O que me falta...

Falta-me a serenidade de outros tempos

Tempos que se foram e me escorreram entre dedos,

Tempos velozes que me ficaram em barcos de mágoas e saudades.

Contenho o sorriso que me sobrou de dias vividos em gargalhadas,

Em fontes de magia e rasgos de nostalgia, feridas e marcos que me afectam a vida para sempre.

São Estas cicatrizes, que contam a minha história, as crostas que ainda me preenchem, as marcas em formas de linhas brancas que testemunham o lamento e as dores em tortura de madrugadas aflitas, escuras e sós. E isto é o que ainda me resta, o que vos deixo…Cada trilho para uns já esquecido, para outros sentinela de abrigo."

Sem tristeza na voz, canto o encanto por mares a dentro, entre maresias silenciosas ou marés tão altas que nos cobrem a visão do céu…E aqui que me torno azul, que me formulo novamente, que sou concha entre aberta, ou um molusco aspirando com urgência liberdade.

É aqui que me transformo, sem metáforas ou alegorias, sem sinais de pontuação, ou qualquer género, sem elas ou eles, cheiros e essências…Simplesmente transformo-me em ar que segue seu caminho, em sintonia que percorre entre mãos e mãos que se tocam sempre e começam a sentir, em coração que palpita com força, que arrebenta mordaças e finalmente nos deixa gritar.

É hoje, que me transformo, que levanto asas e me deixo ir, com um retrato na alma, e um canto na garganta, pássaro azul, aquele pássaro azul com que sonho desde sempre, aquela ave de rapina que todos os dias junto à tua cama te digo inúmeros nomes mas sempre com a mesma nuvem que um dia juntos nos deixará voar.

Sou a cor que me deres, escolho-a entre esperança e vida, sol que ilumina os arraiais mais pobres, que aquece os sem abrigo, e ilumina os dias após dias.

É esta serenidade que veio cobrir a outra, em tons de ioga, chacras, espantos e óleos naturais… É esta calma que me alimenta, me mata a sede e me adormece em paz…E amanhã eu sou azul, ave de rapina das tuas histórias, alegria, magia, pássaro aspirando liberdade. E tu sabe-lo….Porque acreditas, acreditas sempre…

E aí voo sempre, voo alto, e deixo-me ir…Feliz!

Joana Sousa Freitas
Enviado por Joana Sousa Freitas em 27/07/2006
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