2030 - ESTOURA A TERCEIRA GUERRA MUNDIAL - PARTE II

David estava ali, olhando para o que fora um quiosque a poucos dias atrás. Contemplava a cidade abandonada e parte da floresta em chamas.Uma guerra pela água, e tantas árvores ardiam naquele momento. Infelizmente ele era capaz de entender as causas daquela guerra que estava destruindo o mundo, mas não compreendia o porque lutar.

Olhando para o céu, teve sua atenção desviada para vultos que rapidamente avançavam sobre a costa. Mais um ataque chinês tinha acabado de começar. Sob a chuva de bombas, viu desesperado, seus homens correrem para uma casa a poucos metros dali.

- Não!!!! Saiam daí, saiam daí! – seus gritos foram abafados por uma série de explosões que atingiram em cheio o edifício e o fez vir abaixo instantaneamente. – Merda!!! Saiam!!!!!!!

David saiu correndo de onde estava e se escondeu embaixo do canal. A única fonte de água desde que as reservas haviam acabado, agora exalava um horrível cheiro de corpos queimados, de pessoas que haviam se atirado no rio, esperando se salvarem das chamas do último ataque.

- Estou sozinho. O que vai acontecer agora?? O que falta mais acontecer? Meus homens estão mortos!

Foi então que o som acabou. Momentaneamente tudo ficou quieto. Seguido desse silêncio, um clarão cegou seus olhos e então David apagou.

- Três horas??? Como assim você está me dizendo que ainda vai levar três horas pra mandar os blindados pra Santos? Você enlouqueceu? Preciso de artilharia blindada lá o quanto antes!! Não quero saber de desculpas. Mande esses tanques pra lá agora!!

João desligou o telefone e acendeu um cigarro. Nunca imaginou que aos 70 anos utilizaria sua patente de marechal em uma operação de guerra. E agora se via gritando com engenheiros de logística por meros 10 tanques Tigger 7 e 15 homens. Não tinham culpa, pensava ele, mas havia lá embaixo o primeiro grupo Delta e ele não esperava que a perca desses soldados fosse atribuída atrasos que poderiam custar a vida deles.

-Senhor? – soou uma voz no interfone – o primeiro ministro deseja falar com o senhor.

-Diga que entre.

Apagou seu cigarro e ajeitou o uniforme. “Tudo o que eu precisava agora era de uma visita política, muito bom”.

-Bom dia Sr. Marechal João – a porta se abriu e o primeiro ministro Candido Silva entrou na pequena sala – decoração dos anos 90 ainda? O senhor está muito atrasado Sr. Marechal!

-Creio que lembrando apenas os anos bons Sr. Primeiro Ministro. Queira sentar-se, por favor. A que devo a honra de sua visita?

-Vim colocá-lo a par desta guerra Sr. Marechal.

-Creio que não é necessário, tenho homens que podem me...

-Está sabendo do ataque a força Delta em Santos?

-Que ataque? Não recebi nenhuma informação de que...

-Seu grupo Delta de Santos já era! – interrompeu o primeiro ministro mais uma vez.

-Negativo, creio que seria informado de um possível ataque lá!

-Mas não foi, isso significa que finalmente tomaram a praia!

-Impossível! Carlos – apertou o interfone – ponha-me em comunicação com o Sargento David agora!

-Sim senhor. Um momento

-Como o senhor primeiro ministro pode me trazer esta informação, sendo que tenho ao meu alcance, tecnologia suficiente para fazer crer que eles não foram atacados sem eu saber?

-Bem, o meu departamento de segurança encontrou uma falha de nível 5 no satélite do radar, possivelmente um vírus poderossímo nos deixou sem comunicação.

-E posso saber como não fui informado a respeito Senhor Primeiro Ministro? Estou no comando da defesa do país, e mais do que qualquer um aqui dentro deveria saber dos fatos, antes de eles acontecerem se possível!

-Em primeiro lugar Sr. Marechal, não sou qualquer um. Sou o primeiro ministro desse país, e fique sabendo que se o senhor foi designado para a defesa,foi porque o nosso governo assim o quis, em segundo lugar, o senhor é o primeiro de todo o exército a saber. Este vírus travou o nosso sistema de segurança em apenas um canal, sendo depois apagado. Tememos que uma série destes ataques possam acontecer, e mesmo que elimine-mos as ameaças, somente conseguimos identifica-las após a quebra do nosso sistema. É um ataque rápido que congela a imagem do satélite por uma ou duas horas no máximo, o tempo que conseguimos expelir o vírus. Como eu disse, esse ataque só é possível em canais isolados, não pode ser em massa – puxou um cigarro – A exatos 60 minutos, nosso sistema detectou a falha e vim pra cá o mais rápido que pude para, informado pelo grupamento de segurança de redes militares do governo, que possívelmente os regimentos em Santos não existam mais...

- Senhor Marechal? Desculpe interrompe-lo, mas não consigo comunicação com a base de Santos.

- Tentou todos os meios?

- Sim senhor. Não temos resposta. Estão incomunicáveis.

-Obrigado João.

-Senhor primeiro ministro, posso saber porque um simples telefonema não bastou para me avisar sobre a falha no sistema de segurança?

-Preferi não confiar no pessoal (continua semana que vem)