O livro é uma série de viagens distantes no tempo. Todas plenas de aventuras, cheias de reflexões. Para quem gosta de pesquisar, navegar no inconsciente e no desconhecido, é um prato cheio. Tudo começa na cidade de Poseidonis - ou Atlântida para alguns - governada por deuses mitológicos menores. Fala sobre suas riquezas, a vida de seu povo, suas conquistas, até o momento de sua destruição por um maremoto ou equivalente. Discute a possibilidade de sua existência ou não. Aborda a teoria pangênica da união dos continentes no princípio de tudo. Depois, faz um gancho de realismo de tudo que já fora descrito com uma rápida incursão ao mar de Xaraés e suas lendas. Mitifica a criação da Serra da Bodoquena, clímax de tudo que até então fora revelado. É o ponto de partida daquilo que poderá acontecer. É a chave para dar ao conto o sentido objetivado pelo autor. Testemunha-se virtualmente o surgimento do Pantanal, onde muito tempo depois surgirá a cidade de Bonito. Em Bonito - o paraíso de águas – na Gruta do Lago Azul, o causo atingirá seu clímax em uma intrigante aventura, bem curta, mas cheia de mistérios, de perguntas a serem respondidas, de pequenos casos inexplicáveis que exigem reflexões. A cada página lida, o leitor mergulhará na mitologia, geologia, ecologia, esoterismo. O final? É surpreendente. O certo é que, de agora em diante, ao terminar de ler o livro, o povo de Bonito pensará bem antes de sair de sua casa, em busca de aventura, nas noites de lua cheia cheia!

O livro nos remete à raiz cultural da capital de Mato Grosso do Sul onde em seus cento e poucos anos, muitas obras surgiram para contar a história da ‘Cidade Morena’ lugar onde se cruzam as tradições históricas e o novo. A cada momento surgem eixos articuladores que dão continuidade física e simbólica à mistura de povos que mesclam seu rico caldo cultural, um de seus traços distintivos. O autor brinca com as palavras. Impossível parar de ler cada causo onde terror e humor servem de contraponto. “A Bruxa e o Padre”, descreve de forma extraordinária os sentimentos de um adolescente tímido e crédulo, cheio de sentimentos de conquistar o mundo, mas que não consegue sair do lugar em que vive. A descoberta da hipocrisia de seu ídolo faz desmoronar seu ideal. “Sexta-Feira 13” – é uma interessante estória de humor com um final inteiramente surpreendente trazendo um desfecho inesperado. “Campo Grande, nunca mais”, é uma estória contemporânea e triste no qual desfila a cidade com todos os seus encantos. Literalmente esta aventura se estende além do seu final - a carta do amigo de Xangai é uma outra estória. Em “A Luz do Fim da Pista”, o autor envereda pelo fantástico e extraordinário mundo dos OVNI’s. “A Noite das Bruxas” é uma aventura de amor cheia de suspense e mistério muito bem finalizada. “A Filha da Bruxa” de enredo amoroso e trágico, tem final surpreendente. “O Lobisomem do Pantanal” acontece em uma região perdida entre os meandros do rio Aquidauana. É um livro gostoso de ler!

O livro é um conjunto de poemas e poesias que vai construindo passo a passo (basicamente) uma vibrante, mas proibida, história de amor. Aos poucos um romance entre um homem maduro e uma jovem mulher vai sendo revelado, desde as primeiras descobertas, as cumplicidades, o envolvimento, até o ‘cheque mate’ final. A gente nasce para ser feliz, mas é o passar dos anos que definirá quem o será. É lei da natureza. Os amantes, em geral, se tornam crianças. Passam dos momentos de plena ingenuidade aos de máximo prazer num piscar de olhos ou trocar de beijos. É fácil para o leitor ir se transmutando em personagem das poesias e até se identificar (ou reviver um romance) nos momentos mais agressivos e comprometedores de cada um dos comprometedores versos. O autor, aos poucos, cria uma atmosfera de dúvidas entre o casal e depois de definido o clímax dos amantes, oferece uma receita para quem, no final da história, se sentir frustrado ou decepcionado, oferecendo: “Como esquecer um grande amor? É fácil, vou lhe ensinar”... Habilmente manipula o ‘se apaixonar’ como um quebra cabeças, onde bastaria escolher as peças certas para se chegar a um final feliz. Maliciosamente encerra o livro com uma receita cabalística (infalível) de como seduzir um novo amor. Com direito a rosas vermelhas e tudo. Enfim, é uma coleção de poemas explicando como sobreviver a uma relação apaixonada. É sim uma história de amor com princípio, meio e fim, agradável de ser imaginada bem lentamente...

Coletânea de contos sul-mato-grossenses. O leitor vai ficar preso aos ‘causos’ que aconteceram pelos bairros da então “capital econômica de Mato Grosso”, em Campo Grande, cidade que anos mais tarde (em 1977) viria a se tornar a capital do novo estado de Mato Grosso do Sul. Os contos ao avançarem no tempo vão construindo um mundo surreal em que o místico e o sobrenatural tomam posse do imaginário popular chegando até aos vagões do saudoso “TREM DO PANTANAL” nos idos de 60. A construção de cada conto constitui um imenso arquivo narrativo de mitos e lendas que se misturam com a história da própria Cidade Morena sendo construída ao longo dos trilhos da extinta Estrada de Ferro Noroeste do Brasil. O autor consegue de uma maneira simples e sem perder a originalidade, contar um pouco dos costumes e tradições regionais. São histórias emocionantes como a de Maria Bolacha, trágicas como a do ônibus noturno do Tarumã, outras curiosas, divertidas, intrigantes como a do homem que enganou a morte, mas sempre interessantes. A agilidade com as palavras e com o desfilar sequencial de lobisomens, vampiros e mitos urbanos - amarrando harmonicamente o conjunto - tornam impossível parar de ler. Cotidianos, lugares, personagens... expressões máximas de uma época em que o povo ainda não era escravo da televisão e as crianças iam para a cama temerosas do sobrenatural, mas crentes que, se orassem antes de pegarem no sono, ficariam livres de todos os males. Enfim, é sim uma boa leitura!!!