PENSANDO NA VIDA

Meus pensamentos viajam...

Quanda agonia...quanta tristeza...até onde suportarei?

Faço-me quase sempre as mesmas pergunta e nunca obtenho respostas.

Vivi uma vida de luta...os últimos 13 anos lutando contra uma neoplasia mamária e o vício de meu filho.

Não encontro solução para nenhuma das duas lutas.

A minha,talvez tenha fim no próximo dia 02/07,quando me submeterei a uma mastectomia bilateral.

Mas e o resto ? Como ficará ?

Eu não sei.

Não sei se terei a coragem necessária para a intervenção cirurgica,uma vez que ela já foi adiada anteriormente.

Na primeira vez,fui cheia de corgem me internar.

Após um dia de internação,praticamente no momento de entrar no centro cirurgíco,fiquei sabendo da suspensão por falta de material para a recontituição das mamas.

Mas agora,após 2 meses passados,vejo que minha coragem já não é mais a mesma.

Sinto medo.Confio nos profissionais,pois são meus colegas de trabalho,mas temo pelo pós operatório.

Sei que é uma intervenção de recuperação lenta e difícil.

Mas o medo maior,é por saber que não terei uma mão estendida,para segurar a minha nos momentos mais dolorosos.

A falta de um amor,de um cúmplice para essa hora crucial,está me levando a esse temor.

Na primeira vez,eu já estava totalmente preparada.

Já tinha passado pelo pré-operatório,inclusive tomado o sedativo.

Lembro-me somente de ter trocado de roupa,e entrado no carro.

Não sei como abri a cancela,não sei como dirigi 40 kms na Br.

Sei apenas que acordei as 16:00,na minha cama,em minha casa.

Tenho que ser coerente e assumir que de fato perdi totalmente a coragem.

Sou de uma família onde a neoplasia é genética.

Sou a quarta irmã a ter o problema,além de tias (com óbitos),primas (com óbitos),e, todos de mama.

Encaro o problema com naturalidade,mas estou emocionalmente cansada.Não só pelo problema,mas por tudo que está ao meu redor.

Por tudo que me acontece.

Muitas vezes,sinto-me tentada a fazer uma besteira,colocar um ponto final nessa história,mas ao mesmo tempo lembro-me de minha doce filha,e de que Deus me deu uma cruz,e tenho que seguir com ela até o fim.

A cada dia que passa e que se aproxima da data da cirurgia,meu medo aumenta.

Sou cobrada constantemente por minhas irmãs;elas acham que fui eu,que temerosa desisti da cirurgia.Elas passaram pelo problema bem antes de mim,sabem que é delicado demais,sofrimento demais.

Mas não foi desistência e sim transferência de data por falta de material.Uma questão de licitação.

Elas nem imaginam,que meu medo maior é o de uma possível depressão.Causada pelas atitudes de meu filho.

Meu filho...que eu criei com tanto amor..e que numa esquina da vida,um traficante o transformou num dependente,fazendo com que todos os valores que eu havia lhe ensinado,virassem nada.

Minha filha amada...delicada...sensível demais,não suporta mais a vida que temos que levar por causa dele.

Não temos o direito de ter nada...tudo some misteriosamente...jamais foi ele.Ele acusa todos,mas nós sabemos quem é o culpado.

Criamos uma cobra e agora somos reféns dela.

Queria parar de pensar e ao menos dormir,mas nem isso consigo mais.

Preciso estar vigilante.Hoje desapareceu meu último anel.

Ainda tenho os dedos,mas não posso afirmar até quando.

Pareço pessimista e talvez até seja,mas chegamos num ponto da vida,em que não aguentamos mais.Não encontramos soluções.

Soluções existem e eu sei,mas quando vivemos sob ameaça constante,as soluções possíveis,tornam-se imposssíveis.

Internar não resolve,ele foge.Mudar de casa,como pretendemos fazer,ele ameaça ir atrás de nós e colocar fogo na casa,no carro...em nós.E sabemos que ele de fato fará.Vivemos à mercê dele.

ATÉ QUANDO ? EU NÃO SEI!!!!!!!!