele: «as palavras adoram o segredo dos deuses».
Brinquei com ele:  Mas como os deuses estão mortos?... Resposta:  É mais ou menos isso! Não deu qualquer saída, não pude fazer a citação da pequena história feita no interior da agenda.
Pois é, acabei por não comprar uma para mim, agora vou-me deitar na cama onde já estou!
«
Maria Amélia,
Antes de ler a tua mensagem (mando de seguida um email experimentando o você), comecei por ler o nome do Tó. Depois foi a perdição: apaixonei-me por ti.
Não há Pai! Não há coisa melhor que uma mulher apaixonada...
»
É neste cruzamento de histórias que deixo os dias e começo as noites.
[Está bem... A primeira de todas:
Olho para as minhas mãos e peço-lhes:  Vocês são capazes de escrever O Escritor da Cidade por mim? A resposta não se faz esperar e os caros leitores ou leitoras podem ver que a resposta está a acontecer e quando lerem é porque aconteceu, o que me terá dado muito prazer e pouco trabalho, pois me comprometi com poucas linhas para não dar muito trabalho às mãos. Estou a fazer este apontamento de pé olhando para as Portas da Cidade nas Portas da Cidade, a uma distância pequena que me faz ter de olhar para cima mas permite ver a igreja matriz olhando através o arco da direita, vendo do lado esquerdo a Câmara Municipal e em frente, precisamente, olhando onde agora ponho os olhos, apenas o pormenor dum telefone público. Espero tenha(s) gostado!
F]

Dia 11

Continuo aqui, bem no meio das letras, fazendo tretas…

Houve vários emails para o jornal, uma deles perguntava: “Que F vem a ser aquele? Para onde nos quer mandar?...” Não cansarei com os elogios :)
O jazz é a minha verdadeira arte, mantê-la-ei para sempre secreta, como uma canção de retrete. Quanto ao F, é a minha assinatura no Fim! F(im self/ I my selF… soul)
F
A alma, es/sa quimera com as/as, a todos pertence es/sa... és/SA (Sociedade Anónima). Explicação é esta escrita ser assinada e produzida com ela alma-lama-mala..., mesmo quando parece papel de embrulho?
A crónica pode ser deitada fora, atirada ao lixo, será sempre um luxo. O que é inexplicável é o que se perpétua: a minha assinatura também deve ser ideia tua!
F
Escrevi a primeira letra duma canção de Jazz, prometo não cantar nos vossos sonhos.
Querida, Não tenhas medo de mim, nem agora, nem nunca. A palavra só serve para arranhar o medo de te dizer: Amor... Amor, a minha alma é a lama onde o sopro divino me deu a mala para amá-la a você, mulher da minha vida! Permanente destino da minha voz rouca.
Que_ri_da, querida, não tenhas me... medo de mim, deslizo na maionese cantando para ti! Sou souuuuul onde jazz a minha alma, com dificuldade de voar arrastando as as/as.
F
Chove riso brilhante/ para mim sem tradução// fico um homem negro/ que vai ser morto/ com a sua cor/ numa bela gravata/ para todo seu sempre// a minha alma fica branca/ como bonita água fria... Gelo (sem beleza, na Beleza)! Estas são as raízes do canto, todo o... espanto (disparado como tiro)!
Rising smile shine/ for me without translation/ and I become a black man/ that came to be kill/ with my colour/ in a nice tie/ forever and her ever/ and my soul becomes white/ like a nice cool water... Ice (no nice, in Beauty)! 

chove riso brilhante

chove riso brilhante
para mim sem tradução

fico um homem negro
que vai ser morto
com a sua cor
numa bela gravata
para todo seu sempre

a minha alma fica branca
transparente gota... Gelo!

