MEU DIÁRIO (Parte 15) 1980

AQUI AS PESSOAS PODERÃO CONHECER A HISTÓRIA DE ALGUÉM QUE NÃO SE IMPORTA DE EXPOR SUA VIDA. AQUI TEM HISTÓRIA DE UMA GAROTA NORMAL. MUITAS PESSOAS NASCERAM, MORRERAM, CHORARAM, RIRAM. AQUI VOCE SENTIRÁ A EVOLUÇÃO DO PAÍS, DE SERES HUMANOS. MUITO SOFRIMENTO ENVOLVENDO DROGAS, ASSASSINATOS, AIDS, PRECONCEITOS, OPRESSÃO POLICIAL E TUDO QUE VIVI NESSES ULTIMOS 30 ANOS. VÃO RIR MUITO DOS ERROS DE PORTUGUES QUE PRESERVEI. Não deixe de ler os quatorze primeiros capítulos.

PARTE 15

Eu não acreditava no que ouvia, a neném dormiu, fui ao banheiro lavar o rosto. Demorei um pouco e quando sai, ele estava dormindo já.

Passei a noite acordada e de manhã peguei no sono ali mesmo na sala. De repente acordei assustada e ele já havia saído. Ele saiu no domingo e nem satisfação deu. Meus irmãos acordaram e falaram que iam passar o dia na casa da tia Mercedes. Eu nem respondi, estava me sentindo fraca. Na verdade acho que eles queriam mesmo era não passar o domingo com o Bem.

Eles saíram e a Suzel acordou. Dei mamar para ela e levei ela na praça. Fiquei ali olhando os casais felizes com seus filhos. Me deu uma vontade de ser assim, normal. Vi o Mingo entrando no prédio e chamei ele. Ele chegou feliz e disse que ainda bem que eu vi ele senão não iria me encontrar e ia embora.

Ele disse o que eu tinha, que ele me conhecia muito bem e eu estava triste. Contei tudo para ele. Nós dois sempre falava tudo um pra o outro.

Ele disse pra eu me separar, que não tinha que viver assim e que quando começava assim nunca ia dar certo.

Pensei que talvez ele tivesse razão. Ele também disse que não andava bem e tinha feito um monte de exame que o médico falou e que no dia seguinte iria buscar o resultado. Brincou dizendo que poderia estar grávida. Só o Mingo mesmo pra fazer eu ri. Depois falei que ia para casa e ele disse que não iria porque o Bem poderia estar lá e não ia gostar de ver os parentes favelados lá. Ele se despediu e foi embora.

Cheguei dei banho na neném e almoço. Depois fui escrever um pouco. Esqueci de te falar diário. Estou escrevendo um livro e o nome é “ o Cântico do Silencio” Eu acho que nasci pra isso, escrever. Sempre me pego escrevendo alguma coisa.

A noite meus irmãos chegaram e foram dormir, estavam tristes, também quem é feliz em um lar assim? A Suzel também dormiu e nada do Bem. Eram umas 11 horas da noite quando ele chegou. Ele trouxe um cachorro enorme. Um pastor alemão e disse que era pra cuidar do cachorro direito ou então ia sobrar pra todo mundo. O cachorro já mijou no sofá, saiu derrubando tudo e o Bem achando graça. Ele deitava na cama e chamava o cachorro que se chamava David. O cachorro latia e a neném acordou. Eu falei que ela assustou e ele disse que os incomodados que se mudasse. O bercinho da neném era de rodas e eu puxei ele para a sala. Peguei ela no colo e ela voltou a dormir. Fui para o quarto e ele olhou pra mim e disse. Pelo jeito o David gostou da cama e nesse caso eu devia era dormir em outro lugar.

Peguei um lençol e fui pra sala. Fui pra cozinha pra sala. Perdida, não sabia como agir. Peguei então uns comprimidos de calmante que a tia Mercedes havia esquecido e tomei 3. eu queria apagar. Apaguei mesmo, pois acordei com o Bem indo tomar banho. Senti um forte cheiro. Era o cachorro que tinha feito cocô no apartamento inteiro. Quando o Bem saiu do banho eu falei que aquilo não ia dar certo. Que o apartamento era pequeno e como que a neném ia andar ali? Que por mais que limpasse jamais ficaria limpo pra neném andar a vontade. Ele fingiu que não ouviu. Começou a brincar com o cachorro. Fui preparar um café pra ele e depois que tomou ia saindo sem nada falar. Eu fiquei louca e falei. Quem vai limpar esse carpete? E ele disse. E quem é que tem que trabalhar pra sustentar voces tudo bando de vagabundos? Se o David tiver atrapalhando, fácil era só os folgados desocuparem o espaço do cachorro. Ele disse isso e saiu batendo a porta. Meus irmão que também estavam se arrumando pra ir trabalhar, saíram do quartinho todos tristes. A Delma disse ia ter que sair da escola nova se nós fosse embora.

A Selma disse que voltaria pra Maura e o Cláudio disse que ia voltar pra tia Mercedes com a Delma e que eu devia fazer a mesma coisa.

Eu estava assistindo meu mundo desmoronar e nisso o cachorro lambeu minha mão e ficou olhando pra porta. Tadinho, até aquele momento eu nem tinha olhado pra ele direito, tava era com ódio dele. Mas o que ele tinha com tudo isso? Entendi que ele tava querendo ir pra rua. Meus irmãos foram trabalhar, a Delma foi pra escola. Eu arrumei a Suzel que estava feliz com o David e coloquei a coleira nele e levei os dois para a pracinha. O David parecia uma criança ele corria. Dava cabeçada na Suzel que caia e morria de rir e todas as crianças da pracinha gostaram de brincar com o David.

