COISAS DA VIDA

São tantas as coisas a serem ditas...

Seriam tantos os desabafos...os desamores...as aprensões.

Tanto por dizer,mas tudo sufocado,como um nó que fecha uma garganta ao tentar falar.

Tanta solidão...sob o manto de um amor não correspondido.

Tanto amor para dar sendo reprimido perante o medo da rejeição.

Até quando ?

Terei que me manter nesse invólucro involuntário em que me escondo.

Gostaria de ser diferente daquilo que eu sou.

Sinto necessidade de mudar minha personalidade,acredito que se conseguisse,seria bem mais feliz.

Não tenho medo de encarar o mundo...mas tenho medo de encarar à mim e aos meus sentimentos.

Fujo de mim.Apresento aos outros uma pessoa que não sou.Não me permito ser conhecida.

No âmago de meu ser...mora uma mulher totalmente diferente de mim.

Dentro desse corpo habita uma mulher que eu recuso que seja vista.

Quem me conhece,conhece uma pessoa sempre rindo,que aparenta ter sequer um problema na vida...mas a verdadeira pessoa que sou...que habita em mim..ninguém conhece.

Acredito que esconder-se,foi a maneira que aquela menina encontrou para enfrentar a vida que lhe estava reservada.

Se ela mostrasse ao mundo sua solidão,sua tristeza,talvez não tivesse sobrevivido.

Se tivesse fraquejado em algum momento,certamente teriam passado sobre ela e ela não teria tido forças para suportar o que lhe era imposto.

Olho para trás e vejo a menina só...caminhando em direção à igreja no dia da Primeira Eucaristia...caminhando só...em direção ao palanque quando foi classificada...caminhando só quando acabou o primeiro grau...o segundo....quando passou no vestibular...sempre caminhando só.

Acredito que o que me levou à essa clausura psiquica tenha sido o fato de batalhar para ser querida pelos meus familiares,sem no entanto nunca ter conseguido.

Não tenho mágoas...não consigo.Tenho apenas a tristeza e a agônia de caminhar só.

Filhos...nós os criamos para o mundo e cada um constitui a sua família.

Os meus permanecem comigo...mas com suas vidas,eu apenas sou a provedora deles.

ATÉ QUANDO ?