Dia 12
O ACTO DO ACTOR

I
O Público pode desde o principio saber que estou a fazer (1) O Acto Do Ter: (2) O Tear Do Teatro: (3) A Oficina Do Ser: (4) O Acto do Actor: (5) Um Acto de Amor: (6) Qualquer Coisa...
Foi quase, excedi-me! Tem uma hipótese a mais.
A minha tese é...
Devia ter apenas um número ímpar de hipóteses, a central, seria: a minha ideia!
Assim..., deste modo, vai ser tudo diferente. Preciso de ti, Mim.
Em vez de estar sozinho em palco, tendo apenas por companhia o Público, tenho-te a ouvir-me ler até ao dia em que saiba de cor estas palavras e já não precise de representar. Sem querer, com toda a naturalidade, passarei a ser a representação.
Continuarei a precisar de ler?
A leitura tem muitas leituras, se não ler é como se houvera praticado este dizer vezes sem conta até o poder contar como quem conta um conto sem já necessitar de acrescentar um ponto?
Precisamos sempre desse ponto, agora deixámos de ter ponto (essa referência entre a nossa memória e o texto). Esse alguém que me pudesse segredar, onde eu fizesse um pausa e esperasse, dos deuses, a sua presença divina vindo em humano auxílio!
Olha, risquei: O Tear do Teatro, está gasto, já tem teias de aranha esta ideia...
Quem vier a este teatro, você que entrou pela porta e me pode ver a representar... Sabendo de cor esta frase, sem precisar da ler. Com espaço de manobra no texto para dizer o que me apetecer. Sim, está cá escrito: diga o que lhe apetecer.
O autor da peça deu-me esta liberdade quis que eu fosse o meu próprio Ponto, pronto, disse. Mas ainda não disse a ideia do autor, segundo ele, neste momento, neste grande momento de liberdade lírica, já sei tanto como o Público.
Ao riscar "O Tear Do Teatro", volto a ter de olhar para o texto e está aí escrito o nome da minha, da nossa peça. Até aqui, você, o Público, sabia o título da peça, não eu.
Eu sou um intérprete do autor, um actor que sobe ao palco para interpretar um instrumento completo e complexo: a palavra, o gesto, o sentimento.
Se eu quiser ser um actor inseguro, poderei continuar a ler o texto até ao fim. A ver nele o motivo dos meus actos, mesmo se esse é o meu único acto: representar. Representar-me?
Represente-se...

II
Antes de começar a representar devo dizer que nestas folhas, ainda não havia um título para a peça. Agora, ao mudar de folha, já estamos no segundo Acto. O que vou fazer com este facto?
Eu, que sou, represento o autor que quer, através de mim, ser actor. Não me posso esquecer de Mim, desejo-a para contracenar e para amar.
Mas, mais, vai ser amanhã...
Deixa-me deixar a cabeça sobre a tuas macias coxas, quentes, lisas, sensuais. Enquanto me deito, a cena é tua, o teatro é teu: o actor és tu e você tem o Público para... você. O actor é sempre o seu Público, eu quererei ser seu Rei. Actue, minha rainha!
Deixe-me adormecer ou adormeça-me ou deixe-me vivê-la em sonhos... Sim, vê-la em sonhos: ficarei de olhos fechados, sonhando!

O papel da mulher é este?
Falar, representar, qualquer coisa,
só porque o homem pediu?
Não deve ser má coisa
que assim seja, ter um homem
alguém que nos deseja!

A mim cabe-me ser Mim,
Mim eu seja e serei tua rainha,
escrava ou deusa, a mulher
inteira e livre como um sonho
que todo o homem deseja poder
ter para si e, porque não dizer,
para as suas criações: crianças,
fantasias, diversões, onde nus
nos fazemos num nó de nós.

Deste-me este papel para Mim
e o que descubro eu? Minha
fala vem escrita em verso,
bonita, suave como nela
o pensamento vivesse poesia
esperando da minha voz...

A poesia que sou capaz
de sentir neste momento...

