QUERER - Normanda ( Lia de Sá Leitão)

QUERER - Normanda ( Lia de Sá Leitão)

Quero um texto que fale em amor, que não permaneça com o determinismo dos valores pré estabelecidos. Ah! será um texto que falará em flores, em sabor de água doce e chafariz, mergulhando em uma noite quente inundando a rua de calçamentos crus, a lua enxuguando as lágrimas, e na suave trajetória abençoando e a vida, abraçando os poetas, protegendo os amantes e se faça fogo na paixão.

Quero um texto em primeira pessoa que possa expressar um sentimento há muito desejado e pelo mesmo tempo esquecido. A linearidade da vida não caberá na sinuosa sombra que envolve o ser e o ter. Um anjo azul derramará sobre a alma pontinhos de cristal protegendo o olhar, o sorriso o toque, a flor nativa dos sonhos e dos desejos de mulher.

Não adianta cobrar um texto enorme, vertido na mais correta linguagem literária dos programadores das letras, Ah! quero sim, não dizer coisa com coisa porque o instante existe, e das minhas mãos sobram o carinho negado às pétalas da mais simples florzinha campestre.

Quero falar na relva, na incansável bordadeira das ondas que espalham rendas nas areias da praia, quero o frio da noite aquecido pelo abraço amado do amante.

A borboleta no vôo irregular traçando um bailado que desperta a volúpia do corpo que busca, que pousa, que saboreia o néctar e recomeça o ciclo da vida.

Que esse texto seja curto quanto um amém mas que seja firme como a rocha que sustenta o castelo no topo do mundo.

Quero a ilusão dos olhos e um horizonte azul.

Nomanda