Quando voltei dei comida pra ele e para Suzel que depois do banho dormiu rapidamente. Arrumei um cobertor na lavanderia e o David também caiu e dormiu. Fui então limpar aquela imundice que o senhor David tinha feito. Mais tarde ouvi um miado forte. Era o gato do vizinho que adorava fazer uma vizita e deu de cara com a bocona do David. O David queria brincar mais o gato não queria graça com aquele monstro. Eu ri muito da cara de tonto do David, chorando e querendo brincar com o gatinho que estava todo arrepiado na janela da lavanderia de sua dona.

A Suzel acordou e ficou brincando na sala. O Bem não veio almoçar. O David parece que estava ensinando. Ia fazer xixi no banheiro da lavanderia. Achei isso ótimo.

A Delma havia chegado da escola e disse que ia ficar no apartamento da amiguinha dela fazendo um trabalho da escola.

A noite ela voltou e ficou brincando com a neném e com David. Eu fui fazer janta e o Bem chegou. Ele parece que tava mais calmo. Ele comprimentou a gente e disse o que o David comeu. Eu disse que dei um pouco de comida da gente mesmo. Eu falei que levei ele pra passear e que ele adorava sair. Ele riu e falou que comprou ração e perguntou se a neném tinha medo do cachorro. Eu disse que eles ficaram amigos.

Ele jantou e foi assistir tv no quarto com o David. Ele dormiu e o David também ...na cama.

Todos em casa dormiram e eu senti até um pouco de ciúme do David. Pensei, nossa eu devo estar péssima, meu marido me troca por um cachorro. Não conseguia dormir e então tomei 5 comprimidos daqueles da tia e capotei.

No dia seguinte acordei glogue. Mas me senti bem porque não estava deprimida, muito pelo contrário, estava eufórica. Tanto que nem liguei que o Bem não se despediu quando foi embora. O David fez do mesmo jeito, lambeu minha mão e olhou pra porta. A Suzel também parece que entendeu pois já pegou o baldinho dela de areia. E lá fomos nós e meu dia foi como o outro. A diferença é que eu estava calma. Uma bicha amiga minha aparecfeu e ficamos ali conversando. Falei pra ele que tinha tomado uns calmantes e estava tudo paz e amor. Ele riu e disse que era pra eu tomar outro que era bem melhor. Peguei o nome e antes de subir para o apartamento, comprei os comprimidos é obtalidon ou algo parecido. Nossa, cheguei em casa e tomei logo 4. meu amigo disse que era pra tomar 2. mas o que sabe ele da minha vida? Se ele que era feliz tomava 2, eu precisaria pra relaxar de pelo menos o dobro. E assim foi. Fiquei de boa e até liguei o som com barão vermelho. Não era que o Cazuza fez sucesso? Muito louco o som dos cara. Neném e David dormindo. Delma na vizinha e eu fui fazer faxina. Nem vi o tempo passar. A noite o Bem chegou e falou porque o David estava na lavanderia. Eu disse que ele tava porque queria porque não tava preso.

Ele disse que a partir daquele momento o David ia ficar so no quarto e ate levou os potes de comida dele pro quarto. Ele trouxe também uma pizza e começou a comer na cama com o David que adorou tudo. Eu dei janta pra Suzel e meus irmãos que foram dormir. Eu não estavam com fome nenhuma e agora lembrei que nem almocei. Legal, nunca fui chegada em comida mesmo. Como estava com um pouco de vontade de chorar, tomei mais 4 comprimidinhos daqueles e logo em seguida passou a depressão. Porem o sono não vinha. Os da tia pelo menos me fazia dormir e aquele não.

Na manha seguinte eu nem sei se dormi ou não. E senti um cheiro horrível. O Bem estava fazendo a barba e meus irmãos se arrumando pra sair. A Suzel ainda dormia e vi que era do quarto que vinha aquele cheiro ruim. Levantei completamente tonta mais tava calma. Fui preparar café o Bem tomou e falou pra eu dar um jeito naquela zona que o David tinha feito. Eu disse que não tinha jeito, que era carpete só se eu lavasse. E que era pra ele repensar se o David tinha mesmo que ficar trancado no quarto por um luxo dele. Eu disse que o David sabia usar o banheiro da lavanderia e se ele não tivessa fechado a porta que certamente ele teria feito lá. Diário, o David deve ter passado mau por causa da pizza e vomitou e teve dor de barriga. Ninguém conseguia respirar lá dentro. Ele disse que quando chegasse queria ver o chão brilhando e nenhum irmão meu mais lá.

Ele disse , tomou café e foi embora. O Cláudio começou a arrumar as coisas dele e a Delma chorando também. A Selma também. E eles falaram que já tinham falado pra tia que de uma hora pra outra eles podia voltar e ela disse que podia. A Selma disse que ia voltar pra Maura e que eu devia ir com os meninos pra casa da tia. Ai eu falei que.

CONTINUA NA PARTE 16 QUE SERÁ PUBLICADA NO PROXIMO DIA 2 DE NOVEMBRO COM PARTES BEM MAIORES.

ELISABETHDOVITAL
Enviado por ELISABETHDOVITAL em 29/10/2009
Código do texto: T1894256
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