Dia 13
em vez disto...
Em vez disto, a mesma coisa. É preciso é ter uma ideia boa, dá jeito a boa ideia ser boa, mas nem isso é muito importante: importante é a sorte. A sorte não é uma ideia, há quem diga ser um acaso. Vou dizer, dizê-la: um não caso, sorte é o que é... (a consciência, o ser, o osso de tudo que somos)
Sento-me à espera da sorte, vou fazendo alguma coisa. Às vezes a melhor coisa é não fazer nada, pensar não incomoda a sorte e dá jeito para ter uma boa ideia (dá sempre o tempo que tira).
As ideias, em si mesmas, não são nem boas nem más. Esta verdade aplica-se também a isto, ter sorte é uma bela história: não tem de ser boa nem bonita, uma coisa e outra apenas dão jeito.
Quanto à sorte ser o que é, resta saber apenas o que seja: não falta nada. A sorte é o que não falta quando se tem, é o que não se tem quando falta: a sorte é um acaso, como já tinha dito.
Acerca das definições possíveis, são todas possíveis e impossíveis, nenhuma se pode provar. Por uma razão simples, complexa e completa, impossível também: a razão não tem nada de razoável.
Enquanto vou dando corda aos sapatos, cada vez mais isto é outra coisa e cada vez mais outra coisa é isto. Chega uma altura, à sorte, em que temos a certeza que isto já é mais outra coisa.
Sem motivo nenhum, podemos ir fazendo pausas e isto já é mais isto outra vez e outra, até isto ser o que eu quis que fosse da vez em que estou ou da outra. Desta vez quero que não conte, passo.
Na vez seguinte, se me puser a contar sem ter em conta a vez que passei, já falta alguma coisa. Se contar com a vez que passei, alguma coisa falta: fica a faltar a vez que quis passar.
Apesar da sorte ser improvável, é a coisa mais provável que há: (ou inclusivo) estou a ter sorte ou estou a ter azar e, para toda a gente, é uma aquisição da linguagem: a sorte é sinónimo de azar.
Deixo de ter ideias só porque posso ter azar? Isso é que era bom..., não se corta a raiz ao pensamento sem se morrer, senão de facto, pelo menos de Direito ou pelo direito, fica o avesso.
Será que se morre quando se morre? Isso é isto, é onde nos leva a sorte e onde nos acompanha: é esta vida e a outra. Sendo que a outra não existe e esta existe e não é a outra, pelo que...
Tanto podemos dizer que isto é isto como que isto é aquilo, assim sendo: isto é aquilo..., a mesma coisa. Por uma razão que, a pouco e pouco, se vai tornando óbvia até ser...: isto e aquilo.
Se eu disser que isto é estar a escrever, dizendo que estar a escrever é aquilo que estou a fazer: isto e aquilo são a mesma coisa, se nada disser não são coisas diferentes, é indiferente.
Estou agora de novo a partir do principio, partindo do principio que quando passei não quis passar: rescrever uma história é uma nova história, é e não é: é porque é uma nova história...
Na verdade, sempre que digo "na verdade", consciente ou inconscientemente, estou a recomeçar uma nova história, mesmo que seja na mesma história: o que torna a verdade..., uma sorte.
Nesta altura já posso dizer que o que torna uma ideia boa é ela ser verdadeira, ser nossa tanto e a tal ponto (que)... é o santo e a senha da sorte: sem Verdade a sorte não existe, com ela pode ser tudo.
Sem a substância dos nomes próprios nenhuma coisa pode pessoa, nem nenhuma pessoa pode ter uma coisa verdadeiramente (o que dá esta sorte que nenhuma sorte dá a não ser que...).
A primeira coisa desta verdadeira história que comecei a querer escrever até conseguir crer que a mesma se tornasse possível, foi, é, há-de continuar a ser ter sido boa ideia... se for verdadeira.
Só há um teste para a sorte, fazemos o texto, depois... logo se vê. Nem é preciso acabá-lo, se for verdadeiro é bom e essa satisfação deve ser mais que suficiente para passarmos no teste.
Sem dúvida estamos perante uma situação delicada, um texto pode ser bom mesmo antes de ser escrito. Esse é o género de texto cuja probabilidade se iguala ao zero absoluto.
É importante conhecer a Física, só com a metafísica não vamos lá! O zero absoluto é mais um conceito Físico ou da Física, a acreditar nele, e quem não acredita na ciência?, é diferente de zero.
A grande questão agora é esta «Para que precisamos da Metafísica se temos a Física?», a resposta, com razão ou sem ela, é esta: uma está na outra e a outra está na mesma... nunca se igualam.
A ideia da complementaridade das coisas é uma boa ideia, não valendo nada, vale o mesmo que vale uma evidência: mete-se pelos olhos dentro, até um burro a pode ter e dar coices!! Este é o tipo de ideias que são boa ideia. A burrice e os coices são sempre dispensáveis?, nem pensar.
R

Mim,
És melhor que um Kit-Kat, chocolate recheado com uma espécie de bolacha estaladiça muito agradável. Antes duma proposta, dizer uma coisa doce é, é para ser :) doce. Queres começar um tipo de associação novo aqui no Recanto?... Isto se a minha ignorância não me engana, o "salvo erro".
O que te proponho... Ah! Ocorre-me que é proibido!? Boa, ainda gosto mais da ideia: há proibições que são proibidas. Queres publicar-me e ir fazendo comentários aos comentários recebidos, é que basicamente esse é o motivo (embora seja apenas um, tenho mais *) de me meter nas encolhas e não publicar individualmente os textos. Tendo menos textos não tenho tantos comentários, não me sinto tão mal perante a incapacidade de satisfazer o agradecimento a quem os faz. O 6/9 da escrita/leitura que é essencial em todas as dimensões do ser, disse.
Doce amiga, a ginja no bolo, a jóia (não digo "na coroa", os putos deram em chamar coroas aos "velhos"): um grande beijo, beijão (doce e com paixão, mais um smile :)
F [assina-me assim... mesmo]

Post Scrip: Se disseres Ámen, deixo esta carta no meu diário, onde irei deixando ligações para as tuas páginas. Se alguém quiser comentar o autor em vez do texto, aí/aqui me encontra.
Pois, escusas de dizer, o facto de não teres uma escrivaninha, é desculpa suficiente!

* Se quero escrever um diário, todo o texto é o texto desse diário e outras ideias haverá bastando encontrá-las, a intenção é física precisa de forma(s)

Comentário:
Li(n)do texto, acho que o meu canário o conhece e tem estado a declamar em canto canoro! Sonoro beijo!!

Dia 14
o go(s)to gótico

I
Sinto pena de não sentir amor
pois estranho o que sinto
e sinto pena

não de sentir estranheza
mas de lhe faltar

no que sinto um sentimento

II
Ser amigo, querer bem?
Como é estranho
ser só isso

o que corre nestes versos
a pensar em ti

ouvindo apenas o tempo

III
São estes poemas góticos
que me dão no goto
para exercitar

a poesia como música
entre os dedos

num gesto de escrever...
R

Começo a saber escrever poesia!

sentir sem ti(l)

I
* desespero
Diz-me que sinto o desespero
e saberás que o que dizes
sou eu sem esperança

é como se fosse
desnecessária

e sofro por não saber sofrer*

II
sentir sem ti~l
A acção é um riso partido
caído pelo chão
como vi...

vidro partido
fra_g/men_ta_do

sósia sem rosto nem resto

III
dolor
Da palavra dolorida
colorida de violetas perfumadas
circundando um olho

roxo dum arroxo
violento

e só o perfume fica...
R

somo(s)...

a noite
em breve será
um tempo que acaba

e só amanhã
quando acordar

a vida continuará o poema
Assim

Dia 15
olhar / lugar


penso
e s'eu pudesse
olhar "o" Silêncio?

e faço
das palavras

um lugar de observação

Assim

Dia 16
afectação
A minha presença na Net está de diminuta a nula, tem dias... Hoje, seleccionei e publiquei (Dia12 a dia de hoje...), dei continuidade ao "diário recantual". Esta descontinuidade afecta tudo, morrer é uma afectação definitiva. As pessoas "bem" são umas "afectadas", como ainda não morri e estou com uma "afectação", estou muito "bem" :)
Saudações Recantuais!!

Dia 17
Aqui, on-line…
Ontem:
DESEJO

do prazer
te fazer
es_cre_vendo…
aroma de amor
amora madura
sem cura loucura!

nascem nascentes
procurando o mar
a amar tudo
nu percurso
dum curso
ritmado…

solta a pipa!
vai imaginação
voar o céu
pintar o azul
ser Infinito
das canções
onde nos levam
ao canto feito
em poesia.!.

Ainda voltei para a outra face do rosto num dueto, aqui: 
http://www.recantodasletras.com.br/poesias/342823 
#
Sim:!: o eco e um/a verdade a amadurecer.!.
(como esta frase num só verso/ ou dois...)
#
enjoo
às vezes caio nesta tristeza de ter nascido
quando a aproveito para poesia
em energia cega de ser

feita quimera já sem idade
para assustar

nu o seu mito não levanta voo, só enjoo…
(assino-o, eu, sem nem nome pôr)
"eu"
(a tromba do elefante/infante.!.)

Hoje:
a cisma é maior que eu
seja ela a carregar-me…
carrego-a sem dar conta
até ao atalho onde talho
o lugar da descoberta…
encontro-a eu em mim
a namorar o pensamento
sem nada dizer parece…
aparece e dou-lhe nome
em "cisma do poema"

Dia 22
.!. 
http://www.recantodasletras.com.br/poetrix/355413

Dia 26
diário suicidário 
http://www.recantodasletras.com.br/visualizar.php?idt=360425
(o que escrevo antes de dormir, pertence ao dia anterior…) 

Dia 27
fins do tempo 
http://www.recantodasletras.com.br/visualizar.php?idt=360450

 

Dia 28
curso de hipnose

http://www.recantodasletras.com.br/contos/361367

 

 

Dia 29
planeta da felicidade
http://www.recantodasletras.com.br/biografias/364000

 

Dia 30
Deus Pai?
http://www.recantodasletras.com.br/biografias/364002

 

Dia 31
enquanto sonho

 


http://www.recantodasletras.com.br/biografias/364998

 

Francisco Coimbra
Enviado por Francisco Coimbra em 11/01/2007
Reeditado em 07/03/2007
Código do texto: